Essa semana ocorreu o evento 16º Ciclo de Debates LGBT promovido pelo grupo APOGLBT SP, a organização responsável pela Parada LGBT do Brasil. Todo ano antes da Parada o grupo promove cinco dias seguidos de debates com temas variados.
Vou apenas narrar resumidamente o que aconteceu, sobre os palestrantes e os assuntos abordados em cada dia:
Primeiro dia (22/5) - Tema: Estado Laico (tema da Parada LGBT 2017)
Os três palestrantes discutiram sobre a interferência e influência da religião - o cristianismo - no Estado e discriminação de crenças africanas. O primeiro palestrante, um evangélico, falou sobre o processo dos neopentecostais até os dias atuais. O segundo palestrante focou mais no legislativo e comentou sobre a bancada evangélica. E o terceiro palestrante, um pai de santo transexual, abordou mais a intolerância religiosa.
Segundo dia (23/5) - Tema: Violência contra a mulher LBTT - Mulheres vítimas de intolerância religiosa, racismo, misoginia, bullying e machismo
As quatro palestrantes, entre elas a vereadora Soninha e a transativista Viviany Beleboni, falaram sobre a mulher branca, negra, lésbica, bissexual e trans na sociedade atual. Soninha falou sobre o machismo no meio profissional. Viviany abordou sobre as transexuais e travestis, transfobia, violência e apagamento no meio LGBT. A terceira palestrante, uma moça bissexual, falou sobre o processo da mulher de se inserir na sociedade, buscando a igualdade de gênero. E a quarta palestrante, uma moça lésbica e a única negra, dissertou muito sobre lesbofobia e racismo, LGBTs da periferia, e o apagamento na sociedade e no meio LGBT.
Terceiro dia (24/5) - Tema: Jovens; Sexualidade e Prevenção
O grupo convidado fez uma palestra mais interativa. Foram citadas diversas práticas sexuais e foi discutido quais delas possuem riscos variados ou não de transmissão de DSTs. E, com isso, prevenções e tratamentos foram apontados por profissionais da área. Houve um foco em HIV nas discussões.
Quarto dia (25/5) - Tema: Família, crianças transgêneros, adoção e terceira idade
As pessoas convidadas foram: três mulheres cis, uma mulher trans e um homem cis. Duas mulheres cis, mães de pessoas trans (uma de uma moça e outra de um rapaz) relataram a descoberta da transexualidade dos filhos e o que aprenderam. O palestrante é casado com outro homem, e juntos adotaram um menino. Então relatou o processo e a burocracia da adoção no Brasil. A mulher trans, que adotou dois meninos cis (um é deficiente) e uma menina trans, relatou a vivência pessoal e com a família transafetiva. E a terceira mulher cis, uma senhora lésbica, falou sobre discriminação etarista na sociedade e no meio LGBT, e até trouxe a companheira com que está junta há 22 anos.
Quinto dia (26/5) - Tema: Empregabilidade e empoderamento LGBT da Pessoa com Deficiência (PCD)
O grupo palestrante era composto de três mulheres deficientes (duas cis e uma trans) e dois homens cis. A primeira mulher a falar, uma hétero-cis cadeirante, relatou sua vivência e abordou a sexualidade de PCDs e a discriminação e tabus sobre isso. A segunda, uma hétero-trans cadeirante, também relatou sua vivência, combinando o mundo das PCDs e das transexuais. O primeiro homem falou sobre LGBTs no mercado de trabalho e empregabilidade. A terceira mulher, bissexual-cis, dissertou sobre PCDs desde tempos remotos e suas pautas, além de contar sua vivência. E o segundo homem ressaltou sobre sexualidade de PCDs e suas pautas.
Como meu primeiro Ciclo de Debates, devo dizer que estou impressionado e fascinado com os ensinamentos de cada dia. Eu aprendi, eu refleti, eu mudei! Embora eu tivesse uma ideia de todos os assuntos, os debates ampliaram minha visão de todos. E com todo esse conhecimento adquirido, farei mais discussões sobre esses temas (só não faço aqui para não ficar um artigo quilométrico).
Cada dia de debate teve sua força, sua mensagem, sua reflexão. Entretanto, preciso fazer três notas, pontos que de alguma forma me sacudiram por dentro:
1- A cobrança por representatividade feita no segundo, terceiro e quinto dias. No segundo dia, foi cobrada pelas lésbicas e LGBTs da periferia. No terceiro, pelos soropositivos. E no quinto, pelas PCDs. Assim como a APOGLBT foi devidamente cobrada, eu me senti cobrado enquanto o militante que digo ser.
2- A experiência do quarto dia foi simplesmente fantástica! A família transafetiva de uma palestrante foi a estrela da palestra. Fantástica! E empoderada! O símbolo do rompimento do conservadorismo e da "família tradicional" (que continuará existindo, relaxem).
3- Assim como a palestra do dia anterior, o quinto dia promoveu um debate rico e empoderador de um grupo ainda muito discriminado. Falar de PCDs ainda é um tabu. Falar de PCDs LGBTs, mais ainda. As três mulheres brilharam, cada uma com sua cor e intensidade.
Estarei aguardando com êxtase o próximo Ciclo de Debates LGBT 🌈.
Cada dia de debate teve sua força, sua mensagem, sua reflexão. Entretanto, preciso fazer três notas, pontos que de alguma forma me sacudiram por dentro:
1- A cobrança por representatividade feita no segundo, terceiro e quinto dias. No segundo dia, foi cobrada pelas lésbicas e LGBTs da periferia. No terceiro, pelos soropositivos. E no quinto, pelas PCDs. Assim como a APOGLBT foi devidamente cobrada, eu me senti cobrado enquanto o militante que digo ser.
2- A experiência do quarto dia foi simplesmente fantástica! A família transafetiva de uma palestrante foi a estrela da palestra. Fantástica! E empoderada! O símbolo do rompimento do conservadorismo e da "família tradicional" (que continuará existindo, relaxem).
3- Assim como a palestra do dia anterior, o quinto dia promoveu um debate rico e empoderador de um grupo ainda muito discriminado. Falar de PCDs ainda é um tabu. Falar de PCDs LGBTs, mais ainda. As três mulheres brilharam, cada uma com sua cor e intensidade.
Estarei aguardando com êxtase o próximo Ciclo de Debates LGBT 🌈.