21 de mar. de 2015

Pensamento do dia

Você gosta do que vê quando está na frente do espelho?

O que você vê?

Quem você vê?

Você acha que aquela imagem mostra quem você é de verdade?

Você é capaz de ver seu eu interior?

Se você gosta do que vê, pergunte-se: Por que eu gosto do que vejo?

Se você não gosta, pergunte-se: Por que eu não gosto do que vejo?

Quando você enxerga algo no espelho, você está realmente vendo sua verdadeira face?

O que você vê é a realidade ou apenas uma ilusão?

Afinal de contas, você sabe quem você realmente é?



18 de mar. de 2015

Ser um trans num aplicativo

Recentemente decidi fazer um experimento particular sobre transfobia.

Instalei (novamente) o Grindr e criei um perfil totalmente falso;

Nome: Daniel
Idade: 19
Altura: 1,68m
Peso: 72kg
Etnia: Caucasiano
Tipo físico: Mediano
Estado civil: Solteiro
Outras informações: Estudante de Publicidade e Propaganda na Oswaldo Cruz, mora na Santa Cecília com mãe e irmão, transexual

Pois bem. Por apenas 3 dias fiquei interpretando o personagem. Peguei sem permissão fotos de um cara qualquer no Facebook (um loiro de olhos verdes).

Não posso dizer que eu esperava um resultado diferente. 

Muitos caras vieram falar comigo. Quando eu era eu mesmo, não lembro de ter tido tanta atenção como tive interpretando o Daniel. Aparência é tudo naquela merda de aplicativo. Enfim, muitos vieram falar comigo, mas foram poucos com quem o assunto fluiu. 

Falei com 7 caras; 3 mostraram aceitação e 4 mostraram transfobia explícita ou ignorância.

Ironicamente o primeiro cara com quem o assunto fluiu foi o mais receptivo possível. Falou até em imposição social. Pena que ele não quis mais conversa quando contei a verdade.

O segundo me deixou até com dó. Ele infelizmente está no lugar errado. O coitado me lembrou de quando eu usei esse app; eu era cheio de sonhos e boas expectativas, pensando que iria conhecer caras legais e encontrar um amor... Bullshit!

E o último foi receptivo também. Deixou de me responder assim que me confessei. Não o culpo por isso.

Agora vamos aos carinhas babacas:

- 2 me ignoraram assim que souberam que o Daniel era trans.
- 1 mostrou-se aberto a essa experiência, mas proferiu muita idiotice.
- 1 foi descaradamente transfóbico.

Vou chamar o cara idiota de A e o muito transfóbico de B. Segue prints das conversas:

A)
(Ah, que sono...)

(Tecnicamente você é um idiota. O que ser bi tem a ver com isso???)

(Que sono de novo. Impossível saber que você era tão idiota)

(Ok, desisto!)

B)
(Ok, esse foi o pior. Nem fiz questão de grifar as merdas)

Confesso que fiquei um pouco deprimido com esse experimento. Minha intenção foi aumentar mais minha empatia. Eu esperaria essas atitudes de homens héteros cisgêneros, mas vinda de homens gays... Acho o fim do mundo quando o G de LGBT esquece e menospreza as outras letras.

A pior parte foi que o cara B era um negro. E logo no início ele perguntou se o Daniel curtia homens negros. Ele respondeu: "gosto de homem", e em seguida falou de racismo. O cara não achava racismo a maioria dos gays não preferirem ele pela cor... Ok, né.

E como se não bastasse, esse homem, que é alvo de racismo e homofobia, pratica transfobia num nível absurdo. Triste isso...

O experimento serviu para enfatizar mais ainda a transfobia que existe entre os próprios homens gays cisgêneros. Eles pensam que ser gay significa gostar de pênis. Indo por essa lógica, eles poderiam se relacionar com travestis. Viu como é estranho?

Vale ressaltar também que isso não foi uma atitude correta de minha parte. Não por eu mentir para os caras do app (aliás, eles que se fodam!). O problema é que, bem... não sou trans! E eu, por ter interpretado um trans, estava de certo modo protagonizando uma luta que não é minha. Inclusive nunca mais farei um experimento dessa natureza.

Concluindo, o que realmente define nossa orientação sexual é a atração pelo gênero, não o genital!

(Entenderam agora? ^^)



14 de mar. de 2015

Conceito: pedofilia e efebofilia

Esses conceitos possuem diferenças importantes. Muitxs não têm informação, então podem acabar confundindo as coisas e isso cria complexos de culpa e conflitos internos.

