13 de abr. de 2016

O movimento GGGG

O movimento LGBT é o núcleo da diversidade humana. Aqui está toda a diversidade de sexualidade, gênero, sexo e afetividade. Aqui estão todas as pessoas que saem dos padrões e por causa disso lutam para viver, para amar, para existir.

E à parte dessa luta nossa, após muitos conflitos e discussões nas redes sociais, surgiu o que no ativismo chamamos de "movimento GGGG"; aqueles gays que discriminam todas as demais minorias sociais e só pensam em seus próprios interesses.

O pior é que estão surgindo grupos por aí reunido essa gente, grupos que se manifestam contra tudo que o ativismo LGBT defende. Todos gays cis egocêntricos e ignorantes que não querem se desconstruir. Eles até afirmam que atualmente o próprio movimento LGBT os discrimina (*risos*).

Os homens gays cis e brancos são os GGGGs. Há alguns homens cis negros padrões que agem como GGGGs, apesar da discriminação que sofrem (a rejeição ou a objetificação). Contudo, os brancos ainda tem seu destaque maior, ainda mais pelo racismo estrutural.

O movimento LGBT já foi conhecido como "movimento gay" porque a diversidade, na ignorância da população geral, sempre foi resumida a 'gays'. Essa imagem ficou tão marcada que é mais fácil pensarmos em gays do que nas demais classes. Como se não bastasse isso, nossa imagem dos gays também é um tanto problemática. O mais comum é nos lembrarmos dos gays masculinos, de corpos malhados, aqueles dentro dos padrões de beleza, esbanjando popularidade e sensualidade. E por que isso? Simples: eles que têm destaque na mídia e nas redes sociais!

Compreendam que o problema não é a existência dos gays brancos padrões. Eles fazem parte do movimento e representam assim como todas as pessoas de todas as classes dentro da diversidade. Não há nada de errado em ser padrão. O problema é a idealização imensa da imagem deles, essa mesma idealização que os torna símbolo de todo o movimento LGBT e modelos de um 'gay perfeito'.

O gay afeminado também representa.
O gay gordo também representa.
O gay negro também representa.
O gay trans também representa.
O gay portador de HIV também representa.
O gay com deficiência também representa.

Todos esses homens gays estão aí, no mundo, em nossa sociedade. Não só lutando contra a homofobia, mas também contra o machismo* e a heterocisnormatividade, a gordofobia, o racismo, a transfobia, o estigma e o capacitismo.

*nota: há feministas que defendem que a classe homem não sofre machismo. Mas o preconceito contra a feminilidade do gay afeminado tem uma raiz machista, até porque o machismo exalta e exige masculinidade do homem.

E não apenas os homens gays, como também todas as demais classes também representam o movimento, nossa grande diversidade de pessoas. 
Nossa diversidade também abrange lésbicas, bissexuais, assexuais, polissexuais, pansexuais, travestis, transexuais, gêneros não binários, queers, intersexuais e pessoas poliamorosas.

Olhem o tamanho da nossa diversidade!

Se ainda lhe resta dúvida sobre o que estou escrevendo aqui, comece a observar seu redor. Preste mais atenção na mídia e nas redes sociais. Busque conteúdo LGBT. O que você mais encontrará? Gs ou LBTs? Repare na atenção dada a todas as classes, e me diga qual recebe maior atenção.

E para quem acompanha o ativismo LGBT não é incomum achar prints ou observar brigas em que vemos homens gays cis brancos dando um show de, principalmente, misoginia, racismo, gordofobia, transfobia. Além de enaltecerem o padrão estético e o estilo de vida normativo em que se encaixam, como se fossem deuses da beleza e da boa conduta. Pff ¬¬

É difícil lutar contra o preconceito da própria sociedade (as pessoas hétero e cis) quando dentro do próprio movimento há também preconceitos. A luta contra a lesbo/bi/transfobia também se faz entre as classes da diversidade, além da luta contra o machismo e o racismo.

Todos os movimentos sociais estão entrelaçados de alguma forma, não importa se você é uma mulher hétero-cis ou uma pessoa negra hétero-cis. Dentro do movimento feminista e negro há também LGBTs, estamos em todo lugar. A luta está em todo lugar, seja você LGBT ou não.

Mais voz, visibilidade e reconhecimento para os outros Gs, de todas as expressões, corpos, etnias e condições!
Mais voz, visibilidade e reconhecimento para quem é L, para quem é B, para quem é T, para todxs que precisam!