30 de dez. de 2017

Retrospectiva 2017

O que seria um fim de ano sem uma retrospectiva, né? No caso aqui será minha retrospectiva, porque se for falar dos acontecimentos do ano, não vai ter nada de bom para contar. Mentira, o ano teve também seus bons momentos. Poucos, mas teve.

Segue aí com todo amor e carinho os acontecimentos mais relevantes. Se preparem para o textão.

No começo do ano passei um mês inteiro em Peruíbe. Não foi tão bom quanto eu esperava, pois o ócio me seguiu até lá. E como a vida é uma troll, caí de um conjunto de bicicletas que eu liderava, estava junto de minha prima e dois priminhos. Ainda bem que só eu caí. Não foi nessa encarnação que escapei da marca de uma queda rs. Também aproveitei uma oportunidade e corri pelado pela casa. Recomendo. E por fim meu afilhado teve sua primeira vez na praia, e ainda filmei tudo. Vida de padrinho, né?

Voltei para São Paulo sem causa ou rumo. Comecei a pós-graduação. Eu queria Farmácia Magistral, e para minha frustração não tinha o curso. Optei por Fitoterapia clínica. Interessante, mas vi só uma aula. Desisti da pós-graduação.

Coloquei aparelho de novo, dessa vez fizeram um trabalho decente.

Fiz colação de grau. E muito feliz por estar vendo minha turma tão desunida e infantil pela última vez. Mantenho contato com umas amigas e só. E com isso me despeço da instituição onde passei 5 anos da minha vida.

Comecei a fazer academia. Quero ficar fortinho, malhadinho, padrãozinho, pra ir nas baladas e tirar a camiseta no meio da pista... Mentira, só fui por questão de saúde. E estou indo bem. Tem dias que me dá preguiça, mas vou.

Esse ano tive um contato maior com a APOGLBT, o grupo que organiza e promove a Parada LGBT de São Paulo. Fui no Ciclo de Debates da APOGLBT, que foi maravilhoso, e vi as reuniões da próxima Parada. E finalmente comprei minha própria bandeira LGBT.

Excluí todo conteúdo pornográfico do meu notebook. Não foi nada demais, apenas uma coisa íntima e espiritual minha. E passo muito bem.

Tive o prazer de conhecer muitos grupos que lutam pela causa HIV, em especial o Pela Vidda e a Fundação Poder Jovem. No PV vou nas reuniões de quinta-feira, todas com temas diferentes e muita conversa produtiva. E sou membro do PJ, onde ajudo em eventos para arrecadar fundos e acompanho o pessoal em outros eventos. Também participei de um workshop sobre juventude, saúde e ISTs. Foi uma surpresa, pois eu não sabia que eu ficaria num lugar o dia inteiro e por dois dias seguidos.

Com isso também entrei no GT da Juventude. Tive o prazer de participar de uma ação coletiva para crianças numa casa de abrigo. Foi uma ótima experiência. Ah, e conheci um dos meus dois ficantes nesse grupo. Como não amar o GT? xD

Não consegui escapar de colocar óculos. Descobri que tenho miopia. Mas felizmente os óculos me deixam sexy.

E o acontecimento mais esperado: transei. E só. Foi uma experiência inusitada, lógico, mas nada de tão fantástico. Aliás, há colegas e amigos dando mais importância a isso do que eu. E também tive a experiência de beijar meus dois ficantes em dias seguidos. Não, nunca tinha feito isso. E fiquei com o segundo ficante mais de uma vez. Não, nunca tinha feito isso. Muitos dizem que "comecei a viver". Besteira.

Acompanhei um amigo na Santa Ceia dele. Tive aquele receio de entrar na igreja e minha pele queimar, mas nada ocorreu. Suportei por ele, pois era importante para ele e ele precisava de companhia. Descobri que esse ano sou capaz de pensar nos outros, incrível.

Conheci Tath, administradore do site Orientando. Fizemos amizade. Fui em sua casa duas vezes, e na segunda tomamos uns drinks, quase fiquei bêbado. E comi coxinha de jaca. É deliciosa, sério.

Se tem uma coisa que fiz muito foi comprar livros. Foram dezenas de livros. A Saraiva devia me dar um belo desconto, só acho. Agora preciso ler!!!

