30 de set. de 2017

Pensamento do dia

Nós, seres humanos, e nossa doce ilusão da imortalidade.

Queremos viver como se não houvesse amanhã. Quando fazemos aniversário falamos "mais um ano de vida". Gostamos de pensar num futuro e não no fim. Planejamos coisas para daqui a anos.

Adoramos falar sobre juventude. Que a velhice está no espírito, que podemos permanecer jovens. Que não podemos deixar a idade nos envelhecer, que é apenas um número.

Vemos pessoas falecendo. Animais de estimação falecendo. Plantas falecendo. E não queremos pensar que um dia teremos o mesmo destino.

Essa é uma das maiores sabedorias antigas que as gerações passadas passam (ou tentam passar) para as gerações atuais: a única certeza dessa vida é que vamos morrer.

Realmente, o que podemos saber além da morte inevitável?

O que sabemos sobre a vida? Ou o que achamos que sabemos? Não falo da vida biológica (que também é um mistério), falo da vida existencial - nossa mera existência nesse mundo caótico e de infinitas possibilidades.

Não digo também para pensarmos na morte o tempo todo. Para que pensar em algo que sabemos que algum dia chegará? Apenas digo: esquecer da morte não traz imortalidade.

O que acontece depois da morte ninguém sabe responder. As inúmeras religiões e crenças nos fornecem explicações que não podem ser comprovadas. O ceticismo ainda diz que nada acontece. Mas talvez o real significado da vida esteja na própria morte.

A morte é o oposto da vida? Faz parte dela? Ou é apenas um lado da mesma moeda?

Às vezes penso que talvez a morte nem exista. O que chamamos de morte é uma visão limitada para uma parte da vida que não podemos tocar.



27 de set. de 2017

Representatividade bissexual em séries

Setembro é o mês da Visibilidade Bissexual. Embora se fale muito sobre personagens gays ou lésbicas, personagens monodissidentes (que se atraem por mais de um gênero) estiveram ganhando espaço nas produções televisivas - apesar de não terem a mesma visibilidade que homossexuais.

E para celebrar esse mês criei essa lista de personagens que se relacionam com mais de um gênero (talvez até tire algumas dúvidas rs).

Embora no título esteja a palavra bissexual, há também personagens pansexuais.



  • Teen Wolf

Brett Talbot é um lobisomem bissexual.


  • Glee

Brittany Pierce é bi e já se envolveu com homens e mulheres na série.


  • Penny Dreadful

Dorian Gray e Ethan Chandler são bi/pansexuais.

(Dorian)

(Ethan)

  • Hannibal

Hannibal Lector é omnisexual (se atrai por todos os gêneros). Na terceira temporada é revelado que ele está apaixonado pelo personagem Will Graham.


  • Arrow

Sara Lance é bissexual. Ela já se relacionou com Oliver Queen e Nyssa.


  • American Horror Story

A Condesa, Elizabeth é bissexual e se envolveu por muito tempo com Ramona Royale, outra bissexual e uma vampira criada por ela. Will Drake se apresenta a princípio como gay, mas após se relacionar com a Condessa se revela bi.

(Elizabeth)

(Ramona)

(Will)

  • Orange Is the New Black

Piper Chapman teve uma relação afetiva-sexual com pelo menos um homem, seu marido Larry, e com a personagem Alex Vause, uma lésbica. Piper nunca assume uma bissexualidade (inclusive Alex ainda a define como hétero) e sua retratação causa controvérsias em discussões sobre sexualidade de personagens de obras televisivas. E Brook Soso se revela pansexual.

(Piper)

(Soso)

  • How to Get Away With Murder

Na segunda temporada é revelado que Annalise Keating é bissexual. Inicialmente ela não se aceitou, pensando ser lésbica. Mas eventualmente Annalise aceitou sua bissexualidade, chegando a se envolver com sua amiga Eve, que é lésbica.