Pedofilia é a atração sexual primária por crianças antes da adolescência. Seriam então crianças de 13 anos para baixo (que é a idade na qual geralmente ainda não se iniciou a puberdade). Ela é classificada como doença pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

Muitas pessoas reacionárias comparam homossexualidade com pedofilia. Primeiro de tudo, homossexualidade envolve o relacionamento de duas pessoas do mesmo gênero, e essas pessoas possuem capacidade de consentir com isso. Segundo, a pedofilia, em mais de 90% dos casos registrados, é praticada por pessoas heterossexuais. Mas isso ninguém quer pesquisar.

Vale lembrar que nem toda pessoa pedófila vai cometer o ato. Da mesma forma que não precisa ser uma para abusar de uma criança.

O alvo da pedofilia são crianças. Elas não possuem ainda senso crítico e não estão na idade de consentir com um ato como sexo ou contato íntimo. Por isso é crime. Atos de pedofilia devem ser denunciados e levados à justiça. E as pessoas pedófilas devem ser tratadas.

Agora, existe outra atração sexual chamada efebofilia. Ela é dirigida á adolescentes na puberdade ou mais a frente da puberdade, antes da idade considerada adulta. 

Algumas pessoas podem ser efebófilas. Porém, pela falta de informação, podem se confundir com pessoas pedófilas. O que realmente muda entre os dois conceitos é a fase biológica. E isso é de extrema importância, pois pode ser a linha divisória entre o consentimento e o abuso.

A fase da puberdade é quando a pessoa se desenvolve sexualmente, o que geralmente se inicia aos 14 anos. Isso não quer dizer necessariamente que qualquer adolescente pode estar "disponível" para uma relação íntima. O fator psicológico também deve ser sempre considerado (idade mental, maturidade). A adolescência representa a fase em que o ser humano está se preparando biológica e mentalmente para o sexo. Mas isso não significa que a pessoa terá maturidade.

Não se sinta culpadx por ser efebófilx. Confesso que sou um pouco. Alguns adolescentes de 15 a 17 anos chegam a me atrair. E não há nada de errado nisso. Tanto que efebofilia não é listada como transtorno. Em minha experiência com aplicativos de relacionamento, cheguei a visitar o perfil de um cara que procurava "efebos". Isso me fez perceber que a efebofilia, apesar de um tanto desconhecida, aparentemente é bem aceita na comunidade LGBT.

Lógico que em toda relação deve haver consentimento mútuo e plena consciência. Forçar algo contra adolescentes pode não ser considerado pedofilia, mas ainda é abuso, e será respondido de acordo com a lei. E, como eu já disse, deve haver maturidade de ambas as partes. Mesmo que a pessoa adolescente esteja na idade de consentimento de acordo com a lei, se ela não tem maturidade, isso pode abrir porta para uma relação opressora de várias formas. Enfim, um assunto muito complicado...

Para finalizar, se você tem desejos pedófilos, o ideal é procurar ajuda psicológica.



11 de mar. de 2015

Game: Mystical Ninja Starring Goemon

(Ganbare SO Ganbare... )

Antes de tudo, devo frisar que esse jogo marcou minha infância, tanto quanto Banjo Kazooie e Paper Mario. Foi a partir dele que me interessei oficialmente pela cultura japonesa.

A história do ninja Goemon e seu amigo Ebisumaru começa num dia qualquer e comum em Oedo Town. De repente, uma estranha nave em forma de pêssego surge no céu e atira um laser no castelo Oedo, transformando-o num castelo de estilo europeu. Essa nave pertence a um grupo chamado Peach Mountain Shoguns, que pretende transformar o Japão num grande teatro artístico de estilo ocidental. O grupo é composto por uma dupla, Spring Breeze Dancin' e Kitty Lily, e quatro servos esquisitões. Eles são uma dupla de cantores artísticos e querem tornar o Japão seu palco de shows. Goemon viaja por outros lugares do Japão, lutando contra os robôs criados pelo grupo, e conta com a ajuda da kunoichi Yae e do boneco-ninja Sasuke. 

Sim, a trama é essa. E sim, o jogo é muito cheio de comédia. Pena que na época eu não entendia inglês, logo as piadas, insinuações e trocadilhos me passavam despercebidos. Alguns momentos cômicos são acompanhados de risadas (parecido com Chaves). E os personagens também quebram a quarta parede em certos momentos, como parte da comédia.

