AC: reducionismo identitário, intolerância contra identidades.
Com o avanço das discussões sobre a diversidade veio uma erupção de identidades. Não apenas as identidades LGBTQ, mas também outras além da sigla mais reconhecida (intersexo, assexual, pan etc), e muitas outras que já foram cunhadas e ficam na obscuridade dos espaços virtuais mais isolados. E com certeza ainda há identidades sendo cunhadas ainda, talvez nesse exato minuto. Sem contar outras identidades que podem existir por aí, exclusivas de um país, de uma comunidade, ou de um grupo fechado, e que não são divulgadas.
Com o avanço das discussões sobre a diversidade veio uma erupção de identidades. Não apenas as identidades LGBTQ, mas também outras além da sigla mais reconhecida (intersexo, assexual, pan etc), e muitas outras que já foram cunhadas e ficam na obscuridade dos espaços virtuais mais isolados. E com certeza ainda há identidades sendo cunhadas ainda, talvez nesse exato minuto. Sem contar outras identidades que podem existir por aí, exclusivas de um país, de uma comunidade, ou de um grupo fechado, e que não são divulgadas.
O que costuma criar uma identidade são demandas e a necessidade de descrever experiências ou características em comum de um grupo. E pessoas adotam identidades para ter um senso de pertencimento (ser de um lugar, parte de um grupo), assim como dar um sentido para suas vivências. Quando falamos de identidades de pessoas marginalizadas, temos também o lado sociopolítico. É o caso das identidades da comunidade LGBTQIAPN+.
Mulheres que se atraem apenas por mulheres vão se sentir contempladas pela identidade lésbica. Pessoas com atração por homens e mulheres vão se reconhecer na identidade bi. Todes que não se identificam com o gênero imposto pelo meio vão se encontrar entre pessoas com a identidade trans. Enfim. Esse é o ponto central para se adotar identidades.
Entretanto, não é a única razão para isso. Existem outras razões, pessoais ou não, positivas ou negativas, para se adotar ou se apresentar para outres com determinada(s) identidade(s).
Pessoas podem adotar identidades mais gerais por serem mais conhecidas, e assim ser melhor entendidas e/ou acessar melhor comunidades com pessoas com a mesma identidade ou pelo menos as mesmas experiências.
Pessoas podem adotar identidades mais gerais com receio de serem rejeitadas ou agredidas devido a atitudes antagônicas frequentes contra identidades mais específicas. Identidades multi, a-espectrais, ou não-binárias são alvos constantes disso. Pessoas podem se apresentar como bi para evitar discursos contra pan, por exemplo, mesmo que atração pan esteja mais em pauta atualmente. Imaginem outras identidades multi menos conhecidas?
E precisamos muito falar nisso, pois é realmente opressivo ter que esconder uma identidade para evitar essas situações, ainda mais se aquela identidade é aquela que te descreve plenamente. Precisamos começar a romper com ataques contra identidades menos conhecidas, seja por intolerância ao segmento todo ou apenas reducionismo.
Pessoas podem adotar identidades que as contemplem no momento. Mas quando passam por uma fase de descoberta podem mudá-la. Pessoas que antes se consideravam gay/lésbica e hétero podem depois se descobrir multi e adotar uma identidade multi.
Falar na possibilidade de mudar de identidade como algo válido e pessoal também é importante, pois é algo também taxado negativamente como confusão ou necessidade de aparecer.
Falar na possibilidade de mudar de identidade como algo válido e pessoal também é importante, pois é algo também taxado negativamente como confusão ou necessidade de aparecer.
E mesmo pessoas numa identidade contemplativa, mas que após descobrirem-se mais podem achar outras mais úteis ou relevantes, podem permanecer na mesma identidade quando há poucas pessoas a usando, para assim manter um número desse segmento. Pode ser o caso de uma pessoa que sabia ter uma atração múltipla, escolheu poli, depois percebeu ter atração por todos os gêneros, e em vez de mudar para pan ou oni, permanece usando poli, por ser uma comunidade muito pequena no Brasil.
Lembrando também que falo de identidades que não reproduzam opressões ou ideias problemáticas, como no caso de g0y. Porém não creio que mesmo nesses casos rechaçar ou impedir pessoas de adotarem seja um método tão viável. Analisar a identidade e apontar o que há de ruim e argumentar é um caminho mais pacífico.
Enfim, identidades precisam ser respeitadas. A ausência delas também, claro. Mas dou ênfase principalmente nas identidades fora do popular. Antes de ficarmos divulgando e empurrando palavras, acredito que precisamos contar a história das identidades LGBTQIAPN+, para que as pessoas entendam a importância que uma identidade pode ter, seja pra elas ou para outras mesmo.
E se precisar catalogar um milhão de nomes para todas as experiências humanas, que seja um milhão! O ser humano sempre foi complexo demais para ser colocado e trancafiado nas caixinhas normativas perissexo/cisgênero/heterossexual.
Lembrando também que falo de identidades que não reproduzam opressões ou ideias problemáticas, como no caso de g0y. Porém não creio que mesmo nesses casos rechaçar ou impedir pessoas de adotarem seja um método tão viável. Analisar a identidade e apontar o que há de ruim e argumentar é um caminho mais pacífico.
Enfim, identidades precisam ser respeitadas. A ausência delas também, claro. Mas dou ênfase principalmente nas identidades fora do popular. Antes de ficarmos divulgando e empurrando palavras, acredito que precisamos contar a história das identidades LGBTQIAPN+, para que as pessoas entendam a importância que uma identidade pode ter, seja pra elas ou para outras mesmo.
E se precisar catalogar um milhão de nomes para todas as experiências humanas, que seja um milhão! O ser humano sempre foi complexo demais para ser colocado e trancafiado nas caixinhas normativas perissexo/cisgênero/heterossexual.