  • The 100

Clarke Griffin é uma das protagonistas da série. Na primeira temporada ela se relaciona com um rapaz do grupo dos 100 jovens enviados à Terra. E na terceira temporada se relaciona com duas mulheres, uma delas a guerreira Lexa, que é lésbica.


  • House of Cards

Foi revelado pela produção da série que Frank Underwood se atrai por pessoas, embora ele não faça uso particular de alguma identificação (bi/pan) e se apresenta socialmente como hétero. Ele e Claire possuem uma relação mais emotiva que sexual. E Frank já teve um forte envolvimento amoroso com um amigo.


  • Black Sails

A série conta com pelo menos quatro personagens bissexuais (ou que se envolvem afetiva e sexualmente com homens e mulheres: Eleanor Guthrie, Anne Bonny, Capitão Flint e Thomas Hamilton. Eleanor se envolveu com homens e com Max, uma lésbica e prostituta. Anne e Max também têm uma relação. E na segunda temporada é revelado que Flint e Thomas tinham uma relação escondida.

(Eleanor)

(Anne)

 (James Flint)

(Thomas)

  • Once Upon a Time

Após um tempo de convivência, Dorothy Gale e Ruby (Chapeuzinho Vermelho) desenvolvem afeto uma pela outra. Dorothy é lésbica e Ruby é bissexual. Quando Dorothy acaba vítima de um feitiço do sono, Ruby a desperta com um beijo de amor verdadeiro. Assim as duas se tornam um casal.


  • Shadowhunters 

O feiticeiro Magnus Bane é bi/pansexual. Ele já se relacionou com várias pessoas durante seus séculos de vida. A relação mais recente foi com Alec Lightwood, um shadowhunter gay.


  • Wynonna Earp 

Waverly Earp teve um namorado por muito tempo até conhecer e se apaixonar pela policial Nicole Haught. As duas assumem o relacionamento no fim da primeira temporada.


  • Game of Thrones 

Oberyn Martell, Ellaria Sand e Yara Greyjoy são os principais exemplos de bissexuais da série. Oberyn e Elaria são bissexuais nos livros também.

(Oberyn)

(Ellaria)

(Yara)

  • Sense8

Inicialmente os protagonistas LGBTs eram Nomi (mulher trans lésbica) e Lito (homem cis gay). Nomi se relaciona com uma lésbica chamada Amanita, enquanto Lito se relaciona com outro homem gay chamado Hernando.

(Amanita e Nomi)

(Hernando e Lito)

No entanto, quando falamos de sensates  - pessoas conectadas pela mente - existe uma troca mútua de informações, habilidades, e até mesmo de sexualidade. Como a conexão entre os oito se fortaleceu, as autoras da série afirmaram que todos são pansexuais.

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Está tendo representatividade LGBT+ em séries? Está sim. E terá cada vez mais!



19 de set. de 2017

"Cura gay"

Eu não queria comentar sobre isso, mas vi necessidade principalmente por causa do tipo de repercussão que a notícia está tendo. E preciso fazer umas pontuações necessárias.

Ontem estava eu na TL do Facebook e me deparo com a seguinte notícia: “Justiça permite tratar homossexualidade como doença”. Em seguida vi que era notícia da Veja. Respirei fundo e abri a notícia.

Comecei a ler. Na primeira leitura, fiquei enojado com o absurdo retrocesso desse país. Mas ainda assim li mais uma vez. Fiz uma breve pesquisa. Refleti sobre o assunto e comentei de forma resumida no Twitter.

Estou escrevendo esse texto para esclarecer toda essa polêmica, visto que há pessoas que nem leram a notícia e outras que nem estão entendendo o que está acontecendo. E também para apresentar outras perspectivas pertinentes sobre esse caso.

