22 de set. de 2018

Nota de esclarecimento

Ontem recebi um comentário dizendo que eu só aceito e respondo os comentários que eu quero.

Pois bem... é verdade. :D

Esse blog não é uma democracia. ^^

Que absurdo, né? Não, não é absurdo. Agora falando sério...

Esse blog é meu espaço. Tenho autonomia aqui e faço o que quero. Talvez seja o único local virtual onde sou plenamente livre.

Não permiti que pessoas comentassem à vontade nas postagens porque previ comentários escrotos. E, bem, quase todos os comentários que não permiti até hoje eram dessa natureza. Teve um ou outro que eram apenas banais ou bem desinformados.

Se vocês acham que sou obrigade a ler escrotice, deixar ela ser lida pelo resto do mundo, e que ainda tenho que responder, bom, vocês se enganaram, e estão mais do que convidades a fazerem isso em seus próprios espaços.

Uma coisa é a pessoa não entender algo e pedir explicação ou querer realmente debater. Outra é ela rejeitar tudo que falei e ainda fazer questão de me responder com agressividade, preconceito, ironia e verborreia. E quem quiser falar diretamente comigo e discutir, tenho minhas redes sociais, que são mais liberadas que aqui.

Os artigos que mais atraem gente escrota são XX e XY e Assexual - Grissexual - Alossexual (curiosamente foram postados em sequência haha). São artigos de 2016 com ideias ultrapassadas e conceitos equivocados. E nem adianta postar um link com artigos mais atualizados, as pessoas pelo visto têm preguiça de clicar no link...

Sobre o sexo biológico, bem, não há muito o que se fazer por quem não entendeu a ideia que defendi. Ninguém é obrigade a aceitar. Agora me responder distorcendo o que falei, me chamando de esquerdista/comunista, e rebatendo com tudo que contra-argumentei no texto inteiro, não vou perder meu tempo respondendo alguém assim. É igual falar com uma porta.

Se alguém realmente não entendeu o motivo de haver tantas identidades, estou colocando aqui dois artigos explicando. Isso foi o que mais gerou polêmica no artigo sobre o espectro assexual. E eu até compreendo quem pode achar essas identidades esquisitas e questionar a utilidade delas. Agora chegar no meu texto só invalidando e tirando sarro de tudo que escrevi, não, isso não é debate.

O melhor de tudo é que a maioria dos comentários escrotos até hoje foi de pessoas anônimas. Incluindo esse de ontem. Ué, me cobra democracia, mas nem sai do anonimato? Que luxo, né? E comentários escrotos anônimos definitivamente não merecem atenção.

Enfim, resumindo: comentários escrotos não serão aprovados. As pessoas têm a vastidão da Internet pra falar escrotice. Aqui não. Paz!



19 de set. de 2018

Posicionamento político

Muita gente cobra posicionamentos de figuras públicas sobre temas, grupos, e acontecimentos. Isso é natural, pois quando gostamos ou seguimos o trabalho de alguém, queremos nos identificar com aquela pessoa, tê-la como uma referência.

Por isso pessoas com destaque, que fazem algum sucesso, que estão envolvidas com produções audiovisuais e/ou musicais acabando tendo que assumir o peso de "escolher lados".

Não digo isso de forma negativa, ainda mais se tratando de minorias sociais (aqui não existe imparcialidade, tá?). Todes nós pensamos alguma coisa, mesmo quando temos pouquíssima informação. Sempre temos um lado.

Essa cobrança é ainda maior quando determinada pessoa atrai atenção de públicos bem específicos. Vou focar aqui na comunidade LGBTQIAPN+. Atrair a atenção da comunidade é um compromisso importante. Ter pessoas oprimidas pelo sistema consumindo seu produto e contribuindo com sua fama te torna, no mínimo, obrigade a esclarecer se está ou não ao lado dessas pessoas.

Estamos num período agitado de eleições, e as pessoas estão se separando mais e mais por causa das opções de presidenciáveis. E não estou reclamando disso. Pessoas revelaram seu caráter (ou falta dele) apoiando certos nomes que se comprometem com a desigualdade e a opressão. Por isso mais ainda figuras da mídia estão sendo cobradas de um posicionamento.

Não demonstrar posicionamento ou se recusar a dizê-lo são atitudes vistas de forma negativa. O silêncio pode indicar ser a favor de nomes problemáticos, ou a falta de coragem de se manifestar contra eles. E se há covardia, pode-se pensar muitos motivos, incluindo interesses próprios.

A comunidade está mais do que farta de silêncios e ambiguidades. Aqui não tem relativismo também. E não é mera questão de opinião política, é uma questão moral também.

Se quem está fazendo fama não compreendeu isso, ou essa pessoa é muito ingênua, ou ela realmente não se importa com seu público.

