30 de abr. de 2016

Assexual - Grissexual - Alossexual

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Hoje vou falar de um espectro da sexualidade que muita gente pode não conhecer ou entender muito bem.

Não estou me referindo a uma orientação sexual (ou romântica) específica, e sim sobre a presença de sexualidade e condições para estimulá-la.

Dentro da classe alossexual está a grande maioria das pessoas; elas sentem desejo sexual frequentemente, sem muitas condições especificas. Nudez, toque ou ver um ato sexual já são suficientes para o estímulo sexual.

Assexual é aquela pessoa que não sente atração sexual, ou sente num nível baixo demais. As pessoas assexuais conseguem viver suas vidas sem a necessidade de sexo. Entretanto, elas podem transar quando estão num relacionamento e sentir prazer. Uma pessoa assexual pode sentir atração romântica por um ou mais gêneros ou mesmo nenhum.

Obs: não se chama uma pessoa assexual de assexuada. Assexuado é um ser que não tem sexo biológico ou órgãos sexuais.

E o que seria grissexual? Essa é a classe que está entre alossexual e assexual. São pessoas que não sentem desejo sexual com a mesma frequência que alossexuais, e esse desejo pode vir em determinadas situações.

Por exemplo, demissexuais são pessoas que sentem atração sexual apenas quando desenvolvem afeto pela pessoa. Primeiro se apaixonam e depois sentem tesão. Demissexual está dentro da categoria gris, e deve ser a mais conhecida.

Há pessoas também que alternam entre assexual e grissexual. Há períodos em que sente mínimo desejo sexual, não importa o que aconteça, e outros que o desejo pode aumentar ou surgir dependendo da outra parte e das circunstâncias.

Outros exemplos de sexualidades incluídas em gris:

- Litossexualidade: a pessoa sente desejo sexual e não quer ser correspondida.
- Reciprossexualidade: a pessoa sente desejo sexual quando está ciente que a outra parte tem desejo por ela.
- Fraissexualidade: a pessoa sente desejo sexual até conhecer a pessoa, e então o desejo acaba (é considerada o oposto de demissexualidade).
- Cupiossexualidade: a pessoa não sente desejo sexual, mas tem vontade de estar num relacionamento sexual.

Tem gente que pode achar que tais experiências são invenções, mas elas existem. São difíceis de encontrar por aí, porém fazem parte do nosso mundo. Devemos aceitar e respeitar.

É interessante notar que a diversidade não está apenas na simples atração por gênero(s), mas também em como essa atração acontece. Achei importante esse artigo para mostrar que o mundo não está dividido apenas em alossexuais e assexuais, e que a sexualidade é bem mais complexa do que imaginamos.



27 de abr. de 2016

O racismo gay

Outro tema problemático a respeito dos gays atuais é o racismo que ainda perpetua entre eles, seja na vida social ou no mundo virtual. 

Quem já parou para observar nos aplicativos de relacionamento gay perceberá dois tipos de gays: os que dizem que não gostam de negros por questão de preferência e os que procuram negros para um sexo selvagem. No mundo real encontra-se a mesma situação. 

A rejeição e a objetificação são dois lados da mesma moeda. Tanto um lado quanto o outro desumaniza os homens negros. 

Há aquele famoso mito que homens cis negros têm pênis grande. E um pênis grande é associado a um prazer imenso, a um sexo mais do que satisfatório. Ideais puramente fantasiosas, pois nem todo homem cis negro possui um pênis considerado grande. Ademais, quem disse que um pênis grande é necessariamente prazeroso? Há muita gente que considera incômodo na prática, dependendo dos tamanhos das vias (boca, vagina e ânus).

De qualquer modo esse mito serve para normalizar a ideia de que o homem cis negro é uma fonte de prazer ilimitado, nada mais. E isso leva à hipersexualização do homem (similar à hipersexualização da mulher cis negra). Consequentemente ocorre a fetichização; o homem negro se torna fetiche para os gays. Isso é visível em sites pornográficos, onde existe uma categoria própria dos negros (black). E quando há relação entre branco e negro, chamam de "inter-racial". 

Até agora falei da objetificação. Por que há rejeição também? 

