30 de abr. de 2017

Transgênero

O grupo das pessoas transgênero inclui todxs que possuem uma identidade de gênero que diverge das normas sociais, que determinam o gênero de cada pessoa baseando-se no sexo biológico.

Muitas pessoas trans se encaixam no padrão binário homem-mulher. Entre a diversidade da transgeneridade temos também as pessoas de gêneros não-binários (n-b). O termo guarda-chuva em inglês genderqueer é usado com um cunho político-social para pessoas trans n-b.

Existem muitas identidades. E também há pessoas n-b que vivenciam um gênero sem classificação ~ quando a pessoa apenas se diz "trans não-binárix".

Vale ressaltar que pessoas transgênero podem ser de qualquer sexo biológico e podem ou não querer alterar o corpo, seja hormonização ou transgenitalização.

O Ocidente ainda tem dificuldade em reconhecer pessoas n-b legalmente, assim permitindo que elas mudem seu gênero registrado. Poucos países reconhecem pessoas de gênero neutro (ou neutrois), que não são nem mulher ou homem. Norrie foi a primeira pessoa deste gênero reconhecida legalmente nos EUA.

No Oriente e tribos da América Latina, temos exemplos de terceiros gêneros; pessoas a parte de homem e mulher. Na Índia existem as hjiras, enquanto na América Latina temos as travestis.
*Veja mais sobre diversidade de gênero no Oriente aqui.

Recentemente os EUA reconheceram legalmente a primeira pessoa agênero, alguém sem uma identidade de gênero ou que não se encaixar com nenhum gênero definido.

Outras identidades n-b incluem:

Intergênero: um gênero entre o feminino e o masculino, sendo uma mistura de ambos. Um exemplo comum é o gênero andrógino.
*Obs: isso não significa que toda pessoa de aparência andrógina se identifica como tal.

Bigênero: uma pessoa que vivencia dois gêneros, podendo fluir entre eles ou senti-los simultaneamente. É comum os gêneros serem binários, mas podem ser não-binários. Pode ter aparência andrógina ou mudar de aparência quando quiser.

Pangênero: uma pessoa que vivencia uma multiplicidade de gêneros, seja fluindo entre eles ao longo do tempo ou experimentando-os ao mesmo tempo. O número de gêneros pode ser grande, podendo ser incontável (mas não são "todos", pois há gêneros exclusivos de pessoas intersexo e neurodivergentes). Pangênero pode também ser genderflux, variando entre gêneros existentes até ausência de gênero.

Gênero-fluído: uma pessoa que transita de período em  período entre dois ou mais gêneros. Há muita confusão sobre essa identidade, pois muita gente acredita que toda pessoa n-b é gênero-fluído.

Há também identidades parciais: demiboy e demigirl, pessoas que vivenciam parcialmente os gêneros masculino e feminino, respectivamente.

Algumas pessoas podem se dizer homem não-binário ou mulher não-binária. Isso significa que elas podem ter uma expressão ou identidade próxima dos gêneros binários ou adotá-los socialmente.

Infelizmente, pessoas n-b ainda sofrem muita discriminação, principalmente por ocidentais. Devemos compreender que nem todas as pessoas se encaixam em padrões. É um assunto ainda novo e deve ser discutido junto com os gêneros binários.

Discriminar pessoas n-b é transfobia e devemos respeitar a identidade alheia. Na dúvida pergunte qual tratamento a pessoa deseja. Não é difícil.



27 de abr. de 2017

Existe independência?

Uma vez há muito tempo me perguntei: será que podemos mesmos ser independentes? É mesmo possível? Ou é uma utopia?

Quando falamos em independência, no que pensamos? Ter uma casa, sua própria renda, capacidade de se sustentar, liberdade. Mas que liberdade seria essa? Seria o poder de fazer suas próprias escolhas e seguir o caminho que quiser.

Podemos ter nossa própria casa, podemos arrumar um emprego que pague bem suficiente para vivermos até com luxo, podemos seguir o caminho que quisermos. Mas isso é independência?

Tem gente que diz que ser independente é não precisar de ninguém. É possível não precisar de ninguém? Podemos nos isolar numa espécie de ilha e ter uma vida tranquila e digna com nossa própria companhia?

