29 de out. de 2017

Confissões

A cada dia que passa percebo mais e mais que a escola foi um dos ambientes mais tóxicos da minha vida. Na verdade ela é tóxica para todas as pessoas. Mas aqui falo de toxicidades bem específicas.

A escola tentou me ensinar o que era a vida: namorar menina, casar, ter filhos, arrumar um emprego de sucesso, ganhar dinheiro, gastá-lo com bens materiais, e... esperar uma morte tranquila? Não lembro se me ensinaram a como morrer, só lembro do processo de decomposição.

A escola tentou me ensinar que eu, menino, tinha capacidades e aptidões que meninas supostamente não tinham. Eu tinha a força, o raciocínio lógico, a inexplicável pré-disposição a ser bem-sucedido no mundo dos negócios e das empresas.

A escola tentou me ensinar como era ser menino. Me vestir como um, falar como um, agir como um, as características típicas de um ser homem, como ser um homem "de verdade" (nunca descobri o que era um homem de mentira).

A escola tentou. E eu fracassei.

Os colegas de classe, os professores, as aulas, as piadas, os comentários, tudo isso tentou me empurrar um modelo ideal de homem heterossexual e cisgênero que eu deveria seguir. Porque é o correto, apenas isso.

E eu tentei o que, acredito eu, todos já tentaram: se encaixar. Vamos tentar seguir a norma. Afinal se existe norma, é porque ela é a correta, certo? Vamos tentar ser o que a escola ensina, porque ela sabe o que é bom para nós, certo?

E aí você tenta. Tenta falar grosso, tenta ser agressivo, tenta gostar de futebol, tenta ser pegador. Você não consegue. E mesmo assim até persegue o coleguinha que também não consegue, assim podem te aceitar.

Você faz mal, você se faz mal, você aceita o mal sem questionar. Não é culpa nossa. Ninguém ensina a questionar, a ter senso crítico, a seguir sua própria natureza.

A escola te ensina tudo que você não consegue ser. E você sai dela se sentindo um fracasso.

E só muito tempo depois que aprendi que não havia nada de errado comigo. A escola era o problema. O sistema é o problema. Eu não fracassei. Você não fracassou. Nós não fracassamos. A luta foi difícil, mas o importante é resistir e não se perder.

Porém, não importa o quanto você seja consciente ou empoderado, as marcas do passado não somem. O passado não some. Os danos da escola continuam na alma. Meu eu atual sabe que não fracassou. Mas meu eu de antes não sabia. A criança não sabia. O adolescente não sabia. Ela e ele ainda existem. Na memória.



25 de out. de 2017

Divulgação: canais LGBT+

Nesse artigo de divulgação colocarei mais canais menos conhecidos, porém bem diversificados. Assim como nos artigos anteriores estarei divulgando canais nacionais:



Louie Ponto

Louie é uma jovem lésbica que aborda muitos assuntos do mundo LGBT+, assim como opiniões pessoais e outros temas da juventude atual.

https://www.youtube.com/user/loouieee

Sensualise Moi

Um canal focado em sexualidade apresentado por um casal de bissexuais. Abordam sobre sexo de uma forma bem liberal e sem tabus.

https://www.youtube.com/user/sensualisemoiTV

Projeto Boa Sorte

Apresentado por Gabriel Estrela, que fala sobre uma variedade de assuntos, muitos centrados na diversidade da comunidade LGBT+.

https://www.youtube.com/channel/UCcg2yzyxjl1Lc8LMjo6y1Tg

Thiessita

Uma moça trans que fala sobre seu cotidiano e sobre a transgeneridade.

https://www.youtube.com/channel/UCweMwYMCTNxwJd4MF5pOBmw

Bernoch

Um rapaz trans que fala sobre sua transição e assuntos do cotidiano.

https://www.youtube.com/user/gnomundo

Adam Franco

Um homem trans que aborda sobre gênero e sua transição.

https://www.youtube.com/channel/UCNP9Qg69W3tyMt9IH7YAdwQ

Bonjúr Monamúr por Ju Giampaoli

Ju Giampaoli é uma jovem bissexual que fala sobre feminismo, alguns temas LGBTs e o universo feminino.

https://www.youtube.com/channel/UCQMkZR8vkwPdxzgOxvTwd2Q

Fernand Motta

Ele é uma pessoa não-binária que fala sobre muitos assuntos do cotidiano e sobre a não-binaridade em muitos de seus vídeos.

