Há uma semana o mundo teve uma grande notícia: a OMS retirou a transexualidade de seu catálogo de doenças mentais. Ela publicou seu novo CID (Classificação Internacional de Doenças) e nele a transexualidade não é mais um "transtorno de gênero".
No entanto a CID-11 a coloca como uma "incongruência de gênero", uma condição relacionada com a saúde sexual.
A justificativa para isso é continuar permitindo o acesso aos serviços de saúde específicos para pessoas que queiram transicionar; principalmente a cirurgia de redesignação sexual. Isso revela que ainda existe toda uma burocracia - sustentada pelo cissexismo - sobre o que as pessoas podem ou não fazer com seus próprios corpos.
Claro que é um avanço a OMS reconhecer que pessoas fora da cisnorma não são doentes mentais, mas os corpos trans ainda não têm total liberdade. Vejam a diferença que ocorre entre pessoas querendo transicionar e pessoas cis que queiram colocar silicone ou aumentar o pênis.
A nova CID entrará em vigor no primeiro dia de 2022, o que significa que até lá todos os países que aplicarem a CID-11 devem se adaptar a essa mudança. Isso deverá destruir toda e qualquer brecha para pessoas e instituições que ainda tentam "curar" pessoas trans.
Talvez isso ainda não melhore a situação de pessoas trans em certos países que ignoram completamente as palavras e decisões da OMS. Mesmo em países que seguem a CID atual ainda há casos de terapias de conversão para heterodissidentes. Porém... é alguma coisa, ainda mais considerando que foram longos 28 anos após a despatologização da homossexualidade para que algo assim acontecesse.
A luta da comunidade trans continua.