Essas pessoas devem ser cobradas sim! Independentemente da resposta, deve haver uma resposta. Não acho que podemos obrigar as pessoas a falarem. Mas caso não haja uma resposta, o público vai reagir como quer.

Fiquemos com quem tem posicionamentos, quem não tem medo de se manifestar, e quem está a favor da igualdade e do progresso. Posicionamento político é muito mais que uma simples opinião: é revelar sua forma de pensar sobre o mundo e as pessoas - e se essa forma está inclinada para a exclusão ou para a equidade.



17 de set. de 2018

Não-binariedade: Alinhamentos #2

Anteriormente eu havia explicado sobre os alinhamentos de gênero. Aqui darei foco em novos termos cunhados para os alinhamentos parciais (ou semi/semi-alinhamentos), ou seja, identificações parciais com os gêneros binários, não-binários, e alguma outra coisa (ex: xênique).

Confiram a primeira postagem aqui.



Vesperiane: parcialmente solariane, parcialmente lunariane, e parcialmente alguma outra coisa.


Equiniane: parcialmente lunariane, parcialmente estelariane, e parcialmente alguma outra coisa.


Solstiane: parcialmente solariane, parcialmente estelariane, e parcialmente alguma outra coisa.


Consteliane: parcialmente solariane, parcialmente lunariane, parcialmente estelariane, e parcialmente alguma outra coisa.


Alvoriane: fluidez entre os alinhamentos.


Segue abaixo novas bandeiras para os termos auroriane, crepusculiane, celestiane e singulariane.





Segue abaixo uma imagem ilustrativa sobre todos os alinhamentos e combinações entre eles.




12 de set. de 2018

Divulgação: canais LGBT+

Segue abaixo mais canais centrados na comunidade LGBT+.

Vejam aqui os outros artigos com outros canais divulgados: [1], [2], [3].



Abacaxi Azul

Adriano é um homem cis gay que discute muitas questões referentes ao meio gay, além de outras questões como acontecimentos do cotidiano e sobre aparência e autoestima.


O Mundo do João Marcus

João é gay cis, negro e nordestino. Ele aborda sobre questões LGBT/gays principalmente e outros assuntos, como cultura e seu cotidiano.


RPeriférico

Célio é um gay cis negro e da periferia carioca que fala sobre muitas questões LGBT e raciais, e outros assuntos sociais e da mídia.


Marias do Brejo

As Marias, um casal sáfico e negro, abordam questões LGBT e raciais principalmente, também falando de positividade corporal e algumas outras questões sociais.


Rolêgbt

Weber faz vídeos sobre cultura LGBTQIA+, falando de eventos, campanhas e assuntos internos dos segmentos da comunidade.


Dos Anjos

Rafael fala sobre muitas questões do meio gay e sobre fatos e polêmicas do momento.


Queer Haus

Abhner é uma pessoa não-binária e aborda sobre muitas questões da comunidade LGBTQ+.


DRAG-SE

Um canal bem amplo sobre diversidade, focando em arte e entretenimento e outras questões.


TV em Cores

Um canal sobre cultura nerd numa perspectiva LGBT.


Viaja Bi!

Um canal focado em turismo LGBT.




8 de set. de 2018

Pacifismo

AC: violência, discriminação, fascismo.



Quinta-feira tivemos o ocorrido que nem farei questão de comentar. Em meio a todo esse caos percebi muita gente tomando o caminho "paz e amor"; uma parte condenando o ato, e outra parte se solidarizando e defendendo a democracia.

Sinceramente, não vou brigar com quem tem esse posicionamento. Inclusive, até acho que fazem o certo se posicionando assim, principalmente es candidates.

A questão é que eu não acredito em pacifismo. Vou explicar o motivo.

Eu desisti totalmente do pacifismo ano passado quando surgiu aquela onda de neonazistas. É realmente o cúmulo que em plena era da informação surjam pessoas com ideologia de segregação e morte contra etnias e seguidories de determinadas religiões. Não é falta de informação, é simples falta de humanidade.

Quem tem disposição pra tentar um diálogo, fique à vontade. Eu não tenho. Muitas outras pessoas não têm mais. E acho sim besteira tentar conversar com fascistas. Acho muita ingenuidade e de uma passividade irritante.

Não vejo outra solução a não ser prender essa gente e, se possível, matar mesmo.

Ah, estou sendo muito radical? Então vamos analisar o seguinte cenário:

Grupos minoritários estão há muito tempo numa situação desesperançosa de desigualdade e violência. Pessoas desses grupos sofrem todo tipo de violência e são mortas todo dia. Há uma sociedade inteira pra apontar o dedo e dizer que esses grupos são lixo, escória, não merecem, não podem, não devem, não têm o direito de existir e viver. Isso fode o psicológico de qualquer ume. Não nem há justiça para proteger e garantir a tal cidadania.

