29 de nov. de 2014

Comentários sem noção

Eu, como homossexual, todos os dias acabo vendo ou ouvindo certas afirmações ou comentários muito infelizes. O pessoal atualmente forma as opiniões deles baseados em achismos, ou sei lá...

E quando você tem informação e um bom senso crítico, você consegue enxergar a ignorância e a falta de lógica de certos comentários. Curiosamente eles são mais feitos por homens do que por mulheres. Vou mostrar algumas pérolas que já ouvi/li por aí:

1- "Não tenho nada contra homossexualismo, mas por mim não existiria."

Como você deseja que gays não existam e não tem algo contra? Não entendi...

2- "Você é tão legal, e os homens bons viram gays hoje em dia."

Analisem: homens bons viram gays. Então gay não é um homem bom? A propósito, ninguém vira gay.

3- "Ele é gay? Eu achava que ele era homem."

Ah, o fato de eu gostar de homens não me torna homem... Boa lógica a sua!

4- "Ele não é gay, ele é homem-homem."

Ok, obrigado por me considerar só homem mesmo. Andou meio caminho.

5- "Esses caras querem ser mulheres."

Não, não queremos ser mulheres. Somos homens e continuamos sendo homens. O inverso vale para as lésbicas.

6- "Você é assim porque não achou a mulher certa para você."

Então você, cara hétero, é assim porque não achou o homem certo?

7- "Nossa, esse cara é muito inteligente! E olha que ele é gay."

Sexualidade e nível intelectual estão relacionados? Eu não sabia disso, conte-me mais.

8- "Ai, eu adoro essas anomalias! Elas deixam o mundo mais colorido, mais vivo, mais engraçado."

Bom, obrigado pela consideração, apesar de que nós não somos palhaços para divertir o mundo. Só não me chame de "anomalia", ok?

9- "Acho que isso aí é um distúrbio."

Primeiro, você não acha nada. Segundo, já saímos da década de 70. Não é distúrbio o amor de dois homens ou de duas mulheres.

10- "Cara, você devia ao menos experimentar mulher. Como pode dizer que não gosta se nunca ficou com uma?"

Por que você, cara hétero, não fica com um homem? Viu? É a mesma coisa.

11- "Nada contra os gays, contanto que não fiquem dando em cima de mim."

E você ficar dando em cima de mulher na rua, tudo bem, né? A mulher não tem essa opinião também. Mas pelo menos você tem autoestima: você pensa que os gays não te resistem (risos).

12- "Sou a favor dos gays, só não quero que adotem criança."

Se você nega um direito nosso, você não é a favor como diz. Deixar na rua ou sem casa, tudo bem, né? E só para sua informação, existem pesquisas que comprovam que casais gays criam tão bem quanto casais héteros. Na dúvida, pergunte para uma criança criada por eles. Ah, crianças adotadas por dois iguais foram abandonadas por dois diferentes. Lembre-se disso.

13- "Ah, mas eles podem influenciar a criança a ser homossexual."

É mesmo? Então como existem tantos homossexuais vindos de casais heterossexuais, num mundo regido por héteros? De onde veio o primeiro homossexual?

14- "A gente sabe que isso existe, mas não precisa ficar mostrando isso na tv ou na rua."

Do que você tem medo? Qual é o problema de mostrar? Vamos esconder das pessoas algo que sempre existiu? Também sabemos que existem héteros, então para que ficar mostrando em praticamente tudo?

15- "Estão querendo aprovar casamento gay!!! Daqui a pouco vão aprovar pedofilia e zoofilia!"

Sério isso? Sério mesmo? Você está comparando o relacionamento de duas pessoas do mesmo sexo com isso? Não, ninguém nunca vai aprovar relações sexuais com menores e animais. Nem tem comparação. Sua afirmação é simplesmente absurda e ilógica.



