19 de jan. de 2019

Feminino pra todes

AC: maldenominação, cissexismo.



Sei que esse texto vai incomodar porque vai tirar muita gente da zona de conforto. É um comportamento muito frequente e que se espalhou muito.

Muita gente do meio LGBT+ se acostumou a usar a linguagem a/ela/a de forma informal, principalmente para brincar e criar intimidade.

É comum homens heterodissidentes se referindo uns aos outros com palavras classificadas como femininas (miga, senhora, menina, etc). Isso feito num círculo de amizades ou com consentimento prévio não tem problema algum. O problema é quando levam isso pra fora, quando fazem com gente desconhecida.

Ninguém sabe quem é a outra pessoa. Você não sabe se aquela pessoa aceita ou não essa linguagem. É muito errado pressupor que aceita, assim como achar que ela deve aceitar.

Entendo que a lógica por trás disso é que o feminino é marginalizado e seu uso é uma forma de desafiar isso. Entendo que o meio adora exaltar a figura feminina.

Porém muitos homens trans e muites não-bináries podem se sentir desconfortáveis ou mesmo ofendides com essa linguagem. Existem muitas razões, mas acredito que as mais evidentes e pesadas sejam a carga social da linguagem e os traumas da imposição de gênero.

Apesar das discussões sobre machismo e sexismo serem muito válidas e necessárias, homens cis (que usam apenas o/ele/o) também têm o direito de não quererem ser referidos com essa linguagem. O ódio à feminilidade (fememisia) é uma coisa. Mas respeito à linguagem pessoal serve para todes, não apenas para quem é marginalizade.

Enfim, a mensagem foi dada. Precisamos nos importar mais com essas questões. Bordões, memes e "costumes do meio" nem sempre fazem o bem inquestionável que achamos.