A resolução de 1999 editada pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) passou a proibir que profissionais de Psicologia realizassem terapia de “reversão sexual” ou de reorientação – ou seja, mudar a orientação sexual do indivíduo. Mesmo que a pessoa exija, não é permitido. O mais correto e humano é encaminhar a pessoa para que aceite sua sexualidade. E vale lembrar que até hoje ninguém conseguiu mudar de orientação sexual, seja por vontade própria (não, não existe ex-gay) ou por métodos terapêuticos (sendo que vários foram empregados de maneira antiética e causaram transtornos mentais e suicídios).

Essa resolução foi feita em virtude da OMS ter retirado em 1990 a homossexualidade (não é mais homossexualismo, tá?) dos catálogos de transtornos mentais.

Alguns "profissionais" da área tiveram seu registro cassado por promoverem a tal "reversão sexual". E, claro, todos motivados por religião. Dessa vez, uma fanática cassada, apoiada por outros da mesma laia, entrou com uma ação judicial contra a resolução.

Um juiz de DF acatou e entrou com uma liminar, que é um pedido específico dentro de uma ação. Ele não anulou a decisão da OMS e nem a resolução de 1999. Ele está tentando abrir uma concessão dentro da resolução. Ou seja, homossexualidade não voltou a ser classificada como transtorno, nem a nível nacional. Ressalto isso porque vi gente interpretando assim.

Mas ainda assim, essa liminar é definitivamente um gigantesco retrocesso sem precedentes e uma atitude que reflete a homofobia internalizada no âmbito jurídico e o avanço do fanatismo religioso. Estão novamente tentando patologizar a homossexualidade (consequentemente todas as orientações que não são hétero)!

Com essa liminar, gays e lésbicas podem ser tratados como doentes e podem ser atendidos, por escolha própria, por psicólogos para tentar mudar sua orientação sexual. Na psicologia existe um termo chamado “orientação sexual egodistônica”, que é a condição em que um indivíduo deseja mudar sua orientação por ela lhe causar algum sofrimento. Então essa liminar, até onde pude entender, serve a princípio para as pessoas egodistônicas.

No entanto, e como já foi falado, está mais do que comprovado (e isso porque homossexuais foram cobaias por muitos anos) que não é possível mudar a orientação sexual de alguém. A egodistonia tem uma única causa: o preconceito. A homofobia é uma opressão estrutural, ou seja, ela está na sociedade em todos os âmbitos. Ela é a causa do sofrimento e das estatísticas de violência e morte contra homossexuais. Infelizmente parece que é mais fácil quererem tratar uma sexualidade do que uma discriminação.

E aliás, falei de pessoas egodistônicas maiores de idade! Essa mesma liminar abre uma brecha perigosa para famílias religiosas e conservadores quererem "internar" crianças a adolescentes LGBTs (como se não bastasse as igrejas por aí que ainda tentam converter as pessoas).

Independentemente da idade, essa decisão poderá abrir portas para experimentações antiéticas e torturas psicológicas. Se mesmo com a resolução do CFP ainda ocorrem casos de tentativa de reorientação, então a situação pode piorar. Resoluções e leis mal são cumpridas nesse país.

E tendo em vista o conhecimento precário de muitos profissionais da própria área sobre sexualidade e gênero, essa liminar com certeza pode atingir também bissexuais e transexuais e travestis. Afinal, na mentalidade da população geral, bissexual é “meio-homossexual” e transexuais e travestis são uma evolução dos gays.

Outro ponto importante e que é raramente discutido é como estamos usando a palavra homofobia. Na prática, a população geral acaba usando homofobia para discriminação de pessoas LGBTs. Está errado, visto que as opressões vivenciadas por homossexuais, bissexuais e pessoas trans são distintas. Mas nem é disso que vou falar. Ontem no Twitter milhares de pessoas utilizaram em repúdio a liminar a tag #HomofobiaÉDoença. Até eu participei disso. E depois percebi meu erro. Homofobia é um preconceito que pode se tornar crime de ódio. Ela é uma opressão estruturada na sociedade, e afirmá-la como uma “doença mental” reforça mais os estigmas contra a parte da população que é portadora de transtornos e doenças mentais. Por favor, evitem fazer essa afirmação!

