21 de dez. de 2016

MasterChef 2016

Esse ano teve um MasterChef para cozinheiros profissionais. O público foi presenteado com polêmicas que até então não haviam ocorrido. Embora eu tenha minhas dúvidas sobre o profissionalismo dos participantes, focarei num tema que foi muito presente nessa temporada: machismo. Especificamente, machismo na cozinha profissional.

Ao longo da temporada ocorreram momentos de tensão e agressividade entre participantes que evidenciaram uma discriminação de gênero, principalmente contra a candidata Dayse, que no fim saiu vitoriosa da temporada, recebendo muito apoio nas redes sociais.

Ontem teve um episódio especial de "lavagem de roupa suja", que conseguiu ser tão polêmico quanto a temporada inteira. E o machismo foi muito abordado. Quase todos os participantes estavam lá. O pior deles foi mostrado num telão, forçando-os a darem esclarecimentos para seus colegas, para a Ana Paula Padrão e seus críticos, e o público. Por sinal, adorei o posicionamento suave e ao mesmo tempo firme da Ana Paula sobre o machismo.

Esse episódio mostrou a ignorância dos homens sobre feminismo, a resistência deles em admitir seus atos machistas e ainda tentar justificá-los, e como ainda é difícil apontar esse preconceito. Tentaram explicar, tentaram distorcer, mas só revelaram mais sobre seu caráter. Diversas vezes os homens interrompiam a fala das mulheres. Ana Paula repreendeu o candidato Marcelo num momento por isso.

Outras coisas foram jogadas na roda, como a arrogância do candidato João (que desacatou a Chef Paola) e o quanto os candidatos são contraditórios em suas opiniões. O candidato Dario fez uma grave acusação ao programa, dizendo que a edição distorceu suas falas. E Marcelo incorporou o "omi hétero-cis" que não sabe perder e pensa que tudo hoje em dia é "mimimi".

Dayse e a candidata Fádia tentaram falar da discriminação sem acusar seus colegas machistas de machismo. Acredito que elas estavam com medo de fazer tal acusação. Mas a candidata Izabela tomou coragem e apontou sem dó o machismo que existe na cozinha profissional. Todxs que acompanharam a temporada puderam ver o desrespeito e subestimação da mulher por parte dos homens. Só não enxerga quem não quer.

Enfim, com toda essa exposição do ego masculino e as controversas em geral dos participantes, essa enorme e calorosa discussão teve um efeito positivo. Pelo menos eu vejo dessa forma: discutir machismo num programa de TV popular é um grande passo. Teve repercussão e incomodou. Quando incomoda é porque está dando certo. E espero que o programa sirva de inspiração e incentivo às mulheres da cozinha profissional.

Como Izabela falou uma vez: "mulher é cozinheira e homem é chef". Isso ainda é uma realidade. E precisa mudar. Essa temporada serviu para provar isso. A cozinha profissional precisa do feminismo.