AC: saúde, ISTs, estigma, linguagem excludente, cissexismo, monossexismo, diadismo.
Eu descobri que adoro a área de prevenção. Nunca tive tanto contato como estive tendo desde ano passado. É uma área muito rica e ao mesmo tempo necessitada de pessoas.
Eu descobri que adoro a área de prevenção. Nunca tive tanto contato como estive tendo desde ano passado. É uma área muito rica e ao mesmo tempo necessitada de pessoas.
Porém a área da saúde ainda utiliza termos problemáticos, critérios questionáveis para avaliações, e fazem uns formulários ruins. Já critiquei muito concepções médicas atuais, e aqui não poderia ser diferente, ainda mais no Brasil onde a informação é precária.
Camisinha masculina e feminina ainda são termos muito usados e disseminados para falar de preservativos penianos e vaginais. Eu e mais um tanto de pessoas estivemos tentando desconstruir isso, apontando a importância de incluir pessoas trans e o quanto não faz sentido chamar um objeto por palavras subjetivas.
Quando falam em populações mais vulneráveis segundo as estatísticas de infecção, ainda se usa por aí "grupos de risco". Colocar essas populações nessa posição só coopera com o estigma e enxerga toda a complexidade da situação de forma simples. Não é a existência das pessoas que as colocadas em riscos específicos, apenas suas práticas sexuais.
Ainda separam muito esses grupos em: gays, HSH, travestis e transexuais, profissionais do sexo e usuáries de drogas. Focando nas pessoas da comunidade, não é difícil notar que quando falam "gays" estão falando apenas de homens cis, e muito possivelmente colocando todos os homens aquileanos como gays.
O termo HSH poderia não ser problemático, pois é um termo que define apenas um homem que teve relação com outro homem sem rotulá-lo com alguma identidade sexual. Mas, na prática, é um termo que só se refere a homens cis. E há relatos de mulheres trans e travestis sendo colocadas nesse grupo. O mesmo ocorre com MSM, termo para as mulheres e muito pouco citado, como se mulheres sáficas sexualmente ativas não tivessem seus riscos.
Existem formulários, como um que preenchi para pegar um autoteste de HIV, que são feitos para auxiliar no levantamento de estatísticas de infecção e vulnerabilidade e acesso à saúde. No entanto, acho questionável como exatamente utilizam nossas informações; gênero/sexo e atração.
Parece que dizer que você é um homem e que se relaciona só com homens é o suficiente para pressupor todas as possibilidades de infecção que você tem. Frequentemente os discursos que vejo/ouço fazem parecer que ser um homem aquileano é sinônimo de praticante de sexo anal.
Assim, se querem realmente avaliar riscos e falar sobre eles, deveriam focar nas práticas sexuais em si, não em pressuposições baseadas em gênero/sexo e atração. Mesmo que um homem cis diga que se relaciona com homens, ele terá riscos diferentes de acordo com a anatomia da outra pessoa e com sua modalidade de sexo. Ele pode: praticar sexo anal (fazendo um ou ambos papeis), praticar sexo vaginal (com um homem trans), praticar gouinage, enfim.
Separar pessoas travestis e trans de pessoas cis também não faz sentido em relação a práticas sexuais. Corpos diferentes têm probabilidades diferentes, e, novamente, tudo depende das práticas sexuais. A mulher trans operada pode transar com a vagina apenas, a travesti pode ser apenas passiva em relação anal, o homem trans pode fazer apenas sexo oral, etc. Claro que discussões mais amplas sobre esses segmentos levam em conta contextos sociais. Mas, ainda assim, a medição de riscos só depende das relações praticadas.
E, além de tudo isso, continuo sem ver qualquer material sobre ou preocupação com a população intersexo. Conhecemos bem os riscos trazidos pelas vias oral e anal, sabemos os riscos nos órgãos peniano e vaginal. Mas qual o risco das genitálias intersexuais? Tem alguém em algum lugar pesquisando isso? Saúde é para todes, né?
Não quero soar arrogante e que sei muito mais que todes es profissionais da saúde. Estou apenas questionando os termos e métodos que usam para coletar e disseminar as informações. Se bem que, profissional ou não, continuaria tendo o direito de questionar. Não é absurdo pensar que a área da saúde está equivocada, afinal ela é formada por seres humanos.
Enfim, essas foram minhas pontuações sobre a área da saúde. Quando eu puder também divulgarei aqui materiais inclusivos sobre prevenção e saúde.
Ainda separam muito esses grupos em: gays, HSH, travestis e transexuais, profissionais do sexo e usuáries de drogas. Focando nas pessoas da comunidade, não é difícil notar que quando falam "gays" estão falando apenas de homens cis, e muito possivelmente colocando todos os homens aquileanos como gays.
O termo HSH poderia não ser problemático, pois é um termo que define apenas um homem que teve relação com outro homem sem rotulá-lo com alguma identidade sexual. Mas, na prática, é um termo que só se refere a homens cis. E há relatos de mulheres trans e travestis sendo colocadas nesse grupo. O mesmo ocorre com MSM, termo para as mulheres e muito pouco citado, como se mulheres sáficas sexualmente ativas não tivessem seus riscos.
Existem formulários, como um que preenchi para pegar um autoteste de HIV, que são feitos para auxiliar no levantamento de estatísticas de infecção e vulnerabilidade e acesso à saúde. No entanto, acho questionável como exatamente utilizam nossas informações; gênero/sexo e atração.
Parece que dizer que você é um homem e que se relaciona só com homens é o suficiente para pressupor todas as possibilidades de infecção que você tem. Frequentemente os discursos que vejo/ouço fazem parecer que ser um homem aquileano é sinônimo de praticante de sexo anal.
Assim, se querem realmente avaliar riscos e falar sobre eles, deveriam focar nas práticas sexuais em si, não em pressuposições baseadas em gênero/sexo e atração. Mesmo que um homem cis diga que se relaciona com homens, ele terá riscos diferentes de acordo com a anatomia da outra pessoa e com sua modalidade de sexo. Ele pode: praticar sexo anal (fazendo um ou ambos papeis), praticar sexo vaginal (com um homem trans), praticar gouinage, enfim.
Separar pessoas travestis e trans de pessoas cis também não faz sentido em relação a práticas sexuais. Corpos diferentes têm probabilidades diferentes, e, novamente, tudo depende das práticas sexuais. A mulher trans operada pode transar com a vagina apenas, a travesti pode ser apenas passiva em relação anal, o homem trans pode fazer apenas sexo oral, etc. Claro que discussões mais amplas sobre esses segmentos levam em conta contextos sociais. Mas, ainda assim, a medição de riscos só depende das relações praticadas.
E, além de tudo isso, continuo sem ver qualquer material sobre ou preocupação com a população intersexo. Conhecemos bem os riscos trazidos pelas vias oral e anal, sabemos os riscos nos órgãos peniano e vaginal. Mas qual o risco das genitálias intersexuais? Tem alguém em algum lugar pesquisando isso? Saúde é para todes, né?
Não quero soar arrogante e que sei muito mais que todes es profissionais da saúde. Estou apenas questionando os termos e métodos que usam para coletar e disseminar as informações. Se bem que, profissional ou não, continuaria tendo o direito de questionar. Não é absurdo pensar que a área da saúde está equivocada, afinal ela é formada por seres humanos.
Enfim, essas foram minhas pontuações sobre a área da saúde. Quando eu puder também divulgarei aqui materiais inclusivos sobre prevenção e saúde.