Sei que parece uma visão fútil, mas ter amizades é essencial. Criar vínculos com as pessoas nos permite ter vantagens e um porto seguro.

Não é ótimo ter alguém para te indicar numa vaga de emprego que paga muito? Não é ótimo ter alguém que te dê um presente que você não podia comprar? Não é ótimo ter um telefone para ligar caso precise de uma carona?

A partir daqui a tão sonhada independência começa a ser abalada. Vínculos facilitam nossa vida. Além disso, o ser humano é naturalmente um animal social. Ficar na solidão total ou isolar-se da sociedade nos faz adoecer, até enlouquecer.

Agora, como seria possível viver numa sociedade sem precisar de alguém? Você produz seu próprio alimento? Você fornece sua própria energia em casa? Você faz suas próprias roupas? Você paga seu próprio salário?

Não, temos grupos e instituições para tudo isso. Não se envergonhe, as coisas são assim. E não há nenhum problema nisso (tirando o capitalismo desenfreado e as questões que ele traz, mas isso fica pra outro artigo).

Bom, você pode resolver todas essas questões vivendo numa fazenda, plantando o que quiser e criando animais, tendo uma vida rústica e simples sem eletrodomésticos, e reunindo materiais e tendo técnica para fazer suas roupas. Porém, países te cobram para viver num pedaço de terra... Foda, né?

Supondo que exista uma maneira de evitar isso, aí sim seria a tão maravilhosa e inquestionável independência? Pode até ser. Agora, responda mais uma perguntinha: você consegue produzir água?

Não importa como vivemos, onde vivemos ou em que época vivemos, seremos sempre dependentes de uma força maior: a natureza. E, como foi dito, precisamos ao menos ter contato com pessoas. É... independência é uma fantasia. Pode admitir sem medo. Não tem problema.



23 de abr. de 2017

Somos iguais

Que lindo é o discurso de que todas as pessoas são iguais, não importa sua etnia, sexo e gênero, sexualidade, religião, que seja. Lindo mesmo. Pena que não é colocado em prática.

Claro que precisamos sempre analisar o contexto do discurso. Somos iguais, mas em que sentido? Sentido biológico - espécie? Sentido ético - direito à vida? De fato, somos todos iguais quando defendemos nossa humanidade e liberdade no mundo,

Falar de igualdade no sentido social que é um dos maiores desafios desse século.

Quando se fala em igualdade não queremos dizer que pessoas hétero-cis e pessoas LGBTs são exatamente a mesma coisa. O mesmo vale para as etnias, gêneros, classes socioeconômicas, enfim. Queremos dizer é que toda pessoa humana deve ser respeitada, seja em sua identidade e em suas escolhas.

Dizer que grupos majoritários e grupos minoritários são exatamente a mesma coisa é ignorar todo histórico social de segregação, diferenciação e discriminação que minorias sofreram. E ainda sofrem. Ninguém é igual a ninguém, no sentido literal. Nem pessoas de um mesmo grupo social são iguais entre si.

Quem é hétero-cis é hétero-cis, quem é LGBT é LGBT; temos nossas diferenças e temos necessidades específicas. A igualdade não é meramente oferecer o mesmo nível de oportunidades para todos quando há uma parcela mais privilegiada e outra menos.

Dizer que somos todos iguais é lindo. As pessoas precisam ouvir e acreditar nisso. Agora, isso mudará todo um sistema que inferioriza minorias? Não adianta soltar essa pérola numa discussão sobre direitos de minorias, não resolve nenhum problema.

Esse discurso bonitinho acaba invisibilizando identidades discriminadas assim como todo contexto histórico-social de discriminação que as mesmas passam. Minorias não precisariam de um "tratamento diferente" se não fossem tratadas diferentes.

LGBTs ainda são alvos de violência, mulheres ainda recebem salários menores, a população negra continua marginalizada, trabalhadores estão perdendo benefícios merecidos, pessoas com deficiência não são respeitadas, porra, cadê a igualdade que tanta gente diz que existe?

A frase de Aristóteles "Devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de sua desigualdade" nunca fez tanto sentido.

Que lindo dizer que somos iguais. Então por que ainda há tanta diferenciação?