E depois de tudo isso ainda exigem que esses grupos tenham paciência, sejam "superiores", que não vejam a violência como opção??? Na boa, ou essa gente é realmente muito ingênua, ou no fundo caga para esses grupos. Não penso em outra explicação.

Eu sei que é lindo esse discurso humanitário e pró-vida de que todes merecem viver, que só o amor combate o ódio, e que violência não resolve nada. Agora eu me pergunto duas coisas: a) se quem faz esses discursos enfrentou violência "suficiente"; e b) quantas dessas pessoas lá no fundo não gostariam que fascistas sumissem do mundo.

Direitos humanos? Linda teoria. Mas nem ela está impedindo a morte dos grupos minoritários, nem condenando devidamente quem está matando esses grupos. Ah, e esses direitos só são válidos quando a pessoa está viva, sabia? Depois que virou estatística, esquece.

Enquanto essa merda de sistema não melhorar e não garantir a segurança das pessoas, estou mais do que foda-se pra vida e pros direitos humanos de fascistas. Quero ver fascistas tomando porrada, perdendo pedaço, e morrendo. Quero ver as minorias resistindo sim! Quero ver as minorias defendendo suas vidas!

Acham violência grupos minoritários quererem matar quem quer matá-los? Eu prefiro chamar de reação de oprimide. Já chega de virar estatística e esperar por uma justiça que quase nunca acontece. Pessoas estão morrendo apenas por causa de raça, classe, sexualidade, gênero etc, e criminoses continuam andando livremente pela rua e dormindo tranquilamente toda noite.

Mais uma coisa: nenhuma guerra foi vencida e nenhuma revolução foi feita com pacifismo. Quem quiser jogar flores pra fascista, fique à vontade. Eu prefiro jogar uma bomba mesmo.

#PAZ



5 de set. de 2018

Não-monogamia

A não-monogamia é um termo guarda-chuva para todas as práticas de relação (sexual, romântica, platônica etc) que de alguma forma está fora dos padrões da monogamia. Eu gostaria que houvesse uma palavra diferente, mas até o momento essa é a usada.

(O mobius roxo, símbolo associado com a não-monogamia)

Há uma grande variedade dentro desse grupo. Os modelos de relação não podem ser simplesmente divididos em monogamia e poliamor. Inclusive há relações que podem ser temporárias/momentâneas ou mesmo experimentadas uma única vez, como as práticas de swing (troca entre dois ou mais casais) e sexo casual (principalmente com muites parceires e sem envolvimento afetivo).

Pessoas que aderem à relação aberta (ou agoragamia) não se definem como pessoas poliamoristas, embora possam ter envolvimentos afetivos com outres além de sue(s) parceire(s). Relações abertas, principalmente relações a dois, costumam funcionar bem quando todas as partes cumprem regras pré-estabelecidas.


Poliamor consiste na relação com múltiplas pessoas ao mesmo tempo. Dentro desse grupo podem haver conjuntos com polifidelidade (relações fechadas), pessoas namorando entre si e em relações abertas, cadeias de pessoas onde nem todas se relacionam, etc. O mais interessante e divertido do poliamor são as muitas possibilidades.


O que diferencia poliamor de poligamia é que ela é por definição casamento entre mais de duas pessoas. Ela é institucionalizada em vários países da África e Ásia, mas somente quando entre um homem e várias mulheres (poliginia). Geralmente são relações em si problemáticas e opressivas. Poliandria (uma mulher com vários homens) não é permitida em nenhum país.

Panamor é um termo específico para pessoas que formam relações com muites parceires independentemente de gênero e atração.


Existe também a anarquia relacional, que parte da filosofia de que relações não necessitam de regras, rótulos ou hierarquias, permitindo que as pessoas enxerguem e administrem seus vínculos como quiserem.


A não-monogamia também inclui pessoas que rejeitam um ou mais tipos de relações, afinal, também são práticas que fogem da monogamia e são alvos da mononormatividade.

Anamor (tradução minha de nonamory) define uma escolha ou estilo de vida que dispensa relações afetivas (românticas e platônicas) íntimas e de longa duração. A pessoa prefere focar em amizades, famílias ou em si mesma; e pode ou não ser sexualmente ativa.


O aroamor é um termo mais específico para pessoas arromânticas que nunca sentem atração romântica e nunca se envolvem numa relação romântica.


Por fim a agamia é um estado de rejeição total à qualquer relação e casamento, chegando ao ponto de rejeitar o ato da reprodução.