Como não trabalhei ou estudei, esse ano participei de muitas rodas de debate e palestras LGBT+. Muitas mesmo. Tive contato com outras militâncias e aprendi muito com elas. Minha militância foi renovada com essas experiências e pelo Orientando.

E meu fim de ano teve dois fatos incômodos: meu celular e meu carregador de notebook pararam de funcionar. Simples assim. Consegui logo um celular novo, pois minha tia tinha um reserva. Está tudo bem. Descobri que quase tudo que faço no notebook posso fazer pelo celular. Agora só aguardo meu novo carregador chegar.

Fechei o ano participando de um Natal Comunitário. Foi uma experiência muito bonita, fez bem a minha alma. Abri mão de uma reunião "em família" (pessoas que nem gosto, mas hoje estamos de bem). E entrei para o coletivo Arouchianos. Parece ser um coletivo interessante, tem uma proposta bem inclusiva e se preocupa com as populações periféricas e de rua. Isso pra mim mostra uma ótima índole.

Esse foi meu ano de 2017. Tirando ócio, tédio, e uns boys bem esquisitos, foi um ano de aprendizado e conhecimento, saí mais do meu mundo e tive um contato humano que realmente não tive nos anos anteriores. Mudei. Não uma, duas, três, mas várias vezes. 

Estou indo para o próximo ano mais direcionado com o que quero e pretendendo ser cada vez melhor. Que venha 2018!



27 de dez. de 2017

Discriminações não são fobias

Este é um daqueles tópicos que muita gente vai protestar ou tentar se justificar. Mas isso precisa ser dito.

Popularizou-se pelo mundo palavras de sufixo -fobia que definissem discriminações contra segmentos específicos da comunidade LGBTQIAP+ e outros grupos minoritários.

Todas elas - homofobia, lesbofobia, bifobia, transfobia, intersexofobia, acefobia, arofobia, gordofobia, sorofobia, xenofobia, islamofobia, entre outras - estão sendo usadas de forma errônea. E não, não é pelo significado literal do sufixo, um argumento furado muito usado por gente preconceituosa numa tentativa de desmerecer os crimes de ódio.

A explicação é que palavras de sufixo -fobia caracterizam medos excessivos e irracionais que fazem parte dos transtornos de ansiedade; portanto são distúrbios mentais. Muitas PCDs (pessoas com deficiência) dos ativismos sociais apontam que esses termos acabam reforçando estigmas contra os transtornos mentais e as pessoas que os possuem; ou seja, são capacitistas.

Muita gente pode achar que as discriminações mais violentas podem ser associadas a alguma doença mental, pois quem as pratica costuma mostrar uma instabilidade perigosa. Realmente não é nada normal alguém em plena consciência querer xingar, agredir e até matar pessoas unicamente por suas características. Porém essas atitudes não são frutos de um transtorno mental. E nem de pura e simples ignorância.

A ignorância pode sim gerar preconceitos. Mas mesmo pessoas com acesso à informação podem ainda ter preconceito e discriminarem. Isso denota apenas falta de caráter, uma moral defeituosa.

Essa moral é construída em cima de decisões conscientes: não querer se colocar no lugar das pessoas, não fazer autorreflexão sobre suas ações mesmo que estejam causando sofrimento evidente, se recusar a respeitar e aceitar diferentes características pessoais, mostrar indiferença com a violência contra minorias, etc. Pessoas muito reacionárias chegam até a se orgulhar de discriminar e mostrar um prazer sádico nisso.

Nada disso vem de um contexto traumático ou inexplicável, como as fobias. Essas pessoas sequer se incomodam com seus pensamentos e suas ações. E por isso também que discriminações devem ser criminalizadas, afinal são atitudes conscientes.

Termos alternativos são mais indicados e estão sendo adotados gradualmente em outros países, principalmente aqueles que falam inglês. Pode-se usar “preconceito/discriminação contra [insira o grupo]”, “anti-[insira o grupo]” ou o nome do sistema opressivo (ex: heteronormatividade).

Eu mesmo estive evitando os termos e preferindo usar os nomes dos sistemas. Na minha opinião são uma ótima alternativa porque: são palavras únicas, mais abrangentes e definem toda forma de discriminação. A heteronormatividade, por exemplo, caracteriza qualquer tipo e nível de discriminação contra toda orientação que não seja hétero.