20 de abr. de 2017

Comentando uma notícia

Essa semana foi um choque para toda a comunidade LGBT internacional. Na região da Chechênia, uma república da Federação Russa, esteve havendo nas últimas semanas relatos e denúncias de prisão e tortura de jovens homossexuais ou todos "suspeitos" de serem homossexuais. O presidente nega tudo isso pois, segundo ele, "não há homossexuais lá".

A Rússia é famosa por sua frequente e violenta perseguição e condenação à diversidade, principalmente homossexuais. Não apenas a Rússia, mas todas as regiões que pertencem ao governo russo estiveram manifestando homofobia de toda forma e intensidade.

Segundo as informações, os tais campos de concentração eram anteriormente para interrogar e acusar radicais islâmicos. E agora está sendo usado para torturar jovens, fazendo-os confessar serem homossexuais (mesmo não o sendo). Há indícios de que muitos foram assassinados. Ou pior: muitos também são devolvidos às suas famílias para serem mortos!

Felizmente, autoridades políticas e ONGs dos direitos humanos estão pressionando uma resposta da Chechênia, que, mesmo negando o ocorrido, não esconde seu posicionamento violento sobre homossexuais.

O que dizer sobre isso? É simplesmente desumano presenciar a homossexualidade sendo tratada como motivo para tortura e morte! Não consigo deixar de imaginar o horror e a dor dessas vítimas. Estamos no século 21, caralho! Como que ainda permitem atrocidades como essa?

E eu só me pergunto: ninguém vai fazer nada? O mundo inteiro vai deixar isso passar? Nenhuma entidade internacional vai mover alguma ação? Não basta apenas exigir resposta e investigar. 

Ainda acredito que a união faz a força. LGBTs do mundo todo, sejam militantes/ativistas ou não, deveriam se pronunciar contra a Chechênia e contra o governo russo. Precisamos espalhar a notícia. Precisamos falar sobre o assunto. Precisamos manifestar nossa indignação para que o mundo inteiro veja.

Pensaram que campos de concentração acabaram na Segunda Guerra Mundial? Bom, ano de 2017 e ainda temos campos fascistas sustentados pelo ódio à diversidade. Pode ser na Europa, mas o que impede de acontecer aqui também? Ódio se propaga igual a vírus.

É uma notícia triste mesmo. Triste também ver tantos jovens gays brasileiros conformados com suas baladinhas, bebida e divas pop do que mostrando o mínimo de indignação sobre isso. Prioridades, né?



15 de abr. de 2017

Comidas afrodisíacas

Sexo é muito bom, mas já experimentou comer alimentos antes do sexo que podem te deixar com mais tesão, prolongar mais o ato e aumentar o prazer? A natureza dispõe desses artifícios na forma de frutas, verduras, cereais, entre outros.

Como é possível alimentos intervirem numa relação sexual? As explicações são fisiológicas: estímulo da produção de hormônios da libido, aumento da sensação de prazer na região do cérebro, produção de energia para os músculos, e aumento da circulação sanguínea (vasodilatação) nas genitálias.

Segue abaixo os alimentos e seus efeitos:

- Morango: rico em vitamina C e potássio, necessários na produção de hormônios sexuais.
- Banana: rica em vitaminais do complexo B e potássio, necessários na produção de hormônios sexuais.
- Abacate: rico em vitamina E, que aumenta a libido.
- Frutas cítricas: têm antioxidantes, que impedem a degradação dos hormônios sexuais.
- Vinho: vasodilatador e estimula a produção de estrogênio.
- Alho: aumenta a libido no sexo feminino e é vasodilatador.
- Gengibre: aumenta o fluxo sanguíneo para a genitália, o que pode prolongar a ereção.
- Pimenta: vasodilatadora, aumentando a temperatura e batimentos cardíacos.
- Manjericão: estimulante e aumenta o fluxo do sangue nos genitais.
- Cravo da Índia: estimula a libido e produção de energia no metabolismo.
- Ginkgo biloba: seu extrato é vasodilatador.
- Ginseng: estimulante sexual e regula a liberação dos hormônios sexuais (no hipotálamo).
- Hortelã: estimulante sexual.
- Noz-moscada: vasodilatadora.
- Mostarda: sensibiliza a genitália.
- Açafrão: sensibiliza a pélvis (cabeça do pênis).
- Jambu: tem efeito relaxante.
- Anis e mamão: ambos têm compostos estrogênios, que agem como os hormônios do sexo feminino.
- Alecrim: sua ingestão e seu aroma são estimulantes.
- Folhas verdes: ricas em magnésio e cálcio, que melhoram a circulação do sangue.
- Aspargo: estimula a produção de histamina (hormônio que estimula a libido).
- Aipo: libera androsterona, um hormônio masculino e aumenta a libido de quem for sensível a ele.
- Amêndoas, castanhas e nozes: vasodilatadoras e lubrificantes naturais.
- Amendoim: rico em vitamina E, aumenta produção de energia.
- Canela: estimulante sexual que é vasodilatador e tonifica os músculos.
- Catuaba: estimulante sexual que aumenta produção de energia no corpo e tonificação muscular.
- Aveia e cereais integrais: estimulam a produção de testosterona.
- Mel: tem vitaminas do complexo B (que estimulam testosterona) e boro (que metaboliza o estrogênio).
- Trufa (fungo): o aroma remete ao ferormônio masculino.
- Ostra: tem aminoácidos usados na produção de hormônios sexuais e lubrificantes vaginais. Deve ser consumida regularmente para ter seus efeitos garantidos.
- Lagosta: rica em fosfato, iodo e zinco, minerais que liberam energia e são lubrificantes.
- Chocolate: libera o hormônio serotonina, responsável pelo prazer.

Quem disse que comida e sexo não combinam? =^.^=



12 de abr. de 2017

Uma carta para o gay anti-militância

Olá, senhor gay que é contra a militância LGBT.

Como está? Tudo bem? Espero que sim.

Espero que esteja seguro em seu quarto ouvindo suas divas pop, ou passeando de boa pela rua, ou bebendo com os amigos em alguma balada, ou até tendo uma transa gostosa com algum bonitão que viu no aplicativo.

Você diz que não gosta de militantes e ativistas. Diz que acha militância desnecessária. Até diz que o movimento LGBT é que promove a desigualdade, porque "se separa" do resto da sociedade.

Bom, você sabe como começou o movimento LGBT? Em 1969, nos Estados Unidos, o sistema era hostil com homossexuais. Policiais invadiram um bar chamado Stonewall Inn, conhecido como um bar gay, e LGBTs se uniram em protesto contra a violência da polícia. Isso marcou a libertação gay nos EUA. E surgiu o "movimento gay", que se desenvolveu e se expandiu por lá e pelo mundo até se tornar o que é atualmente.

Mesmo que você tenha milagrosamente assistido ao filme Stonewall, que fala justamente sobre esse evento, saiba que o filme mentiu. Quem protagonizou o protesto não foi nem um homem gay, foram duas mulheres trans e negras da época.

Lembre-se disso quando falar mal ou fazer piada sobre pessoas trans, ok? O "movimento gay" começou por iniciativa das trans!

Até o ano de 1990 a homossexualidade (na época, homossexualismo) era classificada como um transtorno mental pela OMS (Organização Mundial de Saúde). E após anos e anos de barulho, foi desconsiderada. Sabe quem fez o barulho? Militantes e ativistas de vários países!

Detalhe: mesmo assim a homofobia ainda existe! Muitos jovens gays são expulsos de casa, agredidos em público, e até assassinados. Você pode não correr esse perigo, mas tem gente passando por isso. E militantes e ativistas estão lutando pelo fim dessas atrocidades. Não são apenas crimes, são crimes de ódio, um ódio específico - ódio contra homossexuais.

Hoje você pode se assumir nas redes sociais, seguir páginas LGBTs, entrar em grupinhos para trocar nudes e conhecer outros como você. Sabe por quê? Porque por anos a militância esteve enfrentando a sociedade para incluir LGBTs como pessoas comuns e dignas do mesmo respeito e direitos que heterossexuais-cisgêneros.

Agora temos até aplicativos de relacionamento gay, como o Grindr, onde você pode marcar sexo com um cara de pau grande e malhado. De onde veio esse direito? Foi dado de mão beijada? Não, foi graças às ações de militantes LGBTs pela liberdade sexual e individual.