Se de repente alguém se identificou com qualquer uma dessas frases, eu peço que reflitam. Façam um esforço e pensem nas coisas que vocês falam. Antes de tudo, reflitam sobre o seguinte: Essa é mesmo minha opinião? Ou estou repetindo opinião dos outros? O que eu sei sobre o assunto para formar opinião?

Não é fácil conviver com isso todos os dias. Mas estamos aqui! o/

Paz para todos e não se esqueçam de tomar sol. :D



26 de nov. de 2014

Anime/Mangá/Game: Umineko no Naku Koro ni

(Beatrice, a Bruxa Dourada)

Depois de ter assistido Higurashi no Naku Koro ni e de ter amado, procurei por alguma continuação. O que encontrei não era diretamente uma continuação. Porém, o enredo está situado no mesmo universo que Higurashi. Sem contar a grande similaridade entre eles. Não entrarei em muitos detalhes para não dar muito spoiler.

A história de Umineko ocorre na ilha de Rokkenjima, Japão, no ano de 1986, especificamente nos dias 4 e 5 de outubro. A ilha pertence a Kinzo, o patriarca da famosa e podre-de-rica família Ushiromiya. O mesmo está morrendo, quase chutando o balde, com um pé na cova. Na reunião de família que ocorre anualmente, todos os membros se reúnem na mansão da ilha para discutirem sobre a herança. Os mais interessados, logicamente, são seus quatro filhos: Krauss, Eva, Rudolf e Rosa. Além deles, os demais personagens são os maridos e esposas dos filhos, os netos de Kinzo, os servos e o médico particular de Kinzo.

O protagonista é Battler Ushiromiya (prefiro o nome japonês, Batora...), filho de Rudolf, que veio acompanhado de sua segunda mulher e madrasta de Battler, Kyrie. Os primos de Battler são George (filho de Eva e Hideyoshi), Jessica (filha de Krauss e Natsuhi), e Maria (filha de Rosa). Krauss, sua esposa Natsuhi, e Jessica moram na ilha junto com Kinzo. Além deles, também moram lá os cinco servos e o médico, Dr. Nanjo. Os servos são: a jovem Shannon, seu irmão de consideração Kanon, Genji (o chefe dos servos), a senhora Kumasawa e o novo cozinheiro Gohda.

Apresentados os personagens, vamos voltar para a trama. Existem rumores da existência de uma bruxa, Beatrice, que vive na floresta da ilha. Conhecida como a Bruxa Dourada, ela é a alquimista da família e, segundo a lenda, foi ela quem no passado deu a Kinzo uma imensa fortuna na forma de dezenas de barras de ouro. Contudo, eles tinham um contrato, e Kinzo (que, por sinal, é completamente obcecado pela bruxa) deveria cumpri-lo. Caso contrário, Beatrice voltaria do além ou sei lá de onde para "pegar tudo de volta" (entendam da maneira mais bizarra). 

No dia 4 de outubro, com a família toda reunida, um tufão imprevisível acaba prendendo os visitantes da família na ilha. Em seguida, coisas estranhas começam a acontecer. A pequena Maria lê para os familiares uma carta da bruxa, dizendo que ela esqueceria o contrato se eles resolvessem a charada escrita no epitáfio logo a frente do gigantesco quadro dela, pendurado na entrada da mansão. Pessoas começam a morrer, fantasia e mistério se combinam num enredo recheado de terror e de lógica maluca, inúmeras e incríveis batalhas de verdades vermelhas e verdades azuis ocorrem, uma guerra entre magia e truques humanos.

Umineko é dividido em oito "episódios". Esses episódios fazem o estilo de Higurashi (sagas de pergunta e sagas de resposta) e contam a história de maneiras diferentes. A trama acaba tomando novos rumos a medida que novas informações são dadas, mas sem deixar de ser incrivelmente insana e elaborada.

Bom, primeiramente, eu recomendo a versão mangá. Assisti o anime e me decepcionei. Julguei a história como ruim, confusa, nonsense, um lixo em comparação a Higurashi. Aliás, o anime contem apenas metade de toda a história (os quatro primeiros episódios), e mesmo assim ainda fez questão de encurtar, cortar partes, e alterar elementos importantes para compreender a trama. Descobri o mangá e dei uma chance. Não me arrependi até hoje.

