21 de abr. de 2018

Elu

Este será o primeiro artigo em que vou falar de mim usando a neolinguagem, usando o segundo conjunto que adoto pessoalmente.

Continuo usando linguagem o/ele/o porque gosto dela. Mas também uso a linguagem -/elu/e. Ou seja, não tenho artigo, meu pronome é elu, e os finais de palavra para mim são com e.

Me sinto representade por elu. Gosto de um pronome que não evidencia uma qualidade masculina ou feminina. Uso elu porque nele sinto neutralidade, e quero essa neutralidade falada e ouvida.

Acho bem atraente a ideia de se referirem a mim como elu e a outra pessoa não saber meu gênero. E afinal, meu gênero importa tanto assim?

Acho bem divertida a ideia de se referirem a mim com palavras novas e a outra pessoa ficar confusa. A linguagem nova ainda deve assustar um pouco.

Sou ume menine, sou formade em Farmácia, sou produtore de conteúdo sobre diversidade. Sou jovem, militante e diferente... ah, pera, já são palavras neutras haha.

Desafio as normas de gênero e desafio agora as normas da língua, língua normativa, normatividade pregada por um cistema (sim cis-tema).

O foda é que estou ciente de que pouquíssimas pessoas respeitarão minha outra linguagem, mesmo que eu decida oficialmente que ela é a primária, e não mais o/ele/o. Mas faz parte, né?

Minha linguagem é política. Saio da norma só porque quero. Sou tode desviante. Pessoa heterodissidente, pessoa transgênero, e pessoa que usa a linguagem que quer.

Meu corpo é de elu. Minha voz é de elu. Meu sexo é de elu. Meu gênero é de elu.

Prazer, sou elu.