https://www.youtube.com/user/minhavidamonotona

Antonio Valente

Ele é um homem gay e negro que aborda sobre esses dois mundos e outros assuntos do cotidiano, como relacionamento e experiências.

https://www.youtube.com/channel/UChWNDvyDICy7t_cRzyv5ZYA

Leona T

Ela é uma pessoa transgênero que fala sobre suas experiências, com um foco especial no mundo transfeminino.

https://www.youtube.com/channel/UCnv_6xNIds44q9j0WTdXn8g

Sabrina Velmonth

Ela é uma travesti que comenta sobre diversos assuntos de seu dia-a-dia, trazendo sempre questões de gênero.

https://www.youtube.com/channel/UC1KmP5cFpqICtMSeNq4PR2Q

LiahBracho oficial

Uma travesti que foca nas questões trans e em sexualidade, também falando sobre outros temas mais descontraídos.

https://www.youtube.com/user/lianovaes1



Para quem quiser, há mais dois artigos com canais LGBT+: [1], [2]



21 de out. de 2017

Terminologia I

A comunidade intersexo é relativamente nova. Pessoas intersexo tiveram sua existência historicamente apagada ou transformada num tabu por não se enquadrarem totalmente nos dois sexos mais comuns e definidos como normais.

Junto com a comunidade trans, que acolheu intersexos por dividirem sofrimentos muito similares, a comunidade intersexo criou nomenclaturas e reformulou conceitos para trazerem uma visão diferente sobre o que foi sempre definido socialmente como sexo biológico e como gênero. Vale lembrar que nem todos os termos aqui podem ser conhecidos pelo mundo.


Intersexo: pessoa que tem um sexo biológico que não se encaixa no padrão binário determinado pela comunidade científica, tendo um sexo considerado indefinido ou que mistura características dos perissexos. Existem pelo menos 40 variações intersexos registradas.
Perissexo: pessoa que tem um sexo biológico que se encaixa no padrão binário determinado, ou seja, ou são do "sexo feminino" ou do "sexo masculino". Pessoas perissexo podem ainda ser chamadas de diádicas ou endossexos em outras fontes.
Altersexo: termo utilizado principalmente, mas não exclusivamente, para personagens da ficção que possuem um sexo que não existe naturalmente ou que modificaram o sexo por algum motivo. Pode ser usado por pessoas que: são intersexo e transgênero, alteraram sua genitália ou fizeram alguma terapia hormonal, ou têm uma visão de que seu "verdadeiro" corpo não se encaixa nos sexos binários. Dois exemplos de altersexo são salmaciane/bigenital (pessoa que deseja uma genitália mista) e angenital (pessoa que não deseja ter genitália ou um sexo).
Sexo biológico: composto por cromossomos sexuais, hormônios, gônadas e genitália. Naturalmente as pessoas podem ser classificadas como perissexo ou intersexo. A ciência atual classifica pessoas perissexo em sexo feminino e sexo masculino.
Sexo feminino: para a ciência é a fêmea típica da espécie humana. Esse sexo é definido por cromossomos XX, presença de ovários e útero, genitália vaginal, níveis "aceitáveis" de progesterona e estrogênio, e os desenvolvimentos hormonais esperados.
Sexo masculino: para a ciência é o macho típico da espécie humana. Esse sexo é definido por cromossomos XY, presença de testículos, genitália peniana, níveis "aceitáveis" de testosterona, e os desenvolvimentos hormonais esperados.
Terceiro sexo: há países que designam bebês intersexo (ou com uma genitália ambígua) como um terceiro sexo (ou gênero). É uma definição considerada discriminatória, pois reduz todas as variações intersexuais a um único sexo. Num entanto, dependendo do país e sua legislação, pode trazer o benefício de evitar cirurgias "corretivas" nos bebês.
Diadismo: toda opressão e discriminação estruturais cometidas diretamente contra pessoas intersexo. O preconceito específico contra esse grupo é a intersexofobia.
Mutilação genital: é como a comunidade intersexo chama as cirurgias feitas em bebês intersexos. Há casos em que é necessária uma intervenção médica, mas cirurgias são impostas muito mais pelo pensamento diadista de que a genitália intersexual é deformada e que é necessário corrigi-la para poder identificar o bebê como um dos gêneros binários. Uma das pautas da militância intersexo é ter autonomia sobre seu corpo, pois defendem que seu sexo é natural e aceitável.
DDS: sigla de "desordens de desenvolvimento sexual" é um termo médico utilizado para definir toda variação de cromossomos sexuais, gônadas e anatomia consideradas atípicas. As variações intersexuais são englobadas pelo termo, e por isso ele não é aceito pela comunidade intersexo.
Ipsogênero: termo para pessoas intersexo que se identificam com o gênero designado a elas, seja masculino ou feminino. Serve como um diferencial de cisgênero devido ao preconceito estrutural sofrido por pessoas intersexos, que não permite que tenham os mesmos privilégios e aceitação que pessoas cisgênero(-perissexo).
Intergênero: uma identidade de gênero influenciada ou definida pela intersexualidade da pessoa. Pode ser apenas uma descrição da pessoa se definir como de um gênero por ser intersexo (então aqui pode-se incluir pessoas ipso e trans binárias), ou também uma identidade não-binária específica.
Segue abaixo seis identidades de gênero influenciadas por intersexualidade.
Duogênero: descreve uma combinação dos gêneros binários.
Amalgagênero: um gênero afetado pela intersexualidade ou misturado com a identidade intersexo da pessoa.
Divisigênero: um gênero totalmente separado dos binários.
Neutroix: um gênero neutro.
Vacagênero: descreve uma ausência de gênero.
Ingênero/Interagênero: descreve a incapacidade de sentir gêneros.
Resbis: pessoa intersexo em conflito com seu gênero e tentando se reconciliar com ele. Ou quando a pessoa já teve esse conflito e agora está em harmonia com seu gênero.
Ultergênero: termo para pessoas intersexo que não se identificam com o gênero designado a elas, mas também não querem utilizar o termo transgênero por não se sentirem contempladas por ele devido a sua experiência como intersexo. Intergênero poderia ser encaixado como um tipo de identidade ulter.
Hermafrodita: antigamente era utilizado para definir pessoas intersexo. No entanto, pelo conceito e pela estigmatização consequente, o termo não é mais utilizado. Hermafroditismo é uma condição sexual presente em outras espécies da natureza, onde um ser vivo possui características sexuais tanto de macho quanto de fêmea, podendo também se reproduzir assexuadamente. Tal condição nunca foi encontrada na espécie humana.