A história foi originalmente feita na forma de game, mais especificamente uma visual novel (parecida com a sound novel, mas continua sendo mais novela do que game). E claro, a história é muito (muito!) mais longa nessa versão. Se quiserem conferir, fiquem à vontade.

Apenas gostaria de apontar que a versão VN não conta a história revelando todos os mistérios. O autor permite que o jogador descubra e explore sozinho as possibilidades e a verdade por trás de tudo. Entretanto, na versão mangá, o autor esclarece tudo que na VN ficou obscuro e revela muito mais detalhes. Já li os spoilers, e pretendo fazer referência a um deles em outro post, pois estão relacionados a um dos assuntos abordados no Blog. Por hora encerro aqui. O mangá está mais disponível em inglês e as traduções são normalmente lançadas mensalmente. Quem tiver curiosidade, espero que aproveite!





"Sleep peacefully, my most beloved witch, Beatrice"



22 de nov. de 2014

Transexuais, travestis e andróginos em animes/mangás - Parte 1

Animes e mangás não fizeram muito tabu a respeito de transexualidade, travestilidade e androginia. Os japoneses podem até serem um tanto conservadores, mas de alguma forma não reprimiram em suas obras a visibilidade das pessoas diferentes da maioria. Isso é muito bom! Admirável, na minha opinião. Eles apresentaram essas pessoas como apenas personagens; protagonistas, antagonistas, coadjuvantes.

Segue abaixo uma lista com personagens dentro das categorias tratadas neste post.



  • Cinderella Boy

Bem, embora não seja um caso realístico de transexualidade, a trama da série envolve dois detetives, Ranma e Rella, que num experimento acabam dividindo o mesmo corpo. A cada 24 horas eles trocam de sexo, e com isso começa suas desventuras em série.

Como eu disse, mesmo não sendo condizente com a realidade, essa história mostra que japoneses também gostam de usar a ideia da ambiguidade de um personagem. Aqui temos um homem e uma mulher dividindo a mesma vida e o mesmo corpo. Talvez seja uma representação dos lados masculino e feminino que todos nós temos dentro da gente XD.

(Ranma à esquerda e Rella à direita)

  • Rurouni Kenshin


Kamatari Honjō é um membro do Juppongatana, grupo liderado pelo antagonista Shishio Makoto. Ela tem sentimentos por Shishio, mas sabe que não será correspondida por causa de seu sexo biológico. Sua lealdade a ele era tanta que ela estava disposta a se suicidar quando perdeu a luta contra as personagens Kaoru e Misao. No mangá ela chega a mostrar sua genitália, constrangendo Misao.

(Kamatari Honjō)

  • Fairy Tail

A série tem dois casos:

1- Frosch, um ser felino vestido de sapo, nunca teve seu gênero confirmado. Normalmente os gatos da série tem o mesmo gênero do dono. Seu dono, Rogue, já usou indicativos femininos para Frosch. O autor até hoje decidiu manter essa questão um segredo.

Seja gato ou gata, Frosch ainda é kawaii! *---*

(Frosch)

2- Bob, o chefe da guilda Blue Pegasus, é um personagem extravagante e cômico. Ele é um senhor que se veste de maneira muito feminina, com batom e até duas asas nas costas. Embora tenha essa aparência, ele é um mago poderoso, e também possui um lado sério assustador. Ele chega a flertar com dois protagonistas, Natsu e Gray, sendo que com Gray acontece mais de uma vez. É compreensível, ainda mais no caso do tesudo Gray XD.

(Bob)

  • Fullmetal Alchemist

Inveja, que faz parte do grupo dos sete homúnculos, tem uma aparência completamente andrógina. Na versão anime de 2003, Inveja é representado como sendo originalmente homem. No mangá e no anime Brotherhood, seu sexo mantem-se ambíguo. Como sua verdadeira forma é um verme, é possível que Inveja não tenha sexo.

