12 de nov. de 2014

Meu eu feminista

Recentemente passei por um conflito nas redes sociais.

Questionei um machista sobre homens feministas e mulheres machistas.
Eu disse que o homem feminista está buscando, ao lado das mulheres feministas, a luta pela igualdade entre os sexos. Já a mulher machista está apenas reproduzindo o que lhe foi imposto desde sempre, afinal vivemos numa sociedade essencialmente machista.

Houve um rapaz que me questionou sobre eu chamar machismo de ideologia. Mas é mesmo, por definição, pois ideologia é um conjunto de ideias e regras estipuladas por um grupo. O machismo possui todo um conjunto de pensamentos que ditam o que homens e mulheres devem fazer, como devem ser. Isso causa um dano em ambas as partes, principalmente, e majoritariamente na mulher.

Enfim. Uma moça respondeu meu comentário alegando que eu, sendo homem, não poderia ser feminista, e que o feminismo busca a libertação da mulher.

Primeiro de tudo, falando do feminismo em si, ele busca sim a libertação da mulher. Entendo isso. Libertação das regras impostas, da opressão, da submissão, enfim, tudo que a coloca abaixo do homem nos aspectos sociais, culturais e intelectuais. Até hoje estive sendo apoiado por outras mulheres feministas, e homens também, mas essa foi a primeira mulher que me soltou diretamente esse questionamento. Aliás, do jeito que ela falou, parecia que minha afirmação sobre a igualdade  de gênero estava errada. E não está. A luta pela igualdade social está mais do que esclarecida e incluída no movimento.

A princípio fiquei com raiva da moça. Pensei: "Quem é ela para me dizer o que eu posso ou não ser?". Suas palavras causaram-me muito desconforto, pois pareceram desvalorizar minha contribuição para o feminismo.
Não, ainda não participei de passeatas, mas já há uns dois anos venho fazendo minha parte. Que parte é essa? Minha parte, como seguidor da ideologia feminista, de retirar todo machismo que eu tenho (ainda devo ter um pouco) e despertar minha mente para uma nova forma de enxergar mulheres e homens, enxergar mais igualdade, mais respeito, mais humanidade.

Refleti e pesquisei.
Tive o desprazer de ver outras mulheres afirmando que homens não podem ser feministas.
Em minha reflexão interna, concluí que a moça que me questionou deve pertencer a uma vertente mais "extremista" do feminismo. Existem várias vertentes, das mais flexíveis até essas. E de fato as feministas "extremistas" usam esse mesmo discurso.
Em minhas pesquisas, encontrei algumas feministas alegando que homens são na verdade pró-feminismo. O termo pró-feminismo seria usado pelos homens para mostrar apoio, mas não que eles sejam líderes, ou protagonistas do movimento. Existe certo receio de que os homens possam dominar até mesmo esse movimento.
Em relação aos termos, não existe ainda um consenso unânime sobre o homem ser ou "feminista" ou "pró-feminismo". Isso ainda é discutido.

Beleza. Fiz outra reflexão.
Deixa eu esclarecer uma coisa a todos os movimentos feministas: não quero ser líder de vocês. Pelo contrário, só quero apoiar. A luta é mais das mulheres mesmo, isso é evidente.
Querendo ou não, essa luta traz libertação para mulheres e homens. Existem vertentes voltadas mais para o lado masculino, como o movimento Homens, Libertem-se, mas desejo apoiar todos os lados da melhor forma possível. Se eu quiser ter voz, será em vertentes como essa. Nas demais, a voz é das mulheres, sempre!

Agora, vamos largar dessa briga de palavras e conceitos.
Acima de tudo, eu, como pessoa, devo considerar como me vejo e como me sinto. Vejo-me e sinto-me como um feminista.
Não sou protagonista do movimento, repito. Mas sim, sou feminista sim! Tenho a mentalidade e as atitudes de alguém que segue o feminismo, logo, na minha concepção, isso faz de mim um feminista. Posso ainda não ser 100%, mas sou!
E não vou me abalar por causa de uma minoria de extremistas. Até porque recebi imenso apoio de uma maioria, maioria composta por muitas mulheres e alguns homens. Não vou julgar ou criticar essas feministas, mas eu prefiro me manter afastado dos extremismos.

Tenho muito que aprender ainda. Contudo, não permitirei que por qualquer motivo alguém desconsidere o eu feminista que já existe dentro de mim. Minha convicção é maior que isso.