Existem gays que dizem não ter preferência por negros porque não conseguem sentir atração por eles. E isso é mais uma construção social. Nas mídias, quando o assunto é beleza, a beleza é sempre apontada e exaltada em pessoas brancas. Essa influência acaba fazendo a população a aprender a enxergar beleza mais em gente branca do que em gente negra. Nem todxs sofrem essa influência, mas a maioria sim. 

Se aquele homem gay cresceu aprendendo a apreciar somente a beleza branca, dificilmente ele enxergará beleza num negro. É a mesma coisa que ocorre com pessoas gordas, pessoas com corpos mais "comuns", ou até pessoas com deficiência. Nossas preferências podem ser moldadas! Isso é fato! Mas é possível desconstruir isso; é necessário mente aberta e força de vontade. Pois assim todxs nós nos abrimos para mais possibilidades de amar, de se relacionar, de viver ao lado de outra(s) pessoa(s). 

Com tudo isso, não há como não abordar racismo no movimento LGBT. É necessário abordar! É necessário dar voz aos negros, sejam eles do movimento ou não! As pessoas brancas dentro do movimento, especialmente os homens gays, devem se conscientizar dessa questão. 

O que os gays atuais mais precisam a respeito desse assunto é refletir, questionar, e desconstruir todas as ideias e padrões que lhes foram impostos desde sempre. O racismo tem que acabar, seja dentro ou fora do meio gay.



23 de abr. de 2016

Tipos de crush

Todxs nós temos crush por pessoas. Isso é comum, normal, parte do ciclo da vida humana, um fenômeno intrínseco da natureza. Sofremos de paixão por crush (de qualquer gênero), vivemos um amor bobo e frágil não correspondido e muitas vezes platônico.

Falemos um pouco sobre os tipos de crush que temos e vivenciamos nos tempos atuais:



1- Do metrô/ônibus/rua
Esse é doloroso por ser temporário. Você o vê lá, tranquilo, lindo e maravilhoso, e logo se separam. A paixão se vai com a mesma rapidez com que começou. Seus sonhos de casar e/ou construir uma família são destruídos. Prepare as músicas depressivas para mais tarde.

2- Da sua sala na escola/faculdade/curso ou do serviço
Esse é doloroso por ser duradouro. Você o vê todos os dias praticamente. Você procurou o Facebook e todas as informações possíveis na Internet. Se você consegue se aproximar, sinta-se com sorte. Se não consegue... porra, que coisa horrível gostar de alguém do seu cotidiano e nunca chegar na pessoa!

3- Das redes sociais
Aquela pessoinha das redes sociais, geralmente popular. Vocês podem até ter algum contato, depende de você e das circunstâncias. Mesmo assim, e mesmo morando na sua cidade, ele pode não estar acessível para ti, pois deve ter muita gente sedenta por ele e/ou ele namora. O pior é quando ele é solteiro e mora em outra cidade ou estado.

4- Da sua família
Putz... esse é polêmico. Geralmente é um primo, porque né, primos são aqueles parentes que sentimos vontade de dar uns pegas. Mas em compensação pesquisas amadoras indicam que esse é o crush mais provável de pegar.

5- O famoso
Ah, quem nunca se apaixonou por uma celebridade? Seja ator, cantor, compositor, etc. Ou até mesmo figuras da Internet, como Youtubers ou blogueiros. Pena que são os mais improváveis de termos nem que seja um contato mínimo.

6- Aquele-que-não-te-nota (ou ignora mesmo)
Não importa o que você faça; ele simplesmente não repara em você. O tipo mais cruel que existe, uma estaca flamejante no coração. Você é inexistente no mundo dele e não há chances de ser existente. Sugiro que pare de tentar e siga em frente.

7- Friendzone
Você tem contato com ele, mas não fala seus desejos e sentimentos. Tenta se aproximar mais, tenta ser uma figura presente em sua vida, tenta fazê-lo ver a relação entre vocês como algo mais... profundo. Mas não, ele só quer sua amizade. Só que vale ressaltar que ter a amizade de uma pessoa que você gosta é ótimo! Talvez isso possa evoluir (ou não).

Obs: se você não aceita a friendzone e corta a relação, então você não tinha amizade com a pessoa, apenas tesão.

8- O ficante
Ele te notou, te curtiu e vocês ficaram! Uhul!!! Mas então deu algo errado e se separaram... Dependendo do caso, o crush passa a ser mais uma figura odiada em sua lista (junto com algum ex). Uma história de amor com final infeliz.