Por sinal, seu poder de transformação é um dos melhores!

(Inveja)

  • Gintama

O personagem Kotarou Katsura é o líder de uma facção e procurado pelas autoridades. Devido a isso, ele costuma se transvestir, adotando a identidade Zurako. Sua definição mais correta seria um crossdresser, um homem que se veste de mulher por algum motivo. Foi revelado que ele tem preferência por mulheres mais velhas.

(Kotarou Katsura)

  • Hunter X Hunter

Killua Zoldyck, um dos protagonistas, é um dos cinco irmãos de uma família de assassinos profissionais. Foi oficialmente confirmado na tradução do mangá e adaptado para o anime que eram todos homens. Os outros são: Illumi, Milluki, Alluka e Kalluto. Entre eles, há dois que chamam a atenção para o tema.

1- Kalluto é um menino de aparência andrógina, vestindo um kimono preto. Sua voz no anime é feminina. Como teve pouca participação, ainda não está totalmente claro se Kalluto é o mesmo caso de Alluka ou se é um menino andrógino. Os personagens se referem a Kalluto no masculino.

(Kalluto Zoldyck)

2- Alluka, uma das minhas favoritas. Uma personagem encantadora com o poder de realizar desejos, uma benção e também uma maldição. Talvez seja a personagem mais poderosa de toda a série. Alluka é referida no masculino por quase todos os personagens, com exceção de Killua, que realmente a ama e respeita sua condição de trans. Essa condição não é revelada com palavras, mas fica evidente pelo tratamento errôneo no masculino e por Alluka ter sido vestida de menino na infância. Espero poder ver Alluka mais vezes!

(Alluka Zoldyck)

  • Kuroshitsuji

A personagem Grell confundiu fãs da franquia por muito tempo, pois ela era definida como um homem gay que usava pronomes pessoais femininos. A autora confirmou que ela se identifica como mulher, o que a torna conceitualmente uma transexual. Como a história se passa em Londres da Era Vitoriana, Grell não deve ser operada. Mas vale ressaltar que a transexualidade não está na cirurgia, e sim na identidade da pessoa.

(Grell Sutcliff)

  • Naruto

Haku, um dos primeiros antagonistas e um personagem famoso. Um garoto perigoso, com um poder especial (se pensam que ele é delicado, enganam-se). Ele usava roupas femininas, um laço no pescoço e pintava as unhas. Ele está na categoria de andrógino por ser do gênero masculino e com aparência feminina.

Aliás, só comentando uma experiência pessoal, já ouvi fãs dizendo que Haku era menina. A única base disso era sua aparência. Será que o pessoal desconhece a existência de pessoas andróginas?

(Haku)



Termino por aqui para não tornar o artigo muito grande. Continuarei a lista num futuro próximo.



19 de nov. de 2014

Anime/Mangá/Game: Higurashi no Naku Koro ni

(Quando as cigarras chorarem...)

Em uma de minhas buscas por novos animes do gênero terror, acabei encontrando esse. Li por cima a sinopse e decidi assistir. Vi apenas o primeiro episódio e não me interessei. Acho que quase dois anos mais tarde voltei a assistir o primeiro episódio e, com um pouco de relutância, prossegui. O que assisti não era apenas horror psicológico, era mais do que isso.

A história de Higurashi se passa numa pequena vila rural chamada Hinamizawa, em junho de 1983. O protagonista, um garoto chamado Keiichi Maebara, se muda com seus pais para lá. Na única escola existente na vila, ele conhece as meninas Rena Ryugu, as gêmeas Mion e Shion Sonozaki, Rika Furude e Satoko Houjou. Não há muito que fazer de inusitado naquela pacata vila. Até que, naquele mês, ocorre o festival anual de Watanagashi, uma espécie de comemoração a um suposto deus daquela vila, Oyashiro-sama. Um novo mistério surge e Keiichi acaba preso num ciclo de eventos macabros a respeito do festival e do deus.