18 de out. de 2017

A favor das crianças

Fazendo um gancho com o caso da exposição do homem nu, não pude deixar de achar tragicômico aquele pessoal conservador de sempre enchendo a boca para defender as crianças. Disseram para deixarem as crianças em paz, que estão tentando "erotizar" as crianças, ficaram dissertando sobre crime contra a criança e pedagogia como especialistas nos assuntos, enfim.

Dizem que são a favor das crianças. Que ótimo que são! Todxs deveriam ser a favor delas. Mas agora eu pergunto: de quais crianças essa gente é a favor?

Dizem que são a favor das crianças, mas menor de idade cometendo até um crime leve deve ir pra cadeia sofrer (bandido bom é bandido morto, né?).

Dizem que são a favor das crianças, mas aprovam agressão física como ensinamento (uma palmadinha não mata, né?).

Dizem que são a favor das crianças, mas a criança gordinha pode continuar sofrendo discriminação (bullying é vitimismo, né?).

Dizem que são a favor das crianças, mas não movem um dedo pelas crianças morando nas favelas em condições miseráveis e até violentas (azar o delas a família ser pobre, né?).

Dizem que são a favor das crianças, mas ignoram aquelas que moram na rua (são contra o aborto, mas depois que a criança nasce ela que se foda).

Dizem que são a favor das crianças, mas nunca visitaram um orfanato e fizeram uma caridade (e ainda querem impedir casais homoafetivos de adotar!).

Dizem que são a favor das crianças, mas não falam nada quando crianças LGBTs são violentadas e até expulsas de casa (quem manda a criança ser "viada"?).

Dizem que são a favor das crianças, mas não se revoltam com os inúmeros casos de abusos infantis ocorridos em igrejas e até nas próprias casas (detalhe: nenhum abuso ocorreu num museu).

A única criança que essa parcela conservadora hipócrita e tóxica adora é a branca e hétero-cis que se encaixa nas normatividades. Se seguir a linha reacionária melhor ainda. Essa gente demonstra cotidianamente seu desinteresse e desprezo pelas outras crianças, do nascimento até o direito mais básico!

