6 de jun. de 2015

Historinha: Racismo inverso

Era uma vez um rapaz branco, bem branco mesmo.
Ele vivia numa casa branca com pessoas brancas e um cachorro branco.
Ele estudou História na escola, principalmente História do Brasil. Ficou com pena da escravidão cometida contra a população negra.
Ele não se importava em apelidar os coleguinhas negros de "macaco" ou "carvão", e não via nenhum problema nisso, apesar da onda do politicamente correto que estava circulando na Internet. Afinal o preconceito está na cabeça das pessoas.
Como a escravidão já havia acabado, o rapaz concordou com a opinião de seu querido pai de que os negros atuais eram os mais racistas.
Ele associava toda crença africana com macumba ou vudu.
Toda manhã dos dias de semana ele acordava para trabalhar e dizia para si: hoje é dia de branco!
Ele era tão solidário com a população negra e tinha tanta empatia por ela que os considerava como iguais a ele; até dizia que não deveria existir Dia da Consciência Negra, e sim da Consciência Humana.
Ele adorava escrever longos textos no Facebook sobre meritocracia e sobre sua oposição às cotas, alegando que todas as pessoas negras tinham a mesma oportunidade que as brancas e que nos dias atuais eram vistas e tratadas com igualdade e justiça.
Numa bela tarde de outono, em sua roda de amigos, o único negro do grupo sugeriu que apelidassem o homem de palmito.
Foi nesse dia que o pobre rapaz branco percebeu que era possível existir racismo contra brancos.

Fim