Essa história foi lançada originalmente na forma de game, do tipo "sound novel", que é mais como uma novela e exige pouca interação do jogador. As demais versões são anime e o mangá. Embora para o enredo principal apenas oito sagas sejam relevantes, todas as versões apresentam extensões e sagas alternativas (algumas até de zoeira). Quem quiser conferir, basta procurar pela net.

Vou dar um pouco de spoilers com o intuito de apresentar um pouco a história.

A história principal é dividida em oito sagas, divididas em quatro sagas de perguntas e quatro sagas de respostas. A versão anime nomeou as quatro primeiras de Higurashi no Naku Koro ni e as quatro últimas de Higurashi no Naku Koro ni Kai. As sagas de perguntas apresentam os mistérios na cidade de Hinamizawa e mostram os eventos macabros de lá ocorrendo de maneiras diferentes. Já vou estragar que os personagens morrem, mas depois "voltam à vida", e os acontecimentos tomam um rumo diferente. As sagas de respostas são a resolução dos mistérios, apresentando detalhes ocultos e tudo que aconteceu por trás das cenas nas primeiras sagas. Inclusive, um dos personagens principais será a estrela dessas sagas. Aliás, essa pessoa será revelada como a estrela principal de toda a trama.

Eu particularmente assisti apenas o anime. Gostei? Não, não gostei; eu amei! Higurashi é uma história única, incomparável. A princípio pode parecer confuso e apenas mais um anime de sangue e violência gratuita, mas quando chegarem nas quatro sagas de respostas tudo fará sentido. E mais, já adianto que as coisas tomarão um rumo inesperado, mas sem distanciar-se da trama proposta. A parte do lado macabro, a história tem seu lado heroico e sobrenatural. Vale a pena conferir!





"At the first time, I do my best to try again
against the inevitable tragedy.
In the second time, I become disgusted
towards the inevitable tragedy.
The third time, disgust is overwhelmed into painfulness.
But by the seventh time, this all becomes a farce comedy.
— Frederica Bernkastel"



15 de nov. de 2014

Família

O que é uma família?

Bom, eu não sei responder isso muito bem... Nunca me dei bem com a minha. Atualmente nem tenho mais contato com as pessoas que eu outrora chamei de "familiares".
Considero ainda alguns primos.

Eu poderia ser mais uma pessoa na sociedade que pertence ao modelo perfeito de família, tipo aquela dos comerciais de margarina, com pai e mãe presentes (o que eu não tive). Aquela família onde todos são unidos, amigáveis, aceitam as diferenças, riem e brincam em qualquer lugar e ocasião.

Bem, morrerei sem saber o que é isso na prática hahaha

De qualquer jeito, tenho uma ideia do que seria uma família.
Você pode construí-la com qualquer pessoa ou grupo. Pode até ter animais nela.
Só não vale criar uma com a imaginação... Isso é esquizofrenia hahaha

Esse ano foi aberto no site da câmara dos deputados um projeto chamado Estatuto da Família.
E mais uma vez a bancada evangélica do Congresso destila seu ódio e tenta novamente retroceder o país. O Estatuto declara que família é formada apenas por homem e mulher.

Está óbvio que isso é mais uma tentativa de atacar homossexuais e famílias homoafetivas.
Porém o que os supostos pregadores do amor cristão não percebem é que o próprio Estatuto nega também outros tipos de famílias: mãe solteira, pai solteiro, casais estéreis, avôs, avós, tios, tias etc. Vai me dizer que você não conhece ninguém criado pela avó? Ou você deve ser esse alguém.

A votação da enquete está (no momento) tão acirrada quanto os resultados das eleições de 2014. O "sim" e o "não" disputam pelo maior número de votações.