Sobre todas as pessoas se manifestando, fico imensamente feliz com isso. Agora devo também cobrar: onde está toda essa união para retirar a transexualidade do CID (Código Internacional de Doenças)? E sabiam que a bissexualidade – mesmo não sendo considerada, em si, um transtorno – aparece como “sintoma” de alguns transtornos? Linda essa revolta contra um retrocesso que atinge (primariamente) gays e lésbicas cisgêneros. Mas as outras letrinhas da sigla LGBT estão precisando de ajuda também.

Concluindo, a liminar foi feita por apenas um juiz (nem é formado em psicologia!) e o CFP em conjunto com organizações pró-LGBT irão recorrer contra isso. Projetos de “cura gay” já foram derrubados e espero que dessa vez não seja diferente.

Toda essa polêmica reforça o quanto precisamos falar da homofobia estrutural e tomarmos cuidado para o rumo que nosso país está tomando, que até então tem sido retrocesso atrás de retrocesso. A comunidade LGBTQIAP+ continua sendo ameaçada! Precisamos parar de ficar fazendo meme e lutar!



16 de set. de 2017

Transexpressão

Esse é um conceito bem novo. Cada vez mais assuntos como identidade de gênero e transgeneridade têm ganhado espaço e atenção. Mas hoje o assunto é sobre expressão de gênero.

A transexpressão é quando a expressão de gênero de uma pessoa muda periodicamente, mas seu gênero permanece estático. Ou seja, nada tem a ver com pessoas gênero-fluído. E quando se fala expressão pode ser nas roupas e/ou no comportamento.

Então, tanto pessoas cis quanto pessoas trans podem experienciar a transexpressão. Uma pessoa com um determinado gênero pode sentir que sua expressão varia entre masculina, feminina, andrógina, neutra e alguma outra fora desse espectro.

Isso não quer dizer que todas as pessoas transexpressivas variam entre todas essas qualidades. Podem ser entre duas ou mais delas.

Decidi abordar sobre o assunto porque eu mesmo me descobri um homem cisgênero transexpressivo há pouco tempo. Não sei quando exatamente, mas comecei a reparar em mim mesmo mudanças de expressão. Há períodos em que me percebo como um homem masculino; em outros, um homem feminino; e em outros, homem neutro.

Eu não sabia explicar isso porque não sou gênero-fluído. Até que uma pessoa não-binária que é muito informada sobre a diversidade de gênero me apresentou o conceito. E finalmente pude explicar minha vivência.

É possível fazer uma comparação entre transexpressão e "não-conformidade de gênero" (gender non-conforming - GNC). Para quem não sabe, GNC é quando uma pessoa "não expressa seu gênero da forma socialmente esperada" - por isso foi muito utilizado para homens afeminados e mulheres masculinizadas.

O conceito de GNC não me agrada e não considero apropriado para ninguém. Mas ainda há pessoas da comunidade que utilizam o termo (não de uma forma pejorativa). Isso deve ser respeitado.

Concluindo, não temos apenas diversidade de identidades de gênero, como também de expressões de gênero. A formação de conceitos como esse é importante para que outras pessoas se encontrem. E você? É uma pessoa transexpressiva?



13 de set. de 2017

O que é opressão estrutural?

Demorei um tempo para compreender o conceito de opressão estrutural. Fui lendo e pesquisando sobre o assunto e consegui formular minha própria concepção. Entretanto, percebo que muitas outras pessoas sabem e ao mesmo tempo não sabem o que é.

Em minhas reflexões, acabei pensando numa resposta simples para essa questão. É uma analogia um tanto infantil, mas de fácil entendimento.