Quando aluguei essa fita de N64 em 2003 lá em Peruíbe, eu não sabia o que me aguardava. Gostei tanto do jogo que acabaram me comprando ele. Fiquei meio perdido no começo, mas depois entendi o jogo. O ar japonês feudal, a música, os cenários, tudo me atraía. Em cada cidade tinha um restaurante com três pratos diferentes. A aparência das comidas me deixou curioso sobre a culinária japonesa. E as cidades! A que eu mais gostava era a segunda, Zazen Town, que tinha uma música mais calma e o céu era um eterno crepúsculo. E lembro bem de ter encontrado por acidente um bug num arbusto onde caí no nada e morri hahaha. A música tema é memorável; ainda mais hoje, quando entendo a letras. O jogo têm três lutas num robô gigante chamado Impact, mas eu sinceramente ainda preferia uma luta no mano-a-mano. Além disso, um dos chefes com quem eu lutava no Impact era meu menos favorito... Gostei dos poderes secretos de cada personagem, dos desafios, de coletar gatinhos para aumentar meu HP, e principalmente de explorar todo o espaço de cada área do jogo.

O jogo inclusive chegou a adicionar locais reais, como o Monte Fuji. Só depois descobri isso. Enfim, um jogo marcante em todos os aspectos. Não consigo expressar bem em palavras virtuais o que o jogo significou e ainda significa para mim. E, como eu já disse, foi esse jogo que me despertou o interesse pela cultura japonesa. Passei a assistir mais animes depois.

Se alguém conseguir encontrar esse jogo, seja para N64 ou emulador, espero que aproveite. Leve em conta que é da década de 90. Não faz tanto tempo, mas é um game simples em comparação a outros da época. Infelizmente tem uma história mais linear, sem sidequests. Mas ainda oferece uma boa diversão. Um maravilhoso clássico do N64.

Segue abaixo a introdução com a música tema (FODÁSTICA por sinal)




7 de mar. de 2015

Gêneros não binários

E lá vamos nós com mais um post sobre diversidade. Afinal devemos bater muita nessa tecla. Precisamos. Necessitamos com urgência.

Eu pretendia escrever algo assim no passado. Porém, um acontecimento recente me motivou a escrever sobre o assunto. Foi algo muito... desagradável.

Todos sabemos que a grande maioria da população se divide em ou gênero masculino (100% homem) ou feminino (100% mulher). São os gêneros binários.

Entretanto, existe uma pequena parte da população que não se identifica com esses gêneros. Essas pessoas são denominadas transgêneras.

Eu sou cisgênero, logo me identifico com o gênero masculino. Mas quando questionamos sobre os gêneros binários serem mais imposição social do que identidades naturais e inatas, todos esses conceitos e rótulos perdem o sentido.

Enfim. As pessoas não binárias são aquelas que não são nem 100% homem ou mulher. Elas podem ter um gênero que mistura as características ditas masculinas e femininas, podem ter um gênero novo, ou podem até mesmo não ter um gênero.

Para mim já foi estranho. Para a grande maioria ainda é. É difícil entendermos o que não somos. Já falei sobre isso em outro post. Eu, sendo binário, tenho uma cabeça construída dentro da cisnormatividade e do binarismo, isto é, que o mundo "comum" é formado apenas por dois gêneros e por gente que se identifica com eles.

Mas como nossa querida diversidade é fabulosa, até para isso há exceções.

Embora eu não seja não binário, e também ainda não tenho nenhuma amizade assim, criei empatia suficiente para com essa classe social. E, essa semana mesmo, fiquei chocado com uma demonstração de intolerância contra essas pessoas vinda de colegas de sala. Ouvir que "pessoa é só homem e mulher" me doeu. Imagino o que uma pessoa não binária sentiria...

Desde a criação desse blog eu utilizo a palavra 'pessoa' como uma forma de abranger todos os gêneros e identidades possíveis. Todos os seres humanos. Além de utilizar um gênero neutro e amplo (x) nas palavras possíveis. Não escrevo para todos ou para todas, e assim para TODXS.

Uma coisa é ser ignorante a respeito da existência de pessoas não binárias. Outra coisa é desumanizá-las apenas por serem diferente dos seus padrões impostos e conhecidos desde sempre. Isso têm dois nomes: cissexismo e binarismo. 

Cissexismo é intolerância contra pessoas que não são cis. 
Binarismo é intolerância contra pessoas fora dos gêneros binários.
Juntos são armas venenosas contra as pessoas não binárias.

Entre ignorâncias e intolerâncias, percebo que atualmente vivemos numa sociedade não só de mente muito fechada e conservadora, quanto vivemos em meio a pessoas que nem sabem diferenciar gênero, sexo biológico e sexualidade. E ainda tenho que ouvir que "hoje em dia é modinha querer ser diferente".

Identidade de gênero não é """modinha""", é SER. Está na essência da pessoa.

Identidade de gênero é uma característica inata dx ser humanx, e deve ser respeitada, assim como a cor da pele, a sexualidade, etc.