Para termos uma ideia do quanto a parcela da população que respondeu "sim" entende o significado de um Estado Laico, a grande maioria deles justifica o voto usando argumentos como "Deus", "natureza", "macho e fêmea reproduzem", e afins.
Eles não têm um verdadeiro argumento. Eles são incapazes de pensar num argumento sem influência religiosa. De novo vemos um livro escrito há mais de 2 mil anos sendo usado para formação de opinião.
Devemos levar em consideração a opinião de alguém assim? Eu particularmente não levo.
Que lógica absurda é essa que afirma que o casal Nardoni é mais "família" do que Rick Martin, seu marido e filhos?

Quem disse que uma família é formada apenas por pessoas reprodutoras?
E uma criança adotada por um casal, homem e mulher? Não foram eles quem geraram. Mas estão cuidando!
E a avó ou o tio que cuidam? Não foram quem geraram também, embora tenham uma ligação sanguínea. Mas estão cuidando!

Os religiosos atualmente têm tanto ódio de homossexuais que desejam a todo custo desumanizá-los ao máximo possível. Para eles, dois homens ou duas mulheres não podem formar uma família, simples assim.
Mas eles se esquecem da criança adotada por um desses casais.
São crianças cuidadas, bem educadas, cercadas de carinho e atenção. São crianças felizes. Pesquisas comprovam isso, entrevistas da mídia comprovam isso.

Quem são eles para dizer a uma criança dessas que ela não faz parte de uma família por causa do que está escrito no livrinho de mais de 2 mil anos? O que é o livrinho empoeirado perto da felicidade dessa criança?

Isso sem contar as demais famílias, como crianças de pai ou mãe solteiros. Muitas são criadas bem e se desenvolvem em bons adultos. O mesmo vale para aqueles criados por avôs e tios.
Educação independe de parentesco, gênero ou números de pessoas.
Todos nós somos capazes de criar bem uma criança. Temos que querer, temos que planejar e temos que estar abertos a isso. Criar um ser humano não é brincadeira. É uma nova fase da vida.

A própria ficção retrata a família de inúmeras maneiras.
Batman, um super-herói, foi criado por um mordomo.
Tarzan cresceu entre gorilas.
Você nunca percebeu que o pai de Jonny Quest tinha um caso com o guarda-costas dele? (sabe de nada, inocente)
E por aí vai. Tantos e tantos exemplos.

Depois de tanta conversa, voltemos a questão inicial: o que é uma família?
É um casal homem e mulher e seus filhos? Sim. São família enquanto cuidam e tratam bem!

Família de verdade é quem cuida, quem ensina, quem dá amor, conforto e proteção, quem está presente na vida da criança, quem a prepara para a vida e para o mundo.

Tem muita gente precisando rever seus conceitos. Aliás, milhares de brasileiros estão precisando fazer isso. Aposto que Deus (o verdadeiro, aquele que é puro amor e luz) faz um facepalm quando olha aqui embaixo. Se eu fosse Ele estaria em depressão quando visse almas tão retrógradas em tempos modernos.

O mundo precisa de menos ódio e discriminação. O mundo precisa de mais família!!!



12 de nov. de 2014

Meu eu feminista

Recentemente passei por um conflito nas redes sociais.

Questionei um machista sobre homens feministas e mulheres machistas.
Eu disse que o homem feminista está buscando, ao lado das mulheres feministas, a luta pela igualdade entre os sexos. Já a mulher machista está apenas reproduzindo o que lhe foi imposto desde sempre, afinal vivemos numa sociedade essencialmente machista.

Houve um rapaz que me questionou sobre eu chamar machismo de ideologia. Mas é mesmo, por definição, pois ideologia é um conjunto de ideias e regras estipuladas por um grupo. O machismo possui todo um conjunto de pensamentos que ditam o que homens e mulheres devem fazer, como devem ser. Isso causa um dano em ambas as partes, principalmente, e majoritariamente na mulher.

Enfim. Uma moça respondeu meu comentário alegando que eu, sendo homem, não poderia ser feminista, e que o feminismo busca a libertação da mulher.

