20 de abr. de 2019

Uma análise sobre Osmosis

AC: mononormatividade.




Já faz um tempo que essa série foi lançada na Netflix. Peguei uns dias para vê-la. A trama foca numa empresa que cria uma tecnologia capaz de encontrar a "alma gêmea" das pessoas através de implantes que conectam dois indivíduos extrassensorialmente. A série francesa tem um ambiente futurista que joga com os possíveis conflitos entre a tecnologia avançada com a complexidade humana.

Farei uma análise com minhas impressões e perspectivas dos tópicos relevantes da história. E, claro, aqui comentarei sobre muitos fatos importantes ocorridos ao longo da trama. Esteja ciente disso se ainda não viu a série.

A tecnologia Osmosis, que promete encontrar o amor ideal para as pessoas, começa partindo de uma estrutura social antiga mas ainda vigente: a monogamia. Parece não existir qualquer possibilidade de que alguém possa ter mais de ume parceire "ideal" ao mesmo tempo. Não estou dizendo que a série prega isso. É o mundo em que se passa que ainda perpetua isso.

Apesar dessa fantasia de longa data apresentada na série sobre todes terem apenas ume parceire ideal, ironicamente, temos na empresa de Osmosis duas personagens que expressam constantemente solidão: Esther, uma das criadoras do projeto, e Billie, uma funcionária não-binária que acompanha os testes que precedem o lançamento oficial dos implantes Osmosis.

De fato, Esther não apenas escolhe não ser implantada como também vive de relações casuais através de um aparelho de simulação virtual (que, inclusive, é usado por muitas outras pessoas). Lá, ela pode escolher entre vários rapazes; colocando-a assim numa posição antagônica à proposta de seu próprio projeto.

Por causa de uma subtrama envolvendo Esther, três personagens acabam tendo ênfase maior em suas próprias tramas enquanto testadories beta dos implantes: Niels, Lucas e Ana. E acho interessante notar os resultados diversos de cada ume:

- Niels encontrou seu amor, uma jovem chamada Claire. Acabou afastando-a por causa de um incidente influenciado por ações de Esther. No fim, Claire o perdoa e ambes fogem, terminando juntes e sem os implantes ativados. Essa relação, inclusive, ajudou Niels a melhorar de seu vício por conteúdo pornográfico.

- Lucas pensou ter encontrado seu parceiro ideal, que veio a ser seu próprio ex-namorado, Léopold, que o traiu no passado. Largou o namorado atual e decidiu voltar com o ex. Houve um conflito emocional por Léopold querer relações casuais fora da relação a dois. O homem acaba morrendo num incidente, e Lucas considera que Osmosis pode ter falhado.

Acredito que aqui posso propor a reflexão: uma tecnologia tão focada numa estrutura monogâmica não entraria em choque com pessoas de tendências não-monogâmicas? Lucas não parecia aberto a essa possibilidade, o que é direito dele. Mas aqui me pergunto o quanto Osmosis pode não ter estimulado mais o ciúmes.

- Ana encontrou seu amor. Como tem baixa autoestima, ela duvida disso. O fato de estar numa missão de espionar a Osmosis aumenta o conflito entre investir em Simon ou seguir com a missão de sabotagem dada por uma empresa rival.

E aproveitando o momento, a empresa rival, Perfect Match, tem um projeto similar, mas que se aproxima mais dos aplicativos de relação. A equipe critica a Osmosis justamente pelo uso de implantes, considerando-os invasivos e uma transgressão à naturalidade que deveria haver nas relações afetivas. Uma visão crítica pertinente.

Pegando esse gancho, quando a personagem Joséphine decide fugir de Paul (o outro criador do projeto) por ter se sentido presa me fez lembrar muito da premissa de Black Mirror, que é mostrar que a tecnologia pode piorar o que tem de falho e instável na sociedade. Osmosis uniu ambes. E então temos um dos grandes riscos desse recurso: as partes envolvidas se mesclarem tanto a ponto de perderem a liberdade dentro da individualidade. A tecnologia uniu, mas aumentou a possessividade de Paul sobre a moça, o que quase fez as "almas gêmeas" romperem definitivamente.

