18 de fev. de 2019

As coisas de agora

AC: escola, bullying.



Esses dias vi a foto de um garoto maquiado e com cabelo pintado de roxo. Uma aparência bem extravagante. E ele foi assim para sua escola.

E eu, como muita gente idosa de 25 anos, fiquei introspective, refletindo sobre como eram as coisas na minha época de escola e como estão sendo atualmente.

Fico feliz que aquele menino agora tem a chance de ir para a escola como quer. Fico feliz que aquele menino mais novo que eu está empoderado o suficiente para se vestir como quer. Fico feliz que ele tenha a coragem de enfrentar assim, mesmo num ambiente hostil como o escolar.

Entre retrocessos e violências crescentes, não se pode negar que houve sim mudanças para melhor. Nunca antes a diversidade foi tão discutida. Nunca antes pessoas fora do padrão lutaram por seu merecido espaço.

Tudo isso teve mais e mais força e atenção nesse século e nessa década. Mas mesmo assim, eu, que passei pela escola, não tive empoderamento e coragem como esse menino teve. Passei a escola me escondendo, me passando por algo que era meio cis-hétero "colorido" meio indefinido-mas-suportável.

Tive um colega de sala assumidamente gay que passou perrengues e muita discriminação cotidiana por ser quem é. Já falei aqui dele. E vendo esse menino eu acabo me sentindo mais pra trás desse colega de sala. E eu já me sentia assim.

Ver o progresso das novas gerações, ainda mais a geração 2000, me faz sentir um misto de coisas. Além da felicidade por essas pessoas, sinto a tristeza de não ter sido forte como elas antes.

Tá, podem até tentar passar um pano ou me consolar dizendo que seria mais difícil, me deixaria com (mais) traumas, que todes têm seu tempo, enfim. Mas eu sinto o peso do que faltou. E essa falta está desaparecendo nas novas gerações.

Jovens de 12-15 anos estão dando palestras sobre vivência e tratando de assuntos "adultos", estão dando a cara pra bater, estão revolucionando suas casas e escolas, enquanto eu nessa idade quase ainda chupava o dedo e só vivia num mundinho à parte.

Mas outra parte da felicidade é a satisfação de ver jovens mais avançades que minha geração. Talvez seja o mesmo sentimento que muites mães, pais, responsáveis etc têm por filhes e crianças. A felicidade de ver a geração posterior em melhores condições, com uma mentalidade mais pra frente.

Não que minha geração não esteja bem e fazendo sua revolução. Vejo muita gente boa das décadas de 1990 e 1980. Até de 1970. Gente mente aberta empenhada em melhorar como pode a realidade e preparar as novas gerações. E não pensamos tão diferente das novas almas.

Contudo, precisamos ter em mente que essas gerações vão nos superar. Sim, a tendência é essa. O que vem depois ser melhor. É assim que progredimos. Espero que a geração de 2010 seja melhor. E assim por diante.

Sinto ainda a vergonha de não ter sido como a geração atual. Ao menos agora posso acompanhá-la. Ainda tenho muito que viver. E quero viver muito, o suficiente pra ver muitas novas gerações surgindo e marcando o mundo.