Primeiro de tudo, falando do feminismo em si, ele busca sim a libertação da mulher. Entendo isso. Libertação das regras impostas, da opressão, da submissão, enfim, tudo que a coloca abaixo do homem nos aspectos sociais, culturais e intelectuais. Até hoje estive sendo apoiado por outras mulheres feministas, e homens também, mas essa foi a primeira mulher que me soltou diretamente esse questionamento. Aliás, do jeito que ela falou, parecia que minha afirmação sobre a igualdade  de gênero estava errada. E não está. A luta pela igualdade social está mais do que esclarecida e incluída no movimento.

A princípio fiquei com raiva da moça. Pensei: "Quem é ela para me dizer o que eu posso ou não ser?". Suas palavras causaram-me muito desconforto, pois pareceram desvalorizar minha contribuição para o feminismo.
Não, ainda não participei de passeatas, mas já há uns dois anos venho fazendo minha parte. Que parte é essa? Minha parte, como seguidor da ideologia feminista, de retirar todo machismo que eu tenho (ainda devo ter um pouco) e despertar minha mente para uma nova forma de enxergar mulheres e homens, enxergar mais igualdade, mais respeito, mais humanidade.

Refleti e pesquisei.
Tive o desprazer de ver outras mulheres afirmando que homens não podem ser feministas.
Em minha reflexão interna, concluí que a moça que me questionou deve pertencer a uma vertente mais "extremista" do feminismo. Existem várias vertentes, das mais flexíveis até essas. E de fato as feministas "extremistas" usam esse mesmo discurso.
Em minhas pesquisas, encontrei algumas feministas alegando que homens são na verdade pró-feminismo. O termo pró-feminismo seria usado pelos homens para mostrar apoio, mas não que eles sejam líderes, ou protagonistas do movimento. Existe certo receio de que os homens possam dominar até mesmo esse movimento.
Em relação aos termos, não existe ainda um consenso unânime sobre o homem ser ou "feminista" ou "pró-feminismo". Isso ainda é discutido.

Beleza. Fiz outra reflexão.
Deixa eu esclarecer uma coisa a todos os movimentos feministas: não quero ser líder de vocês. Pelo contrário, só quero apoiar. A luta é mais das mulheres mesmo, isso é evidente.
Querendo ou não, essa luta traz libertação para mulheres e homens. Existem vertentes voltadas mais para o lado masculino, como o movimento Homens, Libertem-se, mas desejo apoiar todos os lados da melhor forma possível. Se eu quiser ter voz, será em vertentes como essa. Nas demais, a voz é das mulheres, sempre!

Agora, vamos largar dessa briga de palavras e conceitos.
Acima de tudo, eu, como pessoa, devo considerar como me vejo e como me sinto. Vejo-me e sinto-me como um feminista.
Não sou protagonista do movimento, repito. Mas sim, sou feminista sim! Tenho a mentalidade e as atitudes de alguém que segue o feminismo, logo, na minha concepção, isso faz de mim um feminista. Posso ainda não ser 100%, mas sou!
E não vou me abalar por causa de uma minoria de extremistas. Até porque recebi imenso apoio de uma maioria, maioria composta por muitas mulheres e alguns homens. Não vou julgar ou criticar essas feministas, mas eu prefiro me manter afastado dos extremismos.

Tenho muito que aprender ainda. Contudo, não permitirei que por qualquer motivo alguém desconsidere o eu feminista que já existe dentro de mim. Minha convicção é maior que isso.



8 de nov. de 2014

Game: Banjo-Kazooie

("Dingpot, Dingpot by the bench, who is the nicest looking wench?")

Ah, que nostalgia! Foi um dos primeiros jogos de Nintendo 64 que tive. De alguma forma marcou minha infância. Um game feito pela empresa Rare, que por sinal fez outros jogos marcantes para mim.

