Muito se fala que orientação sexual e identidade de gênero são coisas diferentes e que não tem nada a ver uma com a outra. A opressão contra pessoas que não são hétero é uma, a opressão contra quem não é cis é outra. Ponto final.
Não, não vou negar os conceitos e nem que as opressões contra pessoas heterodissidentes e pessoas transgêneros são específicas e singulares. Mas não posso deixar de notar que esses discursos trazem uma visão distorcida sobre a história da heterodissidência no mundo.
Nem faz tanto tempo que a noção social era que homens e mulheres "de verdade" eram apenas hétero. O resto era... o resto. Tinha homens, tinha mulheres, e aí vinham homossexuais, transexuais, e etc. Mesmo hoje esse pensamento perdura. É tão bizarro, porque toda a população tem em seus documentos um sexo/gênero marcado como ou masculino ou feminino. Porém, socialmente, o gênero documental era simplesmente ignorado em função da sexualidade e também da expressão de gênero do indivíduo.
Tendo isso em mente, não seria equivocado afirmar que pessoas heterodissidentes também desafiaram as noções de gênero, não apenas as sexuais. E não falo especificamente de homens afeminados ou mulheres bofinhos, falo de todes heterodissidentes. O simples fato de estar fora da heterossexualidade, até então combinada "perfeitamente" com a cisgeneridade, não apenas desafiou as normatividades como contribuiu para a separação dos conceitos.
Foi então que se percebeu que homens aquileanos e mulheres sáficas ainda eram homens e mulheres, tão homens e mulheres quanto héteros. Ser heterodissidente teve a ver, até certo ponto, com gênero. E foi algo bem positivo. Abriu-se discussões sobre sexualidade e gênero.
Nem faz tanto tempo que a noção social era que homens e mulheres "de verdade" eram apenas hétero. O resto era... o resto. Tinha homens, tinha mulheres, e aí vinham homossexuais, transexuais, e etc. Mesmo hoje esse pensamento perdura. É tão bizarro, porque toda a população tem em seus documentos um sexo/gênero marcado como ou masculino ou feminino. Porém, socialmente, o gênero documental era simplesmente ignorado em função da sexualidade e também da expressão de gênero do indivíduo.
Tendo isso em mente, não seria equivocado afirmar que pessoas heterodissidentes também desafiaram as noções de gênero, não apenas as sexuais. E não falo especificamente de homens afeminados ou mulheres bofinhos, falo de todes heterodissidentes. O simples fato de estar fora da heterossexualidade, até então combinada "perfeitamente" com a cisgeneridade, não apenas desafiou as normatividades como contribuiu para a separação dos conceitos.
Foi então que se percebeu que homens aquileanos e mulheres sáficas ainda eram homens e mulheres, tão homens e mulheres quanto héteros. Ser heterodissidente teve a ver, até certo ponto, com gênero. E foi algo bem positivo. Abriu-se discussões sobre sexualidade e gênero.
Se a heterodissidência é uma afronta à heteronormatividade, e a heteronormatividade está entrelaçada com a cisnormatividade, então não é nada surpreendente que pessoas não-hétero tenham atacado, até certo ponto, a própria imposição de gênero.
Isso tudo sem contar que muites heterodissidentes foram ou são não-conformistas de gênero, pessoas com uma expressão de gênero não esperada pela sociedade.
Isso tudo sem contar que muites heterodissidentes foram ou são não-conformistas de gênero, pessoas com uma expressão de gênero não esperada pela sociedade.
A orientação sexual e a identidade de gênero são características separadas. Isso é um fato. Mas as imposições sexuais e de gênero estão aí, misturadas e jogadas na cara de todes. Ume desviante do sistema é sempre uma ameaça completa - no caso, um sistema heterossexista e cissexista.