1 de ago. de 2018

Questões controversas #3

Mais questões controversas da comunidade em geral.

Parte 1.
Parte 2.

"Seria possível uma sigla menor e que englobe toda diversidade? 
É realmente necessário aumentar a sigla LGBT?"

Já houve muitas propostas de siglas alternativas para evitar as expansões. Talvez a sigla alternativa mais conhecida seja MOGAI (Marginalized Orientations, Gender Alignments and Intersex). E há também QUILTBAG (Queer, Undecided, Intersex, Lesbian, Trans, Bi, Asexual, Gay) e MGSROI (Marginalized Genders, Sexual and Romantic Orientations and Intersex).

Em todo caso, quando a sigla alternativa falha em ser inclusiva ela tem alguma palavra ou expressão controversa. E devido a popularização da sigla LGBT, quase todos os espaços e grupos socio-políticos acham mais fácil e prático utilizar LGBT e suas expansões. No cenário atual, colocar o sinal de mais (+) em LGBT é o mínimo que pode ser feito para não perpetuar a invisibilidade dos demais segmentos.

Até o momento nenhum movimento LGBT+ tornou essa questão uma demanda. Por isso, até então, pessoas e grupos utilizam as siglas que quiserem ou acharem melhor.


"Termos ofensivos e preconceituosos devem ser reapropriados e ressignificados?"

Uma das estratégias dos grupos oprimidos de tentar combater a opressão foi "roubando" os termos ofensivos. O maior exemplo disso é a palavra queer, que é equivalente a viado, sapatão etc aqui. Pode ser traduzida como esquisite, estranhe, ou mesmo desviante. Usar a palavra ofensiva a seu favor é uma forma de resistência e de desafio.

As pessoas têm todo direito de não querer se reapropriar de termos ofensivos. Dependendo do que passaram, elas podem não conseguir trazer a palavra para si de forma positiva. Isso deve ser respeitado. O que é errado é exigir que termos reapropriados não sejam usados por outras pessoas.

Viado e sapatão tornaram-se identidades políticas para homens aquileanos e mulheres sáficas. Bicha tornou-se uma identidade única e muitos a usam junto com o contexto das periferias. Queer tornou-se um movimento e criou comunidades extremamente diversas e inclusivas. A reapropriação funciona. Mas está disponível para quem quiser.

(Bandeira queer)


"Como lidar com exclusionistas da própria comunidade num espaço inclusivo?"

É uma pergunta bastante complicada. Pensem no quanto é incômodo gays e lésbicas sendo monossexistas, gente cis invalidando o gênero de quem é trans, pessoas alo tentando patologizar a assexualidade, e por aí vai, tudo isso ocorrendo num espaço que deveria ser seguro e acolhedor com toda diversidade.

O que fazer com essas pessoas? Expulsá-las? Se sim, como fazer isso sem fazer um escândalo? Tentar desconstruí-las? Bom, é o caminho mais pacífico. Temos que levar em conta que ninguém nasce desconstruíde e estamos todes inserides em vários sistemas de opressão que nos ensinam a discriminar. Porém, torna-se questionável, dependendo do discurso da pessoa, se vale a pena tentar um diálogo. Há uma linha bem fina entre um discurso de ignorância e um discurso de ódio.

E as pessoas estão mais do que fartas de rebater discursos de ódio vindos de quem não mostra o mínimo interesse em pensar diferente e ter empatia. Inclusive elas procuram espaços mais "isolados" (como no mundo virtual) justamente para escaparem de toda e possível discriminação. Policiar esses comportamentos são bem mais fáceis em comunidades virtuais.