No fim das contas não estão a favor de nenhuma criança. Nem adolescente, jovem, adulto ou idoso. Lembram das crianças apenas quando é conveniente. Aqui temos mais uma prova de que gente moralista é a mais degenerada.



14 de out. de 2017

Terceiro ano

Anteontem o blog fez 3 aninhos. Eu pretendia lançar esse artigo na quarta-feira, mas sabe como é, sou enrolado hahaha.

Chegay ao terceiro ano de blog!

Quase 300 artigos e mais de 61 mil visualizações.

Escrevi há um tempo umas mudanças que fiz por aqui. Acredito que não necessitarei no momento de alguma grande reforma.

Posso dizer que esse ano de 2017 foi o ano em que mais tive contato com as militâncias e ativismos e as comunidades as quais não faço parte - negra, feminina, LBTIA. E também estou me aproximando de grupos socialistas que militam a favor da classe trabalhadora.

No entanto, falta muito para melhorar. Há conteúdo para ser atualizado, preciso abordar sobre outros grupos e suas pautas, e vou me comprometer a trazer informações que ainda não foram traduzidas para nosso idioma.

Fico feliz em saber que o blog tem uma boa visibilidade e que consegui ajudar pessoas através dele. Meu objetivo é apenas melhorar. E tenho muita sorte que existem pessoas e fontes me guiando e me trazendo novas perspectivas.

Por isso quero anunciar o site Orientando, cuja proposta é ser um espaço de aprendizado sobre o universo LGBTQIAP+. Sou voluntário lá faz mais de um mês e estive tendo acesso a conhecimentos bem diferentes.

Sigo firme e forte, aprendendo mais e mais, desenvolvendo e expandindo minha militância, trabalhando para oferecer um conteúdo de qualidade a todxs que estiverem procurando, e oferecendo sempre apoio e orientação a quem precisar.

Obrigado! 🌈



11 de out. de 2017

Terminologia A

A comunidade assexual começou a se organizar no início desse milênio. Assexuais têm se concentrado mais no mundo virtual devido à discriminação, mas ainda assim construíram um mundo que desafia as concepções atuais de sexo e paixão.

Assim como todas as comunidades, pessoas assexuais e arromânticas criaram seus próprios termos e palavras para poder definir e explicar suas identidades, vivências e perspectivas.



Assexual: pessoa que não sente atração sexual ou que a sente raramente durante a vida. Existe uma variedade dentro da assexualidade. Assexuais podem sentir atração romântica por um ou mais gêneros ou não. Quando há atração, essas pessoas podem ser heterorromânticas, homorromânticas, birromânticas, etc. Quando não há atração, são arromânticas.
Arromântico: pessoa que não sente atração romântica ou a sente raramente. É uma pessoa que não se apaixona ou não sente o que é definido como paixão. No entanto, ainda pode ter relações afetivas diferentes das conhecidas.
Ace: abreviação de assexual que vem da língua inglesa. A palavra ace é usada frequentemente pela comunidade e usada em identidades ou palavras relacionadas.
Aro: abreviação de arromântico que vem da língua inglesa, tendo o mesmo uso de ace.
Alo: pessoa que sente atração com frequência e sem condições específicas, seja sexual (alossexual) ou romântica (alorromântico). Ou seja, toda pessoa que não é ace, aro ou qualquer outra orientação do espectro A.
Espectro A: embora se fala muito por aí sobre espectro assexual-arromântico, para incluir todas as atrações possíveis, o termo espectro A esteve sendo mais utilizado. O espectro A se refere a toda diversidade dentro das atrações sexual, romântica, sensual, (queer)platônica, estética, entre outras. Logo, todas as orientações abaixo e algumas outras estão inclusas no termo.
Grey(-A)/Semi/Gris: são todas palavras antes usadas para definir a chamada área ou zona cinza, que é um espectro de atrações que está entre A e alo. Dentro desse espectro há uma variedade de atrações que são despertadas em condições específicas. Atualmente gris é usado como uma orientação onde há uma atração vaga ou rara, visto que o conceito de área cinza foi trocado por espectro A.
Demi: pessoa que sente atração somente após desenvolver um vínculo emocional forte.
Lite: pessoa que sente atração, mas não deseja ser correspondida.
Cupio: pessoa que não sente atração, mas deseja estar numa relação que envolve tal atração.
Recipro: pessoa que sente atração quando a outra parte mostra interesse numa relação.
Mir: pessoa que sente duas ou mais atrações do espectro ace-aro simultaneamente.
Auto: a pessoa sente atração por si mesma.
Caedo: pessoa que sentia uma atração, mas agora ela é inexistente devido a eventos traumáticos.
Acefluxo/Arofluxo: pessoa que de período em período vivencia diferentes atrações dentro do espectro, ou que também experiencia uma atração às vezes existente, às vezes inexistente, mudando de intensidade periodicamente.
Squish: é a versão de "crush" no sentido de amizade. Enquanto crush seria alguém que desperta algum interesse que pode ser ou vir a ser de natureza sexual-afetiva, squish é alguém que desperta a vontade de criar uma amizade, ter uma proximidade.
Queerplatônico: uma relação que é mais profunda que uma amizade convencional, mas que não chega a ser o que se considera um namoro. Essa relação é comum entre pessoas aro. Pode também ser uma relação entre aro e alo.
Alossexismo: coloca como norma que todas as pessoas devem sentir atração sexual constante e frequente, e está intrinsecamente ligado à sexonormatividade. Essa opressão é sustentada pela heteronormatividade, sendo a origem da acefobia.
Sexonormatividade: é a imposição de que o sexo esteja presente na vida das pessoas, que relações sexuais são necessárias e essenciais na vida humana. Isso gera uma compulsividade por sexo e hiper-sexualizações nas sociedades que reforçam a acefobia.
Amatonormatividade: coloca como norma que todas as pessoas se apaixonam ao longo da vida e que relações amorosas são as mais importantes e fundamentais. Essa opressão é sustentada pela heteronormatividade, sendo a origem da arofobia.
Acefobia: toda forma de discriminação contra assexuais (ou pessoas do espectro ace).
Arofobia: toda forma de discriminação contra pessoas arromânticas (ou pessoas do espectro aro). 
Sexo-positivo: assexual que aceita a ideia de ter relações sexuais, mesmo não tendo interesse.
Sexo-negativo: assexual que rejeita totalmente a prática sexual.
Sexo-indiferente (ou neutro): assexual que não mostra aceitação ou rejeição ao sexo.