E por favor, sem essa de "ah, então quero ser um centauro!". Ou "ah, então vou usar meu nome do Skyrim na vida real". Parem com essa babaquice, sério, que está feio demais já.

Sou chato? Devo ser. 
Se falar de diversidade te incomoda, sinto dizer, o problema está em você.
Continuarei sendo chato até que tudo melhore!

Para xs interessadxs, passarei dois links (um em português, outro em inglês) sobre diversidade de gênero, entre outros:
http://pt-br.identidades.wikia.com/wiki/Wiki_Identidades
http://gender.wikia.com/wiki/Gender_Wiki

Beijos para TODXS.



4 de mar. de 2015

Conceito: identidade de gênero

Talvez seja um pouco tarde fazer esse post, afinal já citei os termos algumas vezes por aqui. E acredito que pelo menos uma boa parte das pessoas que me acompanham tenham uma noção desses termos.

Contudo, um erro que cometo muito em minha vida é pensar que as demais pessoas têm a mesma informação que eu.

Portanto faço com muito prazer esse post a fim de sanar qualquer dúvida e ignorância alheia a respeito do assunto.

Identidade de gênero, antes de tudo, não tem nada a ver com as orientações, principalmente a sexual! Ela se refere a como nos enxergamos, a qual identidade temos para nós como pessoas.

Os gêneros binários são: masculino e feminino. São os mais comuns e aqueles presentes na grande maioria da população no mundo. E existem os gêneros não binários, uma minoria, que podem ser combinações do masculino e do feminino, ou podem não ser nenhum deles.

O gênero é socialmente definido de acordo com o sexo biológico (os genitais, hormônios e cromossomos com os quais nascemos). E a grande maioria da população aceita isso perfeitamente.

Porém, existe uma minoria da população que não se identifica com o gênero socialmente imposto, parcial ou totalmente.

As pessoas cisgênero são aquelas que se identificam com o gênero registrado no nascimento. É o meu caso: nasci do sexo masculino e me identifico com o gênero masculino.
As pessoas transgênero são as que não se identificam. Esse grupo inclui pessoas não binárias, travestis e transexuais.

Pessoas não binárias desenvolvem sua própria expressão de gênero de acordo com seus gostos, vontades e comportamentos naturais.

As travestis (sim, se fala as) representam uma identidade variada. São pessoas que foram designadas como 'homem' ao nascer, mas sua identidade central é feminina. Contudo elas podem ser binárias (totalmente feminina), ou não binárias (parcialmente feminina), abrindo várias possibilidades de ser. Tudo de acordo com o que as realizam e as deixam feliz como pessoa.

Transexualidade é atualmente definida pela ciência como um transtorno. Porém, ela não precisa ser interpretada como doença. Esse fenômeno ocorre no período intrauterino. Na formação do bebê, o corpo (sexo) e o cérebro são desenvolvidos de maneira "independente". O que acontece na grande maioria das pessoas é o seguinte: quando o corpo é masculino ou feminino, o cérebro é, respectivamente, masculino ou feminino. No caso das pessoas transexuais, isso não acontece. 

Os casos mais conhecidos são de pessoas transexuais binárias. Então existem pessoas que nasceram com um sexo biológico, e logo foram socialmente impostas a um gênero, mas necessitam transformar seu corpo (transição) para se identificar com o outro gênero ao qual elas realmente pertencem. Mas existem transexuais que não se identificam com gêneros binários.

Até pouco tempo costumávamos diferenciar travestis e transexuais pelo fator da necessidade de fazer a transgenitalização (para os mais leigos e ignorantes, "mudança de sexo"): as travestis não fazem, e as pessoas trans necessitam fazer para se identificarem e terem uma melhor saúde física e mental. Porém, navegando pela net, aprendi que nem sempre é assim. Algumas mulheres trans não se incomodam em manter o genital com o qual nasceram. O importante é estar confortável com o próprio corpo.

Sim, sociedade (principalmente homens)! Existem mulheres com pênis. Aceitem que dói menos.

Embora seja possível transformar um genital masculino em feminino, o inverso ainda não é possível. Ou melhor, a ciência ainda não consegue criar um genital masculino e transplantá-lo em homens trans. Contudo, se um dia for possível, não haverá problema se um homem quiser manter o genital com o qual nasceu. O importante é estar confortável com o próprio corpo.

Sim, sociedade! Existem homens com vagina. Aceitem que dói menos.

Pode parecer difícil de entender às vezes, mas o importante é aceitar as pessoas como são. Acho que quando queremos muito entender as coisas, podemos correr o risco de tratar pessoas como objetos de estudo e observação a fim de alimentar nosso ego intelectual. Falo por experiência.

Espero que o post tenha esclarecido sobre o tema.