4 de abr. de 2018

Tradições e a Diversidade

Tento pensar de forma positiva no que se refere aos avanços sociais da diversidade, em especial a comunidade LGBTQIAP+.

Os estudos de Teoria Queer também estão caminhando, e toda a história e concepção de gênero estão sendo analisadas.

A separação de homens e mulheres através dos sexos biólogos é um fenômeno presente em todas as culturas que existem e já existiram, até mesmo naquelas com mais de dois gêneros.

E gênero é algo muito presente nas estruturas sociais e nas tradições. Muitas religiões e doutrinas têm papéis específicos para homens e mulheres, seja numa data em particular, num ritual etc.

Embora eu defenda que certas tradições devem ser mantidas em prol da preservação de culturas, é inegável que as construções de gênero entrarão em conflito com a Teoria Queer e a inclusão social crescente de certos grupos minoritários.

Claro que ainda existirão homens e mulheres cis e seus lugares nas tradições continuarão garantidos. Meu ponto é: as tradições serão capazes de incluir a transgeneridade?

Por exemplo, uma tribo que tem uma festa apenas para "as mulheres" (cis, no caso); pessoas DH* de identidades femininas (mulheres, travestis e não-binárias) teriam permissão de participar? E se tiverem, como argumentar com pessoas que podem se opor a isso por ser "contra a tradição"? E se essas separações binárias incomodarem alguém?

Não quero de forma alguma afastar pessoas que pertencem a determinada cultura por causa desse dilema. E nem pessoas que têm interesse nessa cultura ou sentem alguma conexão com ela. Realmente não consigo pensar agora numa solução definitiva que agrade a todes.

Serei sempre a favor da inclusão. Acho possível que as tradições sejam inclusivas sem se perderem, acho justo que as tradições se ajustem às pessoas (não coloco subjetividades acima da humanidade). Mas o maior problema são as pessoas ou os grupos que comandam essas tradições. E geralmente quem comanda tradições é conservadore.

E tudo fica mais complicado para pessoas que não são apenas homens/de identidades masculinas nem mulheres/de identidades femininas. Na hora que disserem "homens desse lado, mulheres do outro", para onde essas pessoas vão? Entendem?

Ainda posso tornar a questão toda mais polêmica apontando que, mesmo havendo inclusão, muitas tradições reforçam estereótipos ou são baseadas em ideias ultrapassadas sem mais espaço num mundo "desconstruído". Mas isso poderia afastar as pessoas de culturas - e não desejo isso.

Fica aí uma reflexão para vocês todes.

*DH: designade homem (no nascimento).