Para outras informações tem mais esse artigo (contem muita informação desatualizada!).



8 de out. de 2017

Datas da Diversidade

Em consideração à luta e à existência das pessoas da comunidade LGBTQIAP+, foram criadas certas datas para comemorar o orgulho da comunidade ou de um segmento dela, conscientizar sobre um desses grupos ou mesmo prestar uma homenagem a eles.

Segue abaixo meses, semanas e dias (nacionais e internacionais) em comemoração à diversidade:



Janeiro

27/01 – Dia Internacional da Lembrança do Holocausto (em memória a todas as vítimas do nazismo, em especial homossexuais)
29/01 – Dia Nacional da Visibilidade Trans

Fevereiro

Semana da Consciência do Espectro Arromântico: comemorada a partir do domingo posterior ao dia 14/02, Dia de São Valentim

Março

25/03 – Dia Nacional do Orgulho Gay
31/03 – Dia Internacional da Visibilidade Trans

Abril

26/04 – Dia da Visibilidade Lésbica

Maio

Dia Internacional da Equidade Familiar: comemorado no primeiro domingo do mês, faz homenagem a todos os modelos de família
17/05 – Dia Internacional Contra Homo/Lesbo/Bi/Transmisia 
19/05 – Dia do Orgulho Agênero
24/05 – Dia de Consciência e Visibilidade Pansexual e Panromântica

Junho: mês do Orgulho LGBT+

28/06 – Aniversário da Revolta de Stonewall

Julho

14/07 – Dia Internacional das Pessoas Não-Binárias

Agosto: mês da visibilidade lésbica

29/08 – Dia Nacional da Visibilidade Lésbica

Setembro: mês da visibilidade bissexual

Semana da Consciência Bissexual: comemorada a partir do domingo anterior ao dia 23
23/09 – Dia de Celebrar a Bissexualidade

Outubro: mês da visibilidade assexual

17/10 – Dia Internacional dos Pronomes
Semana da Consciência Assexual: toda última semana do mês
26/10 – Dia da Consciência Intersexo

Novembro

Semana da Consciência Transgênero: comemorada nas duas primeiras semanas do mês
08/11 – Dia da Solidariedade Intersexo
20/11 – Dia da Memória Transgênero

Dezembro

01/12 – Dia Mundial do Combate ao HIV/AIDS
08/12 – Dia do Orgulho Pansexual



Pode haver adição de novas datas futuramente!
Fiquem de olho, anotem e celebrem!