9- O perfeito
Ele te notou, te curtiu, vocês ficaram, e estão juntos. Ou ficaram juntos por um bom tempo. Parabéns, você zerou a vida ao conseguir essa façanha!



E vocês, quais desses tipos de crush já tiveram? E quais já foram?
(se você for o número 6, nem fale comigo, ok?)



20 de abr. de 2016

Confissões

Ele é maravilhoso!

Como não ficar afim? Como não se interessar? Como não se apaixonar?

Como não começar a fantasiar e acabar criando expectativas?

Eu reúno toda minha coragem para me aproximar dele. "Talvez eu faça o tipo dele. Talvez nós temos afinidades. Talvez queremos a mesma coisa." Afinal, é errado querer tanto alguém, mesmo não conhecendo a pessoa?

E então me aproximo.

Quantas possibilidades podem ocorrer após isso: receber a atenção que quero, receber uma atenção diferente, não receber atenção nenhuma, conhecer a pessoa e me interessar mais, conhecer e me decepcionar...

Sempre queremos as melhores possibilidades. Contudo, as piores são as mais frequentes. Mesmo após ter se acostumado, elas ainda ferem um coração ainda quente.

"Mais um fracasso pra minha lista?"

Ele não se interessa por mim. O desinteresse é nítido. Às vezes vem acompanhado de certa pitada de desprezo. "Eu devo ser um nada pra ele. Ele deve pegar caras bem melhores."

Ele quer apenas minha amizade. Deixa claro que me quer como amigo. "Mas ele pega caras mais feios e desinteressantes do que eu", penso com prepotência (ou seria verdade?). "O que eles têm que eu não tenho???"

E quando ele é maldoso? Te dá a falsa impressão de estar te correspondendo e depois destrói cruelmente essa miragem. Tem tantos assim nos dias de hoje...

Às vezes dá medo de se aproximar daqueles garotos mais bonitos e populares. A maioria tão... esnobe.

Se ele já estiver conversando com outro além de mim, ah, nem devo perder meu tempo! Serei sempre trocado. A outra opção é sempre melhor.

O contato se rompe. Não porque eu quis. Mas porque é o melhor para mim.

"Ele também não manterá contato."

Eu digo a mim mesmo: "Me fecharei para o amor, pois ele nem deve existir. Não vou mais me aproximar dos caras. Cansei da decepção! Tornarei meu coração numa pedra de gelo!"

Até aparecer uma nova paixonite.



16 de abr. de 2016

Luz e Trevas

Quando estou imerso em meu mundo, fico filosofando comigo mesmo sobre diversos temas.

Um dia parei para refletir sobre o conceito de Luz e Trevas. Eu até acredito que realmente ambas existem em nós, no mundo, ao nosso redor. Se bem que as pessoas, creio, são complexas demais para serem separadas em "pessoas da Luz" e "pessoas das Trevas".

Nada e nem ninguém é 100% Luz ou Trevas. Aqui não existe 100%. Apenas existem porcentagens variadas, onde uma pode ser mais que a outra. Talvez até exista um equilíbrio.

Fisicamente falando, a luz é um fenômeno eletromagnético, composta por partículas chamadas fótons, que agem simultaneamente como partículas individuais e como uma onda de energia. As trevas, ou melhor, a escuridão é apenas a ausência da luz (ou até podemos dizer a ausência de cores).

O conceito de Luz e Trevas é basicamente o mesmo de Bem e Mal. Apesar que quando aplicamos o conhecimento do Yin-Yang, vemos que não apenas o 100% é inexistente como também o quão limitante é separar tudo entre bom e ruim. Segundo o Yin-Yang, a própria Luz tem uma fração de Trevas dentro dela, assim como as Trevas também têm uma fração de Luz.

Seria loucura dizer que dentro da Luz há coisas positivas e negativas, assim como nas Trevas há coisas negativas e positivas? A cada dia acredito que não é.

Foi então que parei para pensar: nós tratamos Luz e Trevas como duas forças separadas. E talvez isso esteja errado. Não há de fato essas duas forças. Tudo no Universo funciona a base de proporções de Luz. Onde há maiores proporções, definimos mais como Luz. E onde há menores, definimos mais como Trevas.

