15 de jun. de 2016

Massacre em Orlando

Fiquei pensando e pensando se eu deveria fazer um artigo sobre isso. Não por falta de ter o que falar, e sim pelo choque. "Será que vou conseguir escrever sobre isso?", me perguntei algumas vezes, ainda tremendo. Muita gente falou sobre isso. Chegou minha vez.

Um homem entrou na boate Pulse, na cidade de Orlando, EUA, e atirou em uma centena de pessoas. Ele morreu durante o confronto com a polícia. Até agora foram registradas 50 vítimas mortas e outras 53 feridas.

A mobilização nas redes sociais foi imediata, predominando o apoio às vítimas e o repúdio contra essa atitude tão bárbara. Dezenas de pessoas se juntaram para doar sangue às vítimas que ainda estão se recuperando. Foi um momento propício para questionar a restrição de homossexuais em doar sangue. Quanto sangue poderia ser doado, já pensaram?

É difícil explicar para certas pessoas, principalmente quem é hétero-cis, que ser LGBT não é apenas sofrer bullying, receber ofensas, ser expulsx de casa; é também sair de casa para se divertir e não saber se voltará com vida. Conseguem imaginar o que é isso? Após esse banho de sangue, vocês conseguem ter uma ideia do que é morrer só por ser o que é?

O caso gerou algumas controversas sobre a razão do assassino. Muitas figuras reacionárias (de lá e daqui também) tentaram fazer esse crime, motivado evidentemente por homofobia, ser reconhecido como apenas um ataque terrorista. O setor estado-unidense reacionário sempre teve uma posição anti-islâmica, claro que não perderiam essa oportunidade. Ademais, homofobia não existe para conservadores.

O pai do assassino esclareceu mais sobre ele, dizendo que o filho era homofóbico, que meses antes ele havia tido um ataque de fúria ao ver casais gays na rua. Sua ex-mulher afirma que ele a agredia. Embora esse senhor tenha parecido "inocente", sua última declaração foi: "cabe a Deus punir os homossexuais". Percebe-se que a homofobia começava em casa. A sociedade é culpada. A religião é culpada. O pai é culpado.

Esse incidente horrível provou o que o preconceito mais a liberação das armas pode causar. E ainda temos que ver gente desprezível destilando ódio e ignorância, comemorando as mortes e ainda apoiando o armamento livre. Por isso a militância LGBT vive batendo nessa tecla: Falta educação sobre diversidade! Nas escolas, principalmente! E a esquerda permanece contra o livre porte de armas por eventos como esse.

E sabem o que é mais temível aqui? As sementes que isso pode plantar! Será que esse massacre não pode inspirar mais gente preconceituosa a fazer o mesmo? Ainda mais aqui no Brasil, o país que mais mata LGBTs (sem precisar de chacinas como essa). E também o medo que isso gerou, não apenas nos EUA, mas no mundo inteiro. Quantas pessoas LGBTs não estão com mais receio de sair de suas casas? "Podia ter sido comigo..."

Nas redes sociais o mundo inteiro colocou a tag "Pray For Orlando", que pela tradução seria "rezar por Orlando". Houve gente que criticou a tag por fazer uma referência a religiosidade. Mas eu enxergo de outro modo: o ato de rezar pode independer de crenças e religiões. Você pode orar pelas almas das vítimas usando sua própria fé. Você é ateu? Então reze pelas memórias dessas pessoas, por tudo que elas representaram enquanto vivas.

Com toda essa violência e sofrimento, houve uma quantidade enorme de pessoas revoltadas com o ocorrido e solidárias com as famílias das vítimas. Muita gente do meio artístico se manifestou. até pessoas do meio político. Talvez, só talvez, isso possa ter aberto mais os olhos do mundo inteiro a respeito da população LGBT.

Mais uma vez LGBTs se tornaram estatísticas de morte por intolerância.
Não foi apenas um homem que apertou o gatilho. Foi todo o preconceito, desde a piadinha na mesa do bar até o espancamento na rua.
Estamos de luto, mas a luta continua!

#PrayForOrlando #PrayForTheWorld #PrayForLGBT