Sei que é difícil admitir um erro dessa proporção e ainda alterar um vocabulário acostumado. Mas devemos sempre buscar combater todo tipo de opressão, isso inclui o capacitismo. Não coloquem ódio, desvio de caráter e falta de empatia no mesmo patamar que distúrbios mentais que causam sofrimento e são clinicamente tratáveis. 

A mudança será bem lenta aqui no Brasil. Entendo a dificuldade de trocar uma terminologia que se espalhou tanto e usada até mesmo em espaços formais como o legislativo. Por isso todxs nós devemos cooperar. De modo algum essa mudança vai interferir nas causas. Era só isso.



23 de dez. de 2017

Precisamos falar de HIV

Precisamos falar sobre HIV. Ou melhor, precisamos voltar a falar mais sobre HIV. O vírus ainda existe, há milhares de pessoas vivendo e convivendo com ele, temos epidemias e índices de infecção que necessitam de análises para assim formularmos medidas de prevenção e adesão ao tratamento. Muita coisa? Então vamos com calma.

Não quero que o artigo seja uma chatice com informações científicas e parecendo apenas uma cartela de posto de saúde. Mas devo antes passar uns conceitos básicos, visto que uma grande parte da população geral é muito alheia ao assunto.

Primeiramente, HIV e AIDS não são a mesma coisa. O HIV é o vírus. A AIDS é a doença causada pelo vírus quando não há tratamento adequado. Embora ainda haja muita infecção por HIV, cada vez mais o número de pessoas com AIDS tem diminuído. Isso se deve aos tratamentos modernos e à adesão a eles.

Pessoas vivendo com HIV são aquelas infectadas com o vírus. As pessoas convivendo são aquelas não infectadas e que têm relações (amorosas, familiares, fraternas, sociais etc) com pessoas HIV+. Em primeira instância, mesmo que haja suspeita de infecção, toda pessoa é alguém convivendo.

Muita gente, mesmo quem nasceu na década passada, ainda tem uma ideia antiquada de uma pessoa soropositiva. O estigma da década de 1980, quando sequer existia os tratamentos que temos hoje, ainda perdura.

O tema do HIV está pouco falado. E quando se fala, o maior erro que costumam cometer é dar mais ênfase à infecção do que às pessoas. Elas não são o vírus, nem um exame médico ou uma contagem de células de defesa!

Esse ano mesmo tive a maravilhosa oportunidade de entrar em contato com grupos e organizações cujo foco é o HIV e pessoas vivendo e convivendo. Há diversas entidades como UNAIDS Brasil, GIV (Grupo de Incentivo à Vida), Associação Civil Anima, Koinonia Presença Ecumênica e Serviço, Pela Vidda, Fundação Poder Jovem, Conexão Positiva, entre outras. A causa HIV+ é um dos assuntos que estive devendo aqui no blog, e agora abordarei mais. Não apenas para enriquecer o conteúdo, mas também para que aqui seja um espaço incluso para as pessoas soropositivas.

Os medicamentos avançaram tanto que há pessoas que podem tomar apenas um e ter bem menos efeitos adversos. Foi comprovado que pessoas com uma carga viral (presença do vírus nas células) indetectável - ou seja, extremamente baixa - por seis meses não pode transmitir o vírus através de relações sexuais. É realmente gratificante perceber que o tratamento está se aprimorando e dando chance às pessoas soropositivas de terem uma vida saudável e plena assim como as soronegativas.

Isso não resolve o problema! Devemos nos atentar ao lado humano. Não somos apenas um corpo físico e saúde não é apenas bem-estar do organismo. A população soropositiva ainda lida com preconceito e discriminação (sorofobia) e conflitos internos com a aceitação, que é um fator importante na adesão ao tratamento e na vida individual e social. Lidar com esse lado humano tem sido uma prioridade também, assim como a tão sonhada cura do HIV.

O estigma, fundamentado na falta de conhecimento, faz com que pessoas soropositivas fiquem desconfortáveis em assumir a sorologia em público, que não mantenham relacionamentos pelo medo da rejeição, que tenham receio de serem julgadas e vistas como promíscuas e sem auto-cuidado, e entre outros efeitos nocivos que prejudicam a qualidade de vida. E a melhor arma contra estigmas é justamente o conhecimento.

