3 de fev. de 2018

Explicando gênero

Olá, pessoas. O tio voltou aqui com uma nova analogia simples e didática para explicar a vocês todes o que são gêneros binários e não-binários e o que são pessoas cis e pessoas trans.

O sistema cria casinhas de base quadrada e cores azul ou rosa. Nas casinhas azuis colocam quem tem pênis. Nas casinhas rosas colocam quem tem vagina. Quem é intersexo, tentando encaixar em alguma dessas duas casinhas.

A base quadrada representa a identidade social padronizada. E as cores são as noções de masculinidade e feminilidade criadas socialmente.

Bom, as pessoas nascem e são colocadas dentro dessas casinhas. Elas são o gênero delas, pois nós, a princípio, vivemos dentro dos gêneros. No caso, todes têm um momento de viver dentro do gênero binário imposto.

Há pessoas que crescem dentro da casinha sem questionar, se conformam com ela, e ainda acreditam que as casinhas e a separação feita das pessoas são corretas. Essas pessoas são cisgênero e também cisnormativas, podendo ser só ignorantes ou conscientemente opressoras.

Há pessoas que crescem dentro da casinha, podem até questioná-la ou questionar a existência das casinhas, mas ainda se sentem à vontade dentro delas. São pessoas cis também, mas com alguma consciência, podendo até ser aliadas contra a cisnormatividade.

Há pessoas que crescem dentro da casinha, mas não se conformam muito com ela. Então decidem reformá-la, modificando partes das estruturas ou adicionando outras cores. Essas pessoas são cis, mas são não-normativas. Aqui inclui as pessoas cis que expressam não-conformidade de gênero, principalmente homens afeminados e mulheres bofinhos.

Há pessoas que crescem dentro da casinha e não a aceitam. Não importa quanto tempo leve, a pessoa se rebela e rejeita totalmente a casinha. Essas pessoas são transgênero, podendo ser binárias ou não-binárias.

E o que as pessoas transgênero fazem? Simplesmente saem da casinha e constroem uma nova para si. Pode ser a outra casinha que o sistema não lhe impôs (pessoas trans binárias) ou pode ser uma nova (pessoas n-b). E então temos diversas casinhas com todo tipo de base, novas estruturas, e cores exclusivas. Aqui pode existir de tudo (para a infelicidade do sistema).

Como explico meu próprio gênero: eu vivi na casinha imposta por muito tempo, e cheguei a fazer minhas reformas (pois também sou pessoa não-normativa), mas chegou um momento que olhei para  a casinha e ela não era mais suficiente. Então fiz minha própria, com uma base retangular (similar ao quadrado) e no centro da minha casa pintei de cor cinza, representando a neutralidade que sinto. As paredes em volta ainda são azuis, pois me expresso como homem, mas no meu centro sou neutro; nem masculino, nem feminino, um equilíbrio entre ambos.

Era só isso. Espero que essa analogia tenha feito sentido.