Aqui não medimos Luz ou Trevas. Só medimos a quantidade de Luz. Apenas Ela é o parâmetro de comparação. O mesmo vale para o mundo físico; não existe uma força da natureza específica para Trevas, ou melhor, para a escuridão.

Por isso mesmo que eu adoro o sistema de alinhamentos dos jogos de RPG. Eles não separam as personagens entre boas e ruins, mas sim em muitas categorias, que não são nada mais que proporções diferentes de Luz.

No fim das contas, tudo que existe no Universo se baseia em Luz.



13 de abr. de 2016

O movimento GGGG

O movimento LGBT é o núcleo da diversidade humana. Aqui está toda a diversidade de sexualidade, gênero, sexo e afetividade. Aqui estão todas as pessoas que saem dos padrões e por causa disso lutam para viver, para amar, para existir.

E à parte dessa luta nossa, após muitos conflitos e discussões nas redes sociais, surgiu o que no ativismo chamamos de "movimento GGGG"; aqueles gays que discriminam todas as demais minorias sociais e só pensam em seus próprios interesses.

O pior é que estão surgindo grupos por aí reunido essa gente, grupos que se manifestam contra tudo que o ativismo LGBT defende. Todos gays cis egocêntricos e ignorantes que não querem se desconstruir. Eles até afirmam que atualmente o próprio movimento LGBT os discrimina (*risos*).

Os homens gays cis e brancos são os GGGGs. Há alguns homens cis negros padrões que agem como GGGGs, apesar da discriminação que sofrem (a rejeição ou a objetificação). Contudo, os brancos ainda tem seu destaque maior, ainda mais pelo racismo estrutural.

O movimento LGBT já foi conhecido como "movimento gay" porque a diversidade, na ignorância da população geral, sempre foi resumida a 'gays'. Essa imagem ficou tão marcada que é mais fácil pensarmos em gays do que nas demais classes. Como se não bastasse isso, nossa imagem dos gays também é um tanto problemática. O mais comum é nos lembrarmos dos gays masculinos, de corpos malhados, aqueles dentro dos padrões de beleza, esbanjando popularidade e sensualidade. E por que isso? Simples: eles que têm destaque na mídia e nas redes sociais!

Compreendam que o problema não é a existência dos gays brancos padrões. Eles fazem parte do movimento e representam assim como todas as pessoas de todas as classes dentro da diversidade. Não há nada de errado em ser padrão. O problema é a idealização imensa da imagem deles, essa mesma idealização que os torna símbolo de todo o movimento LGBT e modelos de um 'gay perfeito'.

O gay afeminado também representa.
O gay gordo também representa.
O gay negro também representa.
O gay trans também representa.
O gay portador de HIV também representa.
O gay com deficiência também representa.

Todos esses homens gays estão aí, no mundo, em nossa sociedade. Não só lutando contra a homofobia, mas também contra o machismo* e a heterocisnormatividade, a gordofobia, o racismo, a transfobia, o estigma e o capacitismo.

*nota: há feministas que defendem que a classe homem não sofre machismo. Mas o preconceito contra a feminilidade do gay afeminado tem uma raiz machista, até porque o machismo exalta e exige masculinidade do homem.

E não apenas os homens gays, como também todas as demais classes também representam o movimento, nossa grande diversidade de pessoas. 
Nossa diversidade também abrange lésbicas, bissexuais, assexuais, polissexuais, pansexuais, travestis, transexuais, gêneros não binários, queers, intersexuais e pessoas poliamorosas.

Olhem o tamanho da nossa diversidade!

Se ainda lhe resta dúvida sobre o que estou escrevendo aqui, comece a observar seu redor. Preste mais atenção na mídia e nas redes sociais. Busque conteúdo LGBT. O que você mais encontrará? Gs ou LBTs? Repare na atenção dada a todas as classes, e me diga qual recebe maior atenção.

E para quem acompanha o ativismo LGBT não é incomum achar prints ou observar brigas em que vemos homens gays cis brancos dando um show de, principalmente, misoginia, racismo, gordofobia, transfobia. Além de enaltecerem o padrão estético e o estilo de vida normativo em que se encaixam, como se fossem deuses da beleza e da boa conduta. Pff ¬¬

É difícil lutar contra o preconceito da própria sociedade (as pessoas hétero e cis) quando dentro do próprio movimento há também preconceitos. A luta contra a lesbo/bi/transfobia também se faz entre as classes da diversidade, além da luta contra o machismo e o racismo.

