20 de mai. de 2017

Como não apoiar LGBTs

Esse artigo foi feito para as pessoas hétero-cis que fazem parte (ou dizem fazer parte) da aliança, isto é, do lado que apoia a causa LGBT, ajudando no combate ao preconceito.

Não levem para o lado pessoal o que direi aqui. Os movimentos sociais apreciam gente aliada. Mas às vezes esse apoio é mostrado de uma maneira... errada. Somos todos humanos, humanos falham. Por isso vou comentar uns erros comuns da parte aliada.

Eu sei que o ser humano, por natureza, quer estar sempre certo e não aceita bem ser corrigido. Mas quando uma pessoa LGBT te dá um toque sobre algo que você falou ou fez, engole o orgulho e escute-a.

Não estou dizendo para apenas aceitar tudo que te falarem. Podemos abrir uma discussão pacífica sobre o assunto. Mas aprenda a ouvir. Não ficamos repreendendo as pessoas por qualquer coisinha e vivemos uma realidade diferente, logo sob uma perspectiva diferente.

Tem alguma dúvida? Pergunte. Não tem certeza do que está falando? Pergunte. Se não quiser perguntar, pesquisar na Internet é uma alternativa válida.

Algumas vezes vocês, no ímpeto de mostrarem seus espíritos humanitários, falam de igualdade da maneira errada, no momento errado. O discurso "somos todos iguais" é bonitinho. Menos quando apaga uma discussão necessária à respeito de alguma desigualdade.

Sério, se você for numa notícia ou postagem sobre direitos LGBTs, não venha com flores e arco-íris dizendo que somos todos iguais, sendo que na prática isso não está acontecendo. O que está sendo dito precisa ser dito. Não corte o discurso.

Vocês também acabam cometendo o erro de nos tratar com uma exclusividade que não queremos e nem precisamos. No fim somos apenas pessoas assim como vocês. Não precisam paparicar a gente. E não precisam tocar em temas LGBTs com frequência só para nos agradar.

E cuidado para não nos tratar como "mascotes". Esse aviso vai especialmente para mulheres hétero-cis com gays. Não viemos para esse mundo para sermos seus amiguinhos e confidentes. E não somos todos especialistas em moda e garotos. E para o resto, ter amizade com LGBTs não é certificado de isenção de preconceito.

Como já falei, somos gente como todo o resto. Nem todos os gays são iguais, nem todas as lésbicas são iguais, e assim por diante. Não falem que não parecemos ser algo, não deduzam o que gostamos ou não, e não venham com perguntas inconvenientes sobre nossa vida íntima.

Agora o grupo de aliados religiosos, especificamente os cristãos. Tá, eu entendi que Jesus ensinou a amar, a não julgar, a não discriminar. Ótimo isso! Lindo, maravilhoso, perfeito, supimpa. Mas não fale para LGBTs: "Jesus andava entre os pecadores". Nos chamar de pecadores é um imenso desserviço. Mostrar apoio enquanto nos rebaixa é como morder e assoprar.

Faço agora um apelo pessoal: parem de falar em bunda ou sexo anal quando nos defendem! Ser LGBT é muito mais que isso. E nem todx LGBT faz esse tipo de sexo. Nem todos os gays têm essa relação! Parem, só parem.

Se você quer mesmo apoiar a causa LGBT, ao menos aprenda um pouco sobre a diversidade, sobre os diversos grupos que existem. LGBT não é sinônimo de gay. Bissexuais não são "meio-gays". Transexuais podem ou não ser gays. As diferenciações são importantes tanto pelas identidades quanto pelas pautas de cada grupo - sim, os preconceitos têm suas diferenças.

Vale ressaltar que toda ideia defendida aqui pode ser aplicada também para os demais movimentos sociais. Toda forma de apoio às causas é bem-vinda. Por isso aprenda a ouvir, refletir e apoiar de verdade.