E veja você aí, assumindo para o mundo inteiro que é gay e contra a militância. Após muito muito muito tempo de luta, a militância conseguiu o direito de você se assumir tranquilamente. Tamanha é sua liberdade atual que você pode até desmerecer todo o trabalho dela!

Aí você pode dizer agora que essa "militância virtual" que é o verdadeiro problema, que escrever textão no Facebook e ficar problematizando é desnecessário. Olha, filho, pode ser desnecessário para você, mas para um jovem que acabou de se descobrir e só tem a Internet como contato com o universo LGBT, pode significar muita coisa.

Ninguém está te obrigando a levantar a bandeira e sair na rua protestando. Você não é obrigado a ser militante. Porque ser militante é sair da zona de conforto e peitar o sistema, a sociedade. Nem todos têm cabeça pra isso.

Apenas pense em tudo isso antes de se posicionar contra a militância LGBT. Não vale aproveitar os direitos conquistados e cuspir no rosto de quem os conquistou. É feio.

Talvez você tenha uma vida confortável o suficiente para não sentir os males da homofobia (e ela ainda existe, ok?), mas foi por causa de quase cinco décadas de militância que agora você não está internado numa clínica levando choque só por sentir tesão em homem.

Ah, você não gosta de militantes porque apontam e criticam seu machismo, sua lesbobitransfobia, seu racismo, seus preconceitos? Ao invés de ficar chorando, tenta refletir um pouco sobre isso.

E reflita sobre seus privilégios, afinal você ainda é um homem numa sociedade machista, então você pode reproduzir opressão contra a mulher. Se for branco, pode reproduzir racismo. E lembre-se que não existe só homem/mulher e heterossexuais/homossexuais no mundo, tá?

O mundo está caminhando. Cuidado para não ficar para trás. E não atrapalhe quem está tentando melhorar algo. Não tem nada a acrescentar? Fique na sua então.

Beijinhos coloridos.



8 de abr. de 2017

Confissões

Sou um pecador, assim como todo mundo. Tenho muitos pecados. Alguns que cometi, outros que ainda cometo.

O amor é lindo de se ver. Fico feliz por quem consegue encontrá-lo. E um lado meu adora observar casais, sejam conhecidos ou desconhecidos.

Mas quando os vejo, uma sombra me preenche. Ela é um pecado bem famoso. Eis meu maior pecado: inveja.

Eu invejo os sorrisos deles, invejo suas declarações de amor, invejo suas fotos juntos, invejo o afeto e a união dos dois, invejo só a ideia de imaginá-los se beijando ou transando enquanto fico mofando neste quarto solitário, sonhando com amores que nunca acontecerão, rejeitado por quase todos.

Não que eu fique desejando a separação do casal ou conflitos entre ambas as partes. Não sou esse monstro também. Mas invejo eles. E a inveja... bom, a inveja é uma merda.

"Por que eles conseguem e eu não?", "Como conseguiram isso?", "O que preciso fazer para ter o mesmo", perguntas que martelam minha mente enquanto a inveja perfura minha alma.

Claro, já apareceu gente interessada em mim. Só que um interesse superficial - sexual. E mais nada. Nada de amor, paixão, afeto e carinho para mim. Só sexo. Só. Amor, não. "Eu não mereço?!"

Tem dias que a amargura é tanta que não posso imaginar um casalzinho e só consigo formular um futuro sem ninguém, sem nunca ser tocado com amor, sem nunca ter um homem para chamar de namorado. Um futuro de solidão e... inveja.

"Que inveja desse amor", penso nos bons dias e nos maus dias. "Mas talvez não seja pra mim."

Gostaria de ter esperança em encontrar um amor, de vivenciar o mesmo que esses casais tão fofos, de pensar que quando menos esperar alguém vai aparecer. Porém, a vida não sorri para mim. E só me sobra uma coisa: inveja.

O que farei quando, por milagre, aparecer alguém e eu só tiver apenas inveja para dar?



5 de abr. de 2017

Pensamento do dia

Vemos essas pessoas desde crianças. Elas estão por aí. Estão bem ali.

Aprendemos a ignorar. Aprendemos a evitar olhar. Aprendemos a ter medo. Aprendemos a ter receio. Aprendemos até a ter repulsa, nojo.