4 de out. de 2017

A polêmica do homem nu

Semana passada teve essa repercussão da exposição do homem nu. O que gerou revolta foi o fato de crianças terem interagido com ele. Um lado acusou a exposição de pedofilia, e outro lado rebateu e defendeu a exposição. E, mais uma vez, não é uma simples questão de ser contra ou ser a favor. Há muito que se analisar e extrair dessa polêmica toda. Vamos por partes.

O grupinho fascista que mobilizou o pessoal alinhado com a (extrema-)direita novamente nos faz retroceder séculos ao tentar censurar uma exposição artística. Não devemos censurar uma arte pelo simples fato de não nos agradar.

A exposição revelou com antecedência que havia nudez. Todas as pessoas estavam avisadas. Não teve classificação de faixa etária, então pessoas de todas as idades puderam entrar. E, no caso, teve uma mãe com uma filha pequena que entrou e deixou a filha interagir com o homem nu.

Primeiro de tudo, seria maravilhoso se pudéssemos quebrar todo esse tabu que criamos em torno da nudez. Ela é natural. Nos vemos nus todo dia. Estamos cientes de como somos por baixo das roupas. Sou super a favor de quebrar o tabu, e por isso apoio uma exposição dessas (embora eu mesmo me sentiria estranho diante daquele homem exposto livremente ao mundo inteiro).

Porém, é problemático crianças serem incentivadas a interagir com um homem nu. O problema não é a criança. O problema não é a nudez. O problema é nosso contexto atual de perigos dos quais as crianças são alvos ainda - em particular, pedófilos.

Não, a criança apenas tocar num homem nu não é um ato ou incentivo a pedofilia! Não houve pedofilia em nenhum momento. E, em todo caso, as crianças têm responsáveis para responder por elas. A criança não vê malícia na nudez. A sociedade erotiza o corpo e nos ensina a erotizar.

Mas, contudo, entretanto, estamos ainda dentro de uma realidade cruel e medonha. A criança pode não ter malícia e ser ensinada a ver a nudez sem uma maldade. Só que fazê-la achar "normal" que ela pode simplesmente interagir com uma pessoa nua pode sim abrir portas para um crime contra ela. É necessário instruir a criança sobre os perigos que ela corre.

A situação fica menos digerível ainda quando levamos em consideração todo histórico social de abuso infantil e misoginia contra as meninas. O fato de terem permitido que uma menina tocasse num homem nu abre inúmeras feridas sobre a figura da mulher. Não há como ignorar esse recorte! Viram a importância do contexto?

Naturalizar a nudez para as crianças seria ótimo, pois assim elas poderiam explorar seus corpos sem medo, principalmente as meninas. A sociedade heteronormativa estimula os meninos cis a se tocar, a conhecer a própria anatomia, explorar sua genitália e a sexualidade, enquanto meninas são condicionadas a não conhecer o próprio corpo.

As famílias poderiam fazer um trabalho decente em quebrar esses estigmas sobre o corpo (mais as instruções necessárias) sem precisar levar as crianças a uma exposição dessas. De novo, o problema não é o homem nu, e sim o contexto atual.

Quebrar estigmas é super bem-vindo, mas até isso precisa ser planejado com cuidado. Isso não vai ser feito de um dia para o outro. E convenhamos, era óbvio que permitir interação entre crianças e uma pessoa nua causaria controvérsias (não acredito que houve ingenuidade de achar o contrário! ¬¬).

Acho que naturalizar a imagem de uma mulher amamentando em público seria muito mais prestativo (e bem menos problemático) nessa questão do que a nudez de um homem cis, alguém com um corpo que nem é estigmatizado. Vale lembrar que as glândulas mamárias do sexo feminino ainda são tratadas como órgãos sexuais!

E para encerrar, polêmicas como essa e a "cura gay" acabam desviando a atenção da população para outras questões. A corrupção está apenas crescendo, o povo continua sendo alvo de injustiças e perdendo direitos, e as mídias fazem as pessoas focarem nas discussões polarizadas de sempre (até esse assunto virou uma disputa de esquerda v.s. direita!).

Conclusão: não teve ato ou incentivo à pedofilia, teve uma boa intenção (quebrar um estigma), mas não é o momento para isso, e desconsideraram um contexto importantíssimo. Quem dera se o maior problema aqui fosse só o tabu. Melhorem!