E por isso elas precisam ser ouvidas, suas pautas precisam ser atendidas. O HIV precisa ser discutido constantemente, e não mencionado apenas em época de carnaval ou no mês de dezembro. A população geral necessita de campanhas de conscientização e acesso à informação. É um trabalho árduo, mas a iniciativa pode vir de todxs nós.

Sobre dezembro, o mês é conhecido como Dezembro Vermelho em referência ao laço vermelho, símbolo do combate ao HIV/AIDS e que representa solidariedade e comprometimento com a vida. O dia 1 de dezembro é o Dia Mundial de Combate a AIDS, feito para conscientizar sobre as pandemias do vírus e suas vítimas.

HIV não é de interesse exclusivo de pessoas soropositivas e nem da comunidade LGBTQIAP+. É uma questão de saúde. E a saúde é de interesse da humanidade. Precisamos conscientizá-la disso. Novamente, precisamos falar de HIV.

(O símbolo internacional criado em 1991)



20 de dez. de 2017

Discursos de apagamento

Atenção: esse artigo contém muita ironia.

Talvez muita gente não saiba, mas existe uma forma de discriminação chamada apagamento. Há alguns tipos bem específicos de apagamento, e um deles são discursos superficiais que desviam o foco de uma discussão ou que ignora/diminui suas ideias.

Apagamentos são mais comuns do que imaginam. No entanto deve-se pontuar que muitas pessoas não fazem isso de propósito ou com total consciência disso. Por isso espero do fundo do coração que levem o que será dito aqui como crítica construtiva.

Nunca o discurso somos todos iguais me irritou tanto como atualmente. Você está lá junto com outras minorias abordando sobre o preconceito, suas nuances e seus efeitos, daí vem alguém - geralmente de nenhuma classe oprimida - dizendo que somos todxs iguais.

Uau! É mesmo? E onde está essa igualdade? Porque estamos nesse exato momento discutindo sobre essa igualdade teórica que nada tem de prática enquanto você está aí com as borboletas do privilégio dançando a sua volta e nos jogando as flores da utopia. Se não tem nada de útil para acrescentar, não fale nada.

Um discurso muito similar é aquele da humanidade. Ao invés das pessoas se declararem hétero, gay, bi, trans etc elas devem apenas reafirmar que são humanas.

Primeiramente, agradecemos por constatar o óbvio. Segundamente, gente preconceituosa está ciente de que somos todxs humanxs, e isso não as impede de querer exclusões e até mortes de certos grupos. E por fim, rótulos não estão "desumanizando" ninguém; eles são identidades que expressam existência e resistência. É difícil gente que até uns anos atrás não precisava de tais definições porque era tida como "normal" entender a necessidade de rótulos.

Outro dia vi uma imagem sobre opções de gênero e eram as seguintes: "homem", "mulher", e "pra que rótulos?". Olhei aquilo e pensei "que maneira criativa de apagar as identidades não-binárias". Quer dizer, enquanto as pessoas são ou homem ou mulher, tudo bem. Passou disso é "muito rótulo". E entramos novamente na questão dos rótulos. Aliás, por que ninguém questiona se homem e mulher são mesmo rótulos necessários?

E para finalizar, o discurso mais perturbadoramente irresponsável, que chamo de todo mundo sofre!!!. Ele aparece muito em discussões envolvendo violência e morte contra minorias. Daí vem alguém falando "ah, mas pessoas [insira grupo que não sofre opressão] também morrem todo dia".

Esse lixo de discurso coloca todos os grupos, minorias e maiorias, como alvos das mesmas situações e ignora violências específicas. O que me dá mais raiva é esse monte de estatística e crimes de ódio comprovando que existem violências motivadas unicamente por sexualidade e afetividade, gênero, etnia, etc e vem gente leviana com "todo mundo sofre violência". É, verdade, todo mundo sofre com alguma violência. Há muitas violências. E nem todas atingem todas as pessoas. Porra!