Temos uma casinha. Ela foi construída por formas geométricas que são quadradas. A porta de entrada da casinha é, portanto, quadrada. Somente quem é quadrado passa por ela.

A casinha é a sociedade. Quem entra nela tem acesso aos privilégios. Quem não consegue entrar, não acessa os privilégios - fica na exclusão, à margem da sociedade.

A entrada da casinha foi estruturada para apenas uma forma. Logo também é estruturada para impedir a entrada de outras formas.

Isso é uma opressão estrutural. Quando uma sociedade está estruturada para privilegiar um ou mais grupos enquanto ao mesmo tempo exclui outro grupo ou mais.

Por isso pode-se observar que os preconceitos não se limitam a apenas agressões verbais ou físicas vindo de cidadãos comuns ou dos discursos de ódios no cotidiano ou nas redes sociais. O sistema, as instituições, a legislação, a educação, todos esses fatores também praticam as discriminações.

Antes não existia casamento homoafetivo, porque a heteronormatividade estruturou a sociedade para excluir casais homoafetivos. Pessoas negras não têm acesso fácil à educação por causa do racismo estrutural. Muitas lojas de roupa não têm todos os tamanhos de vestimenta para pessoas gordas. E assim por diante.

Espero que o conceito tenha ficado mais claro agora.



9 de set. de 2017

Pink money

Alguma vez você leu ou ouviu o termo "pink money" (lit. dinheiro rosa)?

Esse termo representa, falando de maneira bem resumida e crua, todo lucro gerado utilizando-se de alguma forma a comunidade LGBTQIAP+.

Inicialmente pesquisas apontavam que o público gay gastava mais que o público hétero-cis. A razão principal de haver renda para isso era o fato de gays não terem filhos. Então houveram empresas e organizações empenhadas em agradar esse público para gerar mais lucro. Até hoje o turismo é a maior fonte de pink money.

Quando marcas decidem ser inclusivas e mostrar apoio à causa LGBT+, elas atraem membros da comunidade e passam uma imagem positiva, o que acaba atraindo pessoas hétero-cis aliadas ou a favor da diversidade. Existem artistas e figuras públicas que seguem a mesma linha.

Estima-se que o pink money movimenta cerca de 3 trilhões de dólares no mercado mundial! Sim, é muita coisa. A causa pró-LGBT+ esteve sendo muito rentável...

Não há como negar que a promoção da tolerância por parte de indústrias e personalidades da mídia tem seus efeitos positivos para a comunidade, como aceitação e empregabilidade.

E também não podemos ignorar a questão de que os maiores movimentadores desse "capitalismo colorido" são homens cis gays brancos. Qual o problema de eles terem e gastarem dinheiro? Nenhum! Mas a prevalência deles abre discussões importantes (e ignoradas) sobre as desigualdades socioeconômicas em função de etnia e gênero.

A população negra e a população trans de modo geral ainda são muito marginalizadas e não têm acesso às mesmas oportunidades (e privilégios) que homens cis gays brancos. Onde o pink money está ajudando essas pessoas?

Além de tudo isso, a maior questão sobre o pink money é como o lucro gerado é utilizado posteriormente. Ele está apenas engordando bolsos ou sendo revertido para caridades e políticas pró-LGBT+? Ainda há muita discriminação e nem toda a comunidade está inserida nesse tal mercado LGBT+.

Por isso que incentivo a todxs a pesquisarem sobre o que empresas e pessoas fazem com os lucros conseguidos em ações pró-LGBT+. E também sobre o que fazem em prol da comunidade. Cuidado com os oportunismos!



6 de set. de 2017

Terminologia B

A comunidade bissexual sempre travou sua própria luta separada de gays e lésbicas devido ao preconceito dessas pessoas e de heterossexuais. Da comunidade bi surgiram outras identidades reafirmando suas sexualidades direcionadas a mais de um gênero/sexo. Por isso a militância bi cunhou palavras que explicassem suas vivências.