Quem são? Pouca gente sabe. Às vezes nem elas mesmas lembram de quem são ou quem foram num passado pouco ou muito distante.

São invisíveis. Mas visíveis. São inaudíveis. Mas falam. Ou gritam.

Acreditariam se eu dissesse que essas pessoas sentem as mesmas coisas que nós?

Como vieram parar nas ruas? Quem sabe? Quem se importa? Alguém realmente se importa?

Nunca temos o que dar a elas. Às vezes isso é verdade. Muitas vezes é mentira. Elas sabem disso? Talvez. Provavelmente. Muito provavelmente.

Quase todas pedem dinheiro. Qualquer moedinha basta. Outras pedem comida. É o que mais precisam, a fome é a maior das necessidades.

Muitos de vocês hoje deitarão ou estão deitados numa cama. O povo da rua dificilmente tem algo para deitar que não seja o concreto.

Se ao menos sente pena, parabéns, você ainda tem alma. Agora, como ainda permitimos que pessoas vivam numa condição dessas?

Onde elas erraram? Onde nós estamos errando? O sistema está errado?

Engraçado que na nossa Constituição está escrito com todas as letras que moradia é um direito de todas as pessoas do país. Livrinho mentiroso, hein.

Há gente que diz que essas pessoas são um problema. Não. A condição delas é um problema, para elas e para o resto do mundo.

O que fazemos para mudar isso?

Não adianta fazer sua expressão mais compadecedora e dizer "não". Não adianta orar por elas. Isso não muda nada.

Quem são? São pessoas.



2 de abr. de 2017

Educação sexual

Outro tema que gera polêmica entre famílias é se deve ou não incluir educação sexual nas escolas. Sim, nós aprendemos sobre anatomia e reprodução humanas antes da puberdade. Mas o que falta para as instituições é explorar a dimensão psicológica e social do sexo, não apenas o biológico.

Nessa nossa era da informação (ou deveria ser) crianças e adolescentes são constantemente expostos a temas como esse. Muito se fala sobre sexo, tesão e prazer. Mas pouco se fala sobre uma vida sexual saudável e controlada. E prevenção deveria ser abordada com mais insistência, e estar acessível a todas as camadas sociais.

Com que idade deve-se abordar sobre sexualidade na escola? Bem, acredito que um pouco antes da puberdade é aceitável; entre 11 a 13 anos. Alguns países fazem isso. Porém, falar de sexualidade dentro de casa não tem uma idade específica. Às vezes a criança vê e pergunta. Normal. E por que não responder com sinceridade que aquilo é algo que "adultos fazem"?

Nenhuma criança ficará traumatizada por descobrir como ela foi gerada. Aliás, a geração infanto-juvenil atual vê coisas muito piores na televisão e na Internet. É inevitável. O que não for falado em casa e/ou na escola será aprendido na Internet ou por aí fora de casa.

Crianças precisam aprender que existe sexualidade. Até porque elas mesmas têm sua própria sexualidade, mesmo que ainda não aflorada. E adolescentes precisam aprender que sexo não é brinquedo. Deve-se haver proteção e controle para evitar doenças (algumas incuráveis), distúrbios e gravidezes indesejáveis.

Se continuarmos tornando a sexualidade algo pecaminoso, feio ou proibido, a repressão sexual só aumentará, o que só serve para estimular os índices de disfunções e transtornos sexuais em jovens e pessoas adultas e idosas. É uma questão de saúde ao longo da vida!

E não apenas falar de sexo e prevenção, mas também precisamos abordar a diversidade sexual. Do que adianta promovermos uma educação melhor e falar sobre a heterossexualidade se deixarmos jovens homossexuais, bissexuais, pansexuais e assexuais na inexistência, sem referências ou respostas?

A mesma educação que fala de sexo reprodutivo pode também falar sobre sexo não reprodutivo. Todas as formas de relações sexuais devem ser explicadas e normalizadas para adolescentes terem vidas sexuais conscientes e plenas.

Fazer tabu sobre a sexualidade é manter a ignorância. Educar não é incentivar, e sim informar! Não educar é o que realmente incentiva jovens a matarem suas curiosidades de forma descuidada e prejudicial. Informação é a salvação dessa geração.