Todos os movimentos sociais estão entrelaçados de alguma forma, não importa se você é uma mulher hétero-cis ou uma pessoa negra hétero-cis. Dentro do movimento feminista e negro há também LGBTs, estamos em todo lugar. A luta está em todo lugar, seja você LGBT ou não.

Mais voz, visibilidade e reconhecimento para os outros Gs, de todas as expressões, corpos, etnias e condições!
Mais voz, visibilidade e reconhecimento para quem é L, para quem é B, para quem é T, para todxs que precisam!



9 de abr. de 2016

Meu querido "P"

Fracasso amoroso faz parte da vida. Às vezes criamos expectativas demais, confiamos demais, nos agarramos à esperanças de que tudo pode melhorar quando uma relação começa a ruiu. O importante é aprendermos e seguir em frente.
O poema de hoje é para meu segundo ficante, aquele com quem tive meu primeiro encontro.



Meu querido "P", sempre te achei bonitinho e interessante.
Nunca parei para me aproximar de ti, por mais que fosse tentador.
Eu acompanhava seu espírito de ativista, mesmo distante.
Talvez algum dia conversaremos, eu falava em meu interior.

Meu querido "P", depois de tanto tempo você me deu um sinal.
Pensei duas ou três vezes até tomar coragem enfim.
E eu te correspondi, apesar de dias antes ter sofrido por um homem do mal.
Falar com você me fez pensar que o Destino havia sorrido para mim.

Meu querido "P", que rápidos fomos nós, marcando aquele encontro nosso.
Apesar de minha empolgação, tentei ao máximo manter os pés no chão.
Era meu primeiro encontro, e ao vê-lo só quis beijá-lo, "será que posso?"
Ver o filme e sair de mãos dadas contigo só me fez pensar na próxima ocasião.

Meu querido "P", oh que desgraça!, o afeto e o contato foram caindo mais e mais.
Suas atitudes e seu silêncio mostraram seu pior, "será que de novo fui eu a errar?"
Você disse que a culpa não era minha, e me ofereceu apenas amizade, amor jamais.
Mostrei meu apoio e te ofereci amizade, e você nada fez além de me desprezar.

Meu querido "P", afinal pus um basta em minha tristeza e me livrei de ti, "que alívio".
Fiz questão de devolver o livro e o dinheiro do cinema, meu coração agora tinha vaga.
E com xingamentos e ameaças numa madrugada você retornou do oblívio.
Com compostura te acalmei e marcamos uma conversa, "me livrarei dessa praga!"

Meu querido "P", afinal fui ao seu encontro, para te ouvir e as coisas esclarecer.
Dissimulado, isso tu é, agiu como se nada tivesse acontecido, pareceu um terror de tevê.
Espero que dessa vez você desapareça, pois eu ainda tenho muito a viver.
Que fique de experiência para eu nunca conhecer outro demônio como você.



Meu querido "P", escrevi esse texto para retirá-lo definitivamente de dentro do meu ser.

Siga sua vida e eu segurei a minha.

Paz ✌



6 de abr. de 2016

Peitos

Opa! Que título é esse? Algumas pessoas podem achar interessante, outras podem achar ofensivo. Mas sim, galera, hoje vamos falar sobre peitos.

Os peitos femininos são polêmicos até os dias atuais. O motivo disso? Meras questões culturais e religiosas. Não há um motivo verdadeiramente racional que justifique uma parte da anatomia humana ser vista como polêmica; corpo é algo perfeitamente natural.

O seio feminino era normalmente censurado quando aparecia em obras cinematográficas. Ganhou espaço nos tempos recentes, aparecendo livremente em filmes e até novelas. Mesmo assim ainda há muito tabu sobre o tema, o que é uma grande hipocrisia, especialmente aqui no Brasil, onde no carnaval mulheres aparecem completamente nuas na TV, mas a nudez é adornada com pintura e arte.

O único lugar em que peitos foram sempre permitidos e muito bem-vindos é no mundo pornográfico. O patriarcado aceita os peitos enquanto num contexto erótico, feito para satisfazer o público masculino. Quando o contexto é diferente - um topless na praia ou uma simples amamentação - isso ataca o patriarcado, ataca sua objetificação do corpo feminino.

