31 de jan. de 2018

Minhas identidades

Meu aniversário foi ontem. Agora tenho 24 aninhos. Sabem o que isso significa? Bom, nada. Apenas que envelheci mais e estou mais próximo da morte biológica.

Então pensei em falar sobre minhas identidades atuais. Não vejo melhor maneira de celebrar mais um ano de vida falando da minha essência e de minhas lutas.

Gay: bom, minha primeira descoberta e minha vivência principal. Pois foi através da minha orientação fora da normatividade que fui buscando cada vez mais lutar pelo meu segmento, pelos outros segmentos da comunidade LGBTQIAP+, e até mesmo pelos demais grupos minoritários. Com seus altos e baixos, o gay fez parte das maiores lições que tive como pessoa.

Embora gay seja e sempre será minha identidade individual, social e política, o termo aquileano esteve me contemplando também. Não apenas por abranger a vivência gay, como também esteve me fazendo enxergar a possibilidade de me atrair por várias masculinidades e mais identidades masculinas fora do binário.



Transexpressivo: enquanto eu tentava entender melhor meu gênero, percebi também que eu trocava minha expressão de tempos em tempos; tinha dias que eu era mais masculino, tinha outros que eu era mais feminina, e uns dias que eu era apenas neutro. Enquanto ser gay não me era suficiente para abraçar a identidade queer, a transexpressividade fez eu me sentir mais queer. E explorar várias formas de ser fez eu me sentir completo.


Não-binário: desde ano passado estava percebendo que eu não estava muuuito de acordo com o homem binário moldado e imposto pela sociedade. Até que depois de pesquisas e reflexões percebi que sou um homem, mas fora do binário de nosso sistema cisnormativo. Descobri a não-binariedade dentro de mim, que estava tentando emergir, e a aceitei dentro do meu gênero. Me sinto melhor e mais livre comigo mesmo. E agora posso abraçar de verdade um mundo que me interessava e no qual eu realmente faço parte.



Ainda nesse tópico, quero explicar brevemente o porquê não levanto a bandeira trans por mim mesmo. Porque dentro do contexto brasileiro, as pautas de pessoas trans binárias ainda são urgentes, e falar apenas em trans ainda traz essas pautas. Então prefiro priorizar mais a minha própria não-binaridade do que a transgeneridade em si. Mas digo e repito: pessoas não-binárias são trans! Então quando estou levantando a bandeira não-binária, estou também levantando a trans por trás. Esse é meu pensamento. Pessoas n-b que quiserem levantar também a bandeira trans têm todo o direito e super apoio.

Queer: minha identidade queer é puramente política; pessoalmente não fico me definindo como queer, pois já estou satisfeito com a identidade de homem não-binário gay. Minha face queer surgiu na combinação de minha sexualidade-afetividade, minha expressão de gênero e meu gênero. Logo após a não-binaridade abracei o queer. Quando misturo tudo e ao mesmo tempo manifesto minha revolta e minha rejeição às normatividades, sou queer, e muito queer.


Parabéns para mim e para minhas identidades, tão lindas, tão únicas, tão poderosas.

Sem elas eu não seria quem sou! 🌈