A história conta a nova aventura da dupla Banjo (o urso) e Kazooie (a ave) para resgatar a irmã sequestrada de Banjo, Tooty, das garras da bruxa malvada Gruntilda. A dupla tem a ajuda da toupeira Bottles, que ensina novas habilidades, e do shamã Mumbo Jumbo, que transforma os dois em algum animal dependendo da fase.

Simples, não? E o que tem de tão especial nesse game? Bom, ele é simplesmente engraçado, interativo e bem divertido de jogar. O item icônico do jogo são os quebra-cabeças, que precisam ser coletados para abrir a entrada das fases. Porém, para chegar até elas, você precisa coletar também notas musicais, que abrem seu caminho para as demais fases.

Quando eu era menor, eu não entendia o inglês. Quando joguei novamente, anos depois, entendi mais os diálogos, e tenho que dizer: o jogo é cômico. Gruntilda sempre fala rimando e frequentemente quebra a quarta parede (isto é, ela fala diretamente com o jogador sabendo que ela faz parte de um game). No final do jogo, os personagens chegam a fazer o mesmo. Banjo e Kazooie também são muito zoeiros, até um com o outro. Ah, e perto da última luta, você é obrigado a passar por um jogo de perguntas e respostas! Doido, não?

Enfim, eu adorei jogar tudo novo. Lembro-me que minha fase favorita era a última, a fase mais peculiar em minha opinião: Click Clock Wood. Essa fase podia ser jogada em todas as estações do ano. Minha segunda favorita era a segunda, Treasure Trove Cove, que era numa ilha. Sempre gostei de areia e mar hahaha. Outra coisa legal é a trilha sonora, sempre em combinação perfeita com o cenário das fases.

É uma pena que Nintendo 64 e suas fitas sejam raridade atualmente. Mas felizmente o jogo foi lançado para Xbox 360 na forma de Live Arcade (XBLA). Talvez nem todos que jogaram tenham gostado, mas para mim é um clássico do N64 incomparável, assim como outros jogos da empresa Rare. Seria o tipo de jogo que eu guardaria mesmo depois de 30 anos. Eu gostaria que as novas gerações de gamers soubessem apreciar clássicos, como esse. :D

(Cena de introdução)



1 de nov. de 2014

Pensamento do dia

Se eu pudesse, levaria todos para casa. Sério, eu levaria. Todos. Cada um deles.

Não tenho uma propriedade grande suficiente e nem condição financeira para isso.

Se algum dia eu ficar rico, vou criar um imenso lar para eles.

Não aguento vê-los perdidos pelas ruas.

São pequenos, peludos, fofos. Alguns latem, outros miam. Têm focinhos e olhinhos brilhantes.

Não sei o histórico de todos. Mas ou são abandonados, ou já nasceram na rua.

Eles só querem o que todo mundo quer: felicidade.

"Animal não é gente!"
Mas sentem fome, sede, frio, dor, medo, assim como você.

"Animal é ser irracional!"
É mesmo? Ok, especialista no assunto, você afirma que eles são irracionais.
Eles sabem quando você não está bem, se comunicam de acordo com a necessidade, ficam ariscos perto de pessoas ruins... Sabia que eles têm personalidades próprias? Onde eles são irracionais?
E mesmo que fossem, isso não justifica deixar na rua.

"Ah, mas animal não pensa que nem humano."
Realmente. Eles têm uma consciência mais simples em comparação a nossa.
Mas será que o animal de rua, com sua consciência limitada, enxerga o mundo ao redor dele da mesma forma que o animal que tem um lar?

"Ah, tem gente que se preocupa mais com animal do que com outras pessoas..."
O animal é um ser vivo que nem você. Merece nossa atenção e nossa preocupação. Ninguém aqui está desvalorizando as pessoas, estamos apenas dando visibilidade para aqueles que sempre tiveram pouca. Pare de exagero.

E só para constar, animal é bem melhor que certas pessoas por aí. Gente que mata, maltrata, rouba, inveja, difama etc etc etc.

E para finalizar: vocês gostariam de estarem abandonados na rua?