Todas as formas de não-monogamia merecem respeito e reconhecimento, tanto social quanto jurídico (especialmente em casos de famílias ou conjuntos poliafetives). As pessoas devem ser livres para se relacionarem (ou não) com quem quiserem e como quiserem; claro, sempre havendo consenso de todas as partes. A não-monogamia é válida!



1 de set. de 2018

A sua linguagem

O mesmo sistema que impõe gêneros de acordo com o sexo biológico é o mesmo que impõe uma linguagem. Quem é homem usa o/ele/o, quem é mulher usa a/ela/a. Mesmo quando saímos desse binário ainda existe a imposição de que somente essas duas linguagens são válidas.

Quando se tem consciência disso, quando se questiona isso e por que não pode haver mais opções, nos vemos diante de uma oportunidade que quem não questiona o sistema não percebe ter: de escolher por si sua linguagem.

Não importa que você seja designade homem e ainda use o/ele/o, ou designade mulher e use a/ela/a. O que importa aqui - a ideia central desse texto - é você sair do modo automático e entender que a linguagem pode ser diversa e pode ter propósitos pessoais.

Ressaltando também que a linguagem não deve ser usada pra definir um gênero. Ela é antes de tudo algo que representa a pessoa. Vamos tirar da cabeça que só homem pode usar ele, só mulher pode usar ela, e que, sei lá, só gênero neutro pode usar elu.

Quais os critérios para se escolher ou montar sua linguagem? Depende de muitos fatores.

Pode ainda haver pessoas que discordem da neolinguagem e prefiram usar uma ou ambas as linguagens normalizadas. Isso é um direito delas. Só não é correto impor isso ou até usar contra quem usa neolinguagem!

A pessoa pode preferir uma das linguagens normalizadas por motivos de:

- ter se acostumado com ela;
- ser uma forma de rejeitar a outra linguagem;
- sentir-se em harmonia com a qualidade "masculina"/"feminina" transmitida;
- ou mesmo por ter uma leitura de um gênero binário e se "conformar" que a maioria vai tratá-la com essa linguagem (o que não acho tão saudável).

Há pessoas que podem utilizar ambas as linguagens, tendo ou não preferência, porque gostam de ambas, porque se identificam com as qualidades masculina e feminina, porque querem transgredir a ideia de que pessoas só podem ter uma linguagem, e qualquer outro motivo.

Agora quem usa neolinguagem pode ter outros fatores, como:

- apenas gostar da sonoridade do conjunto;
- querer transmitir uma qualidade neutra/andrógina/única/não associada com a binariedade;
- querer algo que se misture com as linguagens normalizadas (ex: a/ele/a, a/ela/o, o/elu/a, a/ile/o);
- querer algo semelhante às linguagens normalizadas (ex: artigo u, pronomes ilo, ila);
- querer transgredir as normas da língua como um ato político;
- criar uma linguagem nova, mas pronunciável;
- criar uma linguagem nova, mas impronunciável/sem pronúncia aparente (ex: x/elx/x);
- ter uma pronúncia comum, mas a forma escrita mostra ser diferente (ex: eli, ely);
- ser uma linguagem parecida com outro idioma (ex: alguém que queira usar artigo le);
- ser baseado no latim ou outro idioma antigo (pronome ilu, que veio de illud);
- ser uma linguagem "estranha" ou "fora do comum" (ex: pronomes els e eld, final de palavra é);
- ter uma linguagem restrita a certos lugares e espaços (como quem usa emojis como pronome);
- rejeitar o uso de conjuntos ou de suas partes (ex: quem não usa pronome ou artigo);
- e algum outro fator que a pessoa considere relevante.

Lembrando que todos os fatores citados devem ser considerados pela pessoa pensando nela mesma. Ou seja, cada critério é válido somente para ela.

Se uma pessoa opta pelo pronome elu para ser "neutro", tudo bem. Só é errado essa pessoa dizer que esse pronome é neutro e todes devem usá-lo com isso em mente. Outra pessoa pode querer usar apenas por não ser nem ele ou ela. Assim como há pessoas que podem usar a/ela/a ou o/ele/o apenas porque gostam e sem associarem às qualidades feminina e masculina.

E sobre pessoas que utilizam mais de uma linguagem, uma coisa que considero importante é priorizar as preferências. Mesmo que uma pessoa use uma neolinguagem e uma das linguagens normalizadas, se a mesma disser que prefere a neolinguagem, o mais ético a se fazer é usá-la. Muitas pessoas podem usar a/ela/a ou o/ele/o por causa da rejeição à neolinguagem e leituras cisnormativas do meio, e isso não deixa de ser opressivo mesmo quando a pessoa diz "não se incomodar" com as linguagens normalizadas.

Seja você NCL ou não, sendo pessoa não-binária ou mesmo binária, é importante entender o que é a linguagem para entender a si mesme e as outras pessoas. E você? Qual é a sua linguagem?