Antes de tudo devo fazer a ressalva de que estou utilizando o termo bi como guarda-chuva para todas as identidades que se atraem por mais de um gênero. Portanto haverão mais termos do que aqueles utilizados apenas por bissexuais.



Bissexual: geralmente uma pessoa atraída por homens e mulheres (cis ou trans). No entanto, pessoas que se identificam como bi podem atrair-se por mais de dois gêneros, incluindo gêneros não-binários. Bissexual ainda pode ser usado como termo guarda-chuva para toda pessoa atraída por mais de um gênero (nem toda pessoa poli ou pan aceita ser enquadrada no termo).
Polissexual: pessoa atraída por muitos gêneros, mas não todos. Geralmente adotam essa identidade quando a atração é por três gêneros ou mais.
Pansexual: antigamente o conceito dizia ser uma pessoa atraída por todos os gêneros. Atualmente o conceito mais usado é atração independente de gêneros.
Monodissidente: termo usado para todas as pessoas que não são monossexuais, principalmente quem se atrai por mais de um gênero (bissexuais, polissexuais, pansexuais, pessoas sem rótulo, pessoas de sexualidade fluída, etc). Também inclui pessoas assexuais. Muito usado dentro da militância bi para separar essas pessoas de monossexuais.
Monossexual: termo usado para definir pessoas que se atraem por um gênero, ou seja, heterossexuais e homossexuais.
Multissexual: termo usado para englobar todas as orientações sexuais direcionadas a mais de um gênero. Algumas pessoas podem querer usá-lo como orientação sexual.
Fluidez sexual: quando a atração de uma pessoa muda naturalmente de alvo(s) e também em sua intensidade. Pessoas multissexuais não são necessariamente fluídas. A fluidez pode ser vivenciada por qualquer pessoa, mesmo monossexuais. Pessoas de sexualidade fluída experienciam a fluidez com mais frequência.
Bifluxo: pessoa que se atrai por dois gêneros ou mais e cujo alvo de atração ou preferência pode mudar periodicamente, podendo se manter entre os gêneros "de sempre" ou mesmo atrair-se por outros.
Hétero-flexível: pessoa que vivencia a heterossexualidade na maior parte do tempo, porém também pode ter alguma atração eventualmente por outros gêneros. A experiência não é suficiente para a pessoa se identificar como bi/multi. É um exemplo de fluidez.
Homo-flexível: pessoa que vivencia a homossexualidade na maior parte do tempo, porém também pode ter alguma atração alguma atração eventualmente por outros gêneros. A experiência não é suficiente para a pessoa se identificar como bi/multi. É um exemplo de fluidez.
Obs: as identidades flexíveis causam ainda controvérsias dentro e fora da militância bi.
Bicuriosidade: quando uma pessoa monossexual se sente aberta a relacionar-se com alguém de um gênero que normalmente não lhe atrai, mesmo que seja apenas uma vez. As identidades flexíveis podem ser encaixadas nela.
Mononormatividade: imposição da monogamia como a única relação correta e válida. É a opressão que atinge pessoas não-monogâmicas. Essa pauta acaba sendo adotada pela militância bi por haver uma quantidade considerável de monodissidentes praticantes do poliamor.
Monossexismo: a ideia de que as pessoas só se atraem por um gênero. É uma opressão sustentada pela heteronormatividade e a origem de toda discriminação contra monodissidentes (e contra assexuais até certo ponto).
Bifobia: toda discriminação contra bissexuais. Pode também ser usada para a discriminação de polissexuais e pansexuais. Quem não quiser, pode usar, respectivamente, polifobia e panfobia. Não se deve utilizar homofobia para bissexuais, pois são discriminações diferentes.
Bimisoginia: discriminação específica contra mulheres bissexuais, sendo a intersecção da heteronormatividade (monossexismo) e do sexismo do patriarcado.

Para mais algumas informações, confira aqui.