Tudo isso mostra possíveis resultados de uma tecnologia com tal proposta. Entre as linhas traçadas pelo natural e pelo artificial podemos ter resultados bons, relativos ou ruins. Vivemos num mundo onde a monogamia é sistematicamente imposta na grande maioria dos países. E, junto com ela, temos muitos comportamentos nocivos apoiados por construções sociais e até pela medicina e lei. Uma tecnologia como Osmosis não poderia piorar a situação? Da sua maneira, a série aponta que sim.

É falado numa cena que Osmosis não é algo perfeito. Claro que toda tecnologia tem sua margem de erro. E o projeto não deve acreditar que exista apenas ume parceire ideal para todo mundo. Mas as pessoas estão cientes disso? E se sue parceire ideal morre, como no caso de Lucas? Se é possível encontrar outre parceire ideal, então ao menos a fantasia do "amor ideal" não dita que há somente um único e verdadeiro amor no mundo. Não abre portas para relações poliafetivas, mas posso afirmar que faz uma leve ameaça à monogamia sistêmica.

Por fim, temos Esther e Martin, o robô que está sempre a auxiliando. Martin se revela apaixonado por ela. Após tanto tempo convivendo com ela, aprendendo e existindo por ela, o robô cria sentimentos afetivos. Esther fica descrente a princípio, pois acha que amor é um sentimento humano. Para garantir a segurança des testadories beta, ela se implanta com Osmosis e aceita ficar num mundo virtual com Martin. Ao ser infectado por um vírus (a sabotagem de Perfect Match), Martin faz um último sacrifício por Esther, morrendo para que ela e es testadories vivam. Esther, que até então não achava que poderia ser amada, encontrou algum amor na máquina que ela criou. Isso pode abrir discussões interessantes sobre inteligência artificial e se amor pode ser produzido.

Com tudo isso, devo dizer que gostei bastante da história e recomendo essa série. Pode ser uma boa fonte de estudo sobre o que é o amor e o que constrói as relações, e até que ponto a tecnologia pode (ou deveria) interferir nessas questões. Não é uma série sobre amor. É sobre relacionamentos.

17 de abr. de 2019

Questionar uma identidade

AC: invalidação de identidade.



Eu sempre falo que questionar identidades alheias é um campo minado. Você pode ou não pisar na bomba. Você pode apenas parecer estar com uma dúvida sincera, ou pode parecer estar tentando apenas invalidar a pessoa.

Não acho errado as pessoas duvidarem. Isso é natural e também pode ser sistêmico. É comum pessoas multi serem questionadas porque vivemos sob um sistema monossexista, por exemplo (não significa que esteja certo e que deva ser relevado!).

Ter dúvida de como uma identidade funciona não é o real problema. Isso se deve principalmente a grande falta de informação. Por exemplo, muites ainda têm a ideia de que uma pessoa assexual é alguém que não transa e tem repulsa total a sexo. Se houvesse mais conteúdo falando do espectro assexual, não haveria tanto dessa concepção equivocada sendo espalhada.

O que pode ser estressante para muita gente é ter que lidar com alguém insistentemente te questionando, mesmo após explicações e conteúdos, analisando seus comportamentos (algo bem invasivo, aliás) pra buscar contrapontos e provar que você não é o que diz ser.

Pode até acontecer de alguém ter se encaixado numa identidade através de informações ou ideias equivocadas. Pessoas às vezes podem mesmo se revelar equivocadas (ex: "sou pan porque gosto de homens, mulheres e travestis").

Mas pode acreditar que uma maioria está certa do que se identifica (mesmo que conheça identidades mais gerais, e não umas mais específicas). Se tratando de grupos marginalizados, ter uma identidade se torna importante para a pessoa ter um lugar de pertencimento e voz. A pessoa se importa muito em entender o que ela é e o que isso implica em sua vida.

