11 de fev. de 2019

Falta de espaços

AC: exclusão, apagamento.



Eu acho que faltam espaços. Muitos espaços. De muitos tipos e formatos.

Pra mim faltam mais espaços multi, não-binários e poliamoristas. Espaços que contemplem dois ou todos os três grupos.

Faltam espaços para pessoas intersexo e pessoas a-espectrais. Faltam espaços para outras possíveis identidades, como atrações fluídas e atrações indefinidas.

Faltam espaços para muitas pessoas lésbicas, gays, bissexuais e trans binárias e travestis que podem não se encaixar no comum, que são espaços focados em curtição e festa.

Faltam espaços para pessoas LGBTQIAPN+ que querem se politizar mais, que querem compartilhar gostos e preferências como interesse em ciência ou mídias, 

Faltam espaços para pessoas questionando sua atração e/ou seu gênero, que podem estar descobrindo que não são perissexo.

Mesmo dentro dos espaços LGBT+ já existentes falta muitas vezes contemplar outras intersecções (negres, PCDs, idoses, etc) e pessoas que não vão curtir o que a maioria curte. Não adianta existir o espaço e você não ter lugar.

Não estou dizendo que não pode existir espaços exclusivos (L/G/B/T etc) e nem que todos deveriam abrigar toda possível diversidade. Isso numa balada, por exemplo, é improvável e nem está de acordo com a proposta do local.

Estou apenas dizendo que existe sim uma carência de mais espaços LGBT que englobem pessoas de muitos pensamentos e gostos, assim como falta espaços para todas as identidades fora dessa sigla mais convencional.

Podem existir sim espaços pra diversão, entretenimento e pegação. Mas têm que existir espaços também para nerdices, para quem é otaku, quem gosta de física quântica, quem gosta de filmes antigos, para discutir opressões, e também para namoros e relações diferenciadas (alternativas, queerplatônicas, etc).

Sinto falta disso. Percebo essa falta em outros grupos. Vejo mais pessoas dos meus grupos e/ou de outros grupos falando dessas faltas.

Acho que precisamos unir uma galera aí e construir esses espaços. Mesmo que seja do zero. Se ninguém faz por nós, fazemos por nós e por outres.