Essa ideia de erotização dos peitos nos faz reconhecê-los como órgãos sexuais. E por que seriam, visto que sequer participam na reprodução? Essa visão furada é mais uma construção social. Em sociedades indígenas as mulheres ficam com os peitos de fora, como todo mundo. Ninguém fica encarando, ninguém assedia. Qual é a diferença da cultura indígena para a cultura urbana moderna? A visão que criam do corpo humano!

Uma sociedade patriarcal molda as pessoas para serem machistas. Homens são ensinados a verem os peitos como órgãos sexuais e de uma maneira sexualmente compulsiva. E mulheres são ensinadas a esconderem os peitos para evitarem transtornos e até abusos (afinal qualquer ataque é culpa delas, segundo a sociedade ¬¬).

E os peitos masculinos? Bom, eles existem, de certa forma. Apenas são mais retos ou menos volumosos. E, claro, são permitidos de se mostrar. Eles aparecem na rua, na praia, na mídia, enfim. Ninguém polemiza. Qual é a diferença? Só se for o tamanho.

E uma última observação: o problema real não está nos peitos serem vistos, e sim como são vistos. O corpo masculino é admirado por quem atrai, e a mesma coisa sempre ocorrerá ao corpo feminino. Dar uma olhadinha não é pecado. O erro está na erotização, na malícia. E esse mesmo erro estimula o assédio, que acontece mesmo com os peitos escondidos.

Precisamos deixar os peitos livres dessas restrições.
Direitos iguais a todos os corpos!
Desconstruir o patriarcado é libertação; libertar o espírito, a mente e o corpo.



2 de abr. de 2016

Pensamento do dia

Quanto mais jovens somos, mais queremos tudo. Tudo mesmo; o mundo e o Universo. Queremos o conhecimento, o prazer, a liberdade, queremos revolucionar, queremos ser alguém no planeta. Queremos viver e aproveitar a vida ao máximo.

O mais gostoso da infância é nossa ignorância - não conhecemos nada. Gradativamente descobrimos o que existe ao nosso redor. E apesar de não conhecermos muito, nós já ansiamos pelo tudo que nos aguarda. Esse tudo vai evoluindo cada vez mais e mais. Começa nas coisas simples da vida e depois se torna coisas maiores.

A escola está prestes a encerrar seu ciclo. Depois dela há o que conhecemos como "fase adulta", nosso futuro. Temos que trilhar nosso rumo na vida, decidir qual será nossa profissão, nossa carreira, o que vai nos sustentar. E nossa, quanta coisa queremos! Se pudéssemos, seguiríamos vários caminhos (mesmo que dando mais importância para alguns do que outros). Normalmente temos um plano B ou algum caminho à parte que seria mais por diversão do que por obrigação.

Há gente que faz curso, há gente que faz faculdade. Não importa qual seja, esse é o estágio de investirmos no futuro que escolhemos. Mesmo escolhendo com firmeza a princípio, às vezes questionamos nossa decisão. É normal, todo mundo passa por isso. De todo modo não dá para negar que nesse estágio o mundo se abre completamente diante de nós.

Estou certo do que quero, mas mesmo assim há momentos em que desejo outras coisas ou mais coisas além do que faço. A profissão de farmacêutico é adequada para mim, porém desejo também ser escritor. Recentemente estive querendo cantar e compor. Às vezes quero produzir jogos de videogame. Em certas ocasiões imagino como seria ser modelo hahaha.

Enfim crescemos, amadurecemos, e temos menos ambição pelo tudo. Faz parte. Claro que há exceções, mas a maioria tende a focar mais no que escolheu anteriormente. Deixar de querer tudo... a ideia soa um tanto medonha. Contudo, isso não é o fim. É apenas um novo começo, que nos permite nos dedicar inteiramente às nossas decisões de vida.

O fim seria não querer nada, ou querer apenas o nada. Pois o nada não impulsiona ninguém à ação, nos deixa na estagnação. Quem não faz nada é cadáver. Ou o que não existe.

Não há nada de errado em querer tudo, mesmo que ao mesmo tempo. É pecado ou crime ser apenas humano? A maior tristeza de querer tudo é lembrar de nossa limitada condição humana - é humanamente impossível ter tudo.