E também não temos nem como provar que alguém não é o que diz ser. Apenas a própria pessoa sente e entende sua atração e identidade de gênero e qualquer outra característica pessoal. Não temos como entrar na cabeça de alguém pra confirmar. É inútil ficar questionando as subjetividades do ser humano.

Pessoas não ficam se prestando a mentir sobre o que são. Se for um caso de troll ou zoeira, isso fica evidente logo ou de imediato (ex: quando alguém diz deliberadamente ser gênero-fofo num grupo social típico, onde claramente xenogêneros serão rejeitados). Mas ninguém se diverte em mentir sobre ser de um grupo marginalizado.

Enfim, era o que tinha a pontuar sobre questionar. Tem dúvida, pergunte. Ou pesquise. Às vezes sua concepção é que pode estar errada. Queira entender, não provar seu ponto. E acho necessário, se possível, as pessoas também terem um pouco de paciência de explicar o que são, considerando a desinformação que comentei.

14 de abr. de 2019

Novo nome

Bem, finalmente mudei o nome do blogue, o que inclui o endereço.

Larguei definitivamente a identidade Betsu-no-Shounen ou Um Garoto Alternativo. Agora sou oficialmente Ume Garote Alternative.

Todos os links de artigos anteriores agora estão inválidos com o novo URL. Isso pode ser um problema para quem tinha links guardados ou postados em algum lugar.

Tinha receio de mudar o endereço por isso. Não pude deixar de reparar que tive pouquíssimas visualizações desde a mudança, que faz uns dois dias. Pelo menos, creio eu, artigos antigos e desatualizados não terão mais tanta atenção.

Mas meu conteúdo não mudou. Então acredito que pessoas continuarão chegando até aqui pesquisando pelos assuntos que abordo.

Talvez eu divulgue artigos que acho mais relevantes, assim o blogue pode voltar a ter mais atenção após essa mudança.

Adoto linguagem -/elu/e há mais de um ano. Estava esquisito manter aquele nome e aquela identidade que também estava estranha.

Não sei se o blogue passará do quinto ano. Tenho outros planos. Mas não poderia deixar esse espaço sem essa mudança. Se eu fizer um novo blogue, deixarei esse aqui do jeito que está, como se fosse uma herança.

Mais uma mudança marcando uma nova fase desse humilde espaço cheio de esquisitices, transgressões, polêmicas e diversidade.

7 de abr. de 2019

A favor dos xenogêneros

AC: exorsexismo interno, policiamento de identidades, trolls, invalidação de experiências, capacitismo e racismo.



Já faz muito tempo que rola por aí prints da lista de identidades de gênero do site Orientando, que ficou um tanto famoso de uma maneira negativa por conter nessa lista gêneros considerados esquisitos demais ou fabricações de trolls e grupos exorsexistas. Aqui está a lista, caso se interessem: https://orientando.org/listas/lista-de-generos/.

Antes de começar a discussão, eu vou fazer uma breve defesa ao Orientando e falar sobre o conceito de xenogêneros.

Para quem ainda tiver dúvida ou certeza de que o Orientando é um site troll, afirmo aqui e agora: não é! Conheço a administração e faço parte da equipe do site. E acho impossível trolls terem todo o trabalho de fazer um site que é pago pra ser mantido, escrever muitas longas páginas com referências e fontes, ter conteúdo coerente sobre os segmentos "mais comuns" da comunidade LGBTQIAPN+, e ter tanta proteção contra ataques e discursos de ódio.

Agora, o conceito. Os xenogêneros são basicamente identidades fora de concepções comuns usadas para definir gêneros. Costuma-se definir gêneros pela presença ou ausência de qualidades subjetivas: masculina, feminina, andrógina, neutra, etc. Já falei sobre isso aqui.

Para mais informações sobre xenogêneros, clique aqui.

Essa é a primeira vez que abordarei com profundidade sobre xenogêneros.

Antes de tudo, vou dizer que acho até compreensível rejeições ou descrença às identidades xeno vindo de pessoas leigas ou pessoas que tiveram apenas contato com identidades dentro das concepções comuns. Por isso acho necessário um trabalho de base sobre isso. E estou disposte a tentar. Esse artigo é uma tentativa.

Identidades cunhadas por pessoas anônimas e com pouquíssimas fontes podem ser mais difíceis de defender. Porém, não acho que isso deveria ser um problema. Identidades xeno serão criticadas de qualquer forma apenas por serem o que são. Muitas pessoas não-binárias as criticam e, fazendo coro com muitas pessoas binárias, afirmam que elas são um desserviço, que atrapalham a luta n-b, que mancham a comunidade LGBTQIAPN+, etc.

Ora, mas já existe um grande sistema que impõe apenas dois gêneros, e desde sempre a comunidade n-b sofre ataques pelo simples fato de serem pessoas fora do binário de gênero. Culpar identidades xeno por algo que já existia não me parece honesto. A oposição sempre irá procurar motivos para atacar. Então, sinceramente, acho que deveríamos ligar o foda-se e falar mesmo de xenogêneros sem medo ou receio.

Não entendo que ameaça identidades xeno causam ao segmento não-binário, à comunidade LGBTQIAPN+, ou a qualquer pessoa. Todas as ameaças possíveis já existem a todes fora do padrão perissexo-cis-hétero. E pessoas xeno são inofensivas demais num mundo que não reconhece nem gêneros dentro de concepções comuns.

Se estamos mais preocupades com a impressão que causaremos, então isso mostra que estamos mais tentando agradar ae inimigue do que romper de verdade com barreiras, e que nossos discursos sobre diversidade e liberdade são hipócritas e vazios, pois estamos selecionando quais experiências são válidas ou não e quais ajudam ou não com a militância.

Percebo que a rejeição/descrença aos xenogêneros gira em torno principalmente do fato de serem definidos por outras concepções que nada tem a ver com as qualidades mencionadas. Mas agora eu pergunto: por que é tão absurdo gêneros fora dessas concepções sendo que as qualidades conhecidas são subjetivas em si? Se as pessoas podem definir seus gêneros por essências que fazem sentido só para elas, o que impede a existência de gêneros baseados em sensações, emoções, elementos da natureza, etc?

Conheço algumas pessoas xeno e já tive contato com conteúdo feito por pessoas xeno. Isso vai soar mais como um apelo pro lado emocional, mas não tenho dúvida da existência de pessoas com essas identidades por causa do que passam. São pessoas bem marginalizadas, acabam se isolando por isso, não têm sentimento de pertencimento nem em espaços n-b, e muitas evitam revelar suas identidades. Por que pessoas aceitariam passar por todo esse sofrimento por assumir identidades "estranhas demais"? Isso aponta que assumir essas identidades pra si está muito além de uma mera opção, de um capricho, ou de querer algum destaque.

Onde esse monte de identidade "esquisita" ajuda na luta contra o cis-tema? Bom, toda identidade de gênero que não seja baseada em genitálias acrescenta nessa luta de alguma forma. Assim como ampliar nossas concepções de gênero e trazer à luz novas experiências, rompendo mais e mais com a ideia de que pessoas só vivem seus gêneros de acordo com estereótipos e construções sociais ou com ideias que ainda têm alguma base prévia (não há um consenso sobre o que é masculino e feminino, mas ainda existem diversas concepções sociais dessas qualidades).

E mesmo que haja identidades cunhadas por trolls, assim como palavras ofensivas (viado, sapatão, queer etc) foram ressignificadas, pessoas n-b também ressignificam essas identidades, afinal dentro da xeninidade tudo é possível e válido.

Pensando que as identidades xeno surgem da falta de palavras para descrever experiências, e que existe uma ideia de que gêneros só podem estar dentro de concepções humanas, acho necessário uma ampla reflexão e análise sobre possíveis ações capacitistas e racistas dentro do ódio e da intolerância aos xenogêneros; afinal muitos gêneros influenciados por neurodivergências (neurogêneros) são considerados xeno, e existem identidades de gênero restritas de culturas não-ocidentais definidas por questões espirituais.

Existe ainda um conteúdo extremamente escasso sobre esse tema aqui na Internet brasileira (talvez na lusófona mesmo). Por isso acabo relevando muitas reações negativas ao assunto. Acredito que seja uma questão de abordar e trazer discussões maiores sobre essas identidades. Espero que esse artigo ao menos ajude a refletir sobre essas possibilidades e preparar território para o tema.

4 de abr. de 2019

Parece que não aprendemos

AC: intolerância e opressões em redes sociais, eleição, capacitismo, menção a estupro e violência, menção à genitália.



Recentemente eu passei por uma situação de extremo estresse nas redes sociais. Não entrarei em detalhes. O ocorrido envolveu algo que vejo com certa frequência, que é como muitas pessoas dos grupos marginalizados não tem senso crítico com suas ações, e acabam tanto reproduzindo opressões quanto promovendo mais opressories.

Passamos tanto tempo falando e fazendo tantas postagens sobre misoginia, racismo, heterossexismo, cissexismo, etc etc etc, e no fim vemos reproduções disso vindo até de pessoas que têm acesso aos conteúdos.

Um monte de gente esquece que não praticar opressões não serve só para quem gostamos ou concordamos. Serve para todes, incluindo opositories.

Atacar a oposição com misoginia quando vem de uma mulher, atacar com racismo quando vem de ume negre, atacar com heterossexismo quando vem de um gay, tudo isso me causa uma sensação imensa de frustração. Parece inofensivo quando é com inimigues, mas não é.

Fica muito difícil nos defender contra a oposição porque ela vê isso, se aproveita disso, e consegue pegar um punhado de gente sem noção na Internet e torná-lo como regra geral para todos os grupos minoritários + galera progressista/esquerdista (porque são todes jogades no mesmo saco). Nós que viramos es intolerantes da história.

Estamos aprendendo?

Redes sociais como Facebook e Twitter se tornam palcos para figuras reacionárias e aliades dessas figuras que nem deveriam ter tanta atenção. Até figuras ridículas como uma moça privilegiada que tem milhões na conta recebe tamanha atenção que acaba se promovendo.

Isso foi um dos fatores de nosso país ter elegido um fascista declarado como presidente. Damos importância demais, deixamos essa gente tomar as rédeas de nossa vida, gastamos tempo e paciência criticando fervorosamente essa gente a ponto de divulgar mais e mais seus discursos e nomes e rostos.

Não pode mais criticar? Pode e deve. O problema é como fazemos. Atacamos muito a pessoa e não suas ideias. Críticas construtivas se misturam com críticas imaturas. É muito meme e muita zoeira, mesmo quando problemátiques, e discursos mais politizados se apagam nessa onda de risadas e escárnios porque são "sérios demais".

Estamos aprendendo?

E cada vez mais as redes sociais se tornam insuportáveis para os próprios grupos marginalizados, ainda mais os mais esquecidos, como as PCDs (vejam quantos termos capacitistas são usados para atacar a oposição).

Estamos expostes à toxicidade dos discursos dessas figuras mesmo quando as bloqueamos; porque tem gente ainda compartilhando seus conteúdos para respondê-las, e porque ainda temos que ver prints das malditas postagens.

Várias pessoas perdem tempo discutindo com robôs ou com gente que evidentemente não quer debater ou rever suas ideias, quando poderiam estar conversando com gente mais aberta ou mais ignorante, e se articulando com mais grupos progressistas pra espalhar informação e promover figuras progressistas.

E, novamente, fica difícil defender a galera quando a mesma se torna tão irracional e intolerante quanto fascistas, xingando ministra de termos misóginos e zoando o estupro que ela passou, torcendo para vereador gay de direita tomar lampadada, sabotando artistas negres que fizeram besteira com um ódio que nem é visto com artistas branques. Ah, e isso inclui querer tirar filho do fascista do suposto armário ou zoar com o tamanho do pênis do outro.

Mais uma vez me pergunto: estamos aprendendo? Muitas vezes parece que não. Nem as eleições parecem ter ensinado. E mais e mais nos vejo afundando num buraco que nem cavamos, mas estamos nos jogando nele tudo em prol do "lacre".