Não estou dizendo que agora está proibido fazer discursos bonitinhos com um viés progressista. O problema de todos os discursos apontados aqui é como e quando são feitos, quase todas as vezes em meio a discussões importantes. Cuidado com o apagamento. É uma merda. Fim.



13 de dez. de 2017

Questões controversas #1

Dentro da comunidade LGBTQIAP+ há alguns pontos que geram opiniões divergentes e discussões que perduram até hoje, às vezes sendo abordados por pessoas de fora da comunidade (como a pauta HIV e as extensões das siglas).

Embora eu responda ou tente responder às questões apresentadas, posso muito bem discuti-las de maneira bem mais ampla e aprofundada em artigos posteriores.



"A bandeira arco-íris consegue representar todos os segmentos da comunidade 
ou no fim acaba sendo exclusiva dos gays?"

A bandeira foi criada por um ativista gay, Gilbert Baker, e sua intenção era criar um símbolo do "orgulho gay". Embora pessoas bi e trans estivessem inclusas na luta e nas pautas do movimento, o segmento que sempre teve maior visibilidade foi dos homens gays. Até hoje ainda há gente que resume "LGBT" a gay.

Ao longo do tempo os demais segmentos da "sigla oficial" foram reivindicando maior visibilidade e reconhecimento de suas pautas específicas. A bandeira "gay" foi aos poucos expandindo sua representação até ser reconhecida mundialmente como bandeira "LGBT".

(Bandeira LGBT+? Bandeira LGBT+ e gay? Bandeira gay?)

No entanto isso não é o suficiente. Há muitos espaços ditos LGBTs que são dominados por homens gays, que também reproduzem discriminações contra os demais segmentos. E quando esses espaços conseguem de fato alguma inclusão, acabam focando nos quatro segmentos do "LGBT" e excluindo os demais. Não é difícil encontrar pessoas lésbicas, bissexuais, transgêneros que não se sentem representadas pelo arco-íris; e menos difícil ainda encontrar intersexos, assexuais, etc que sentem o mesmo. Sim, é complicado...


"Pessoas aliadas devem estar na sigla, no caso na letra A junto com assexuais? 
E devem ter uma bandeira?"

Não é incomum ver alguns grupos e algumas organizações adicionando aliad@s em extensões da sigla, colocando esse segmento ao lado de assexuais. E sim, existe uma bandeira para essas pessoas.

Antes de tudo, a formação da bandeira já é controversa porque ao fundo está a "bandeira hétero" (essa coisa de listras brancas e pretas, parecendo uma roupa de prisão).


Bom, é quase unânime os posicionamentos contra a inclusão. Os argumentos são simples e nem precisam de uma explicação elaborada: os segmentos na sigla são as pessoas discriminadas e oprimidas por sexualidade, romanticidade, gênero e sexo biológico; com isso, quem está na sigla são protagonistas de uma luta social e política; e alid@s mesmo podendo ser alvos de eventual repreensão nunca perderão seus direitos e privilégios (além de nem serem uma identidade!). 

E respondendo à segunda pergunta, não vejo real problema de haver uma bandeira. Mas vale lembrar que bandeiras são usadas como símbolos de orgulho, e quem tem algum orgulho é quem enfrenta diretamente uma opressão. Que opressão aliad@s vivenciam?


"Pessoas hétero-cis têm algum lugar na comunidade? (sem ser aliança)"

A comunidade que sempre forneceu um lugar é a queer. A identidade queer sempre foi muito diversa e engloba toda pessoa fora dos padrões sociais. Com isso, pessoas hétero-cis que não se encaixavam ou se rebelavam contra as normatividades eram queers. A comunidade queer sempre foi aberta para homens hétero-cis afeminados e mulheres hétero-cis masculinizadas, assim como para quem teve experiências homoafetivas ou bicuriosas (hétero-flexíveis).

No contexto atual, considerando a comunidade arromântica na letra A junto com assexuais (ou mesmo considerando A como "espectro-A"), pessoas hétero-cis arromânticas também podem ser incluídas como parte da comunidade - pois estão no espectro arromântico. Esse tópico é um pouco controverso, mas a inclusão estará sempre disponível.

Se o grupo poliamorista fosse adicionado como uma identidade exclusiva (mais uma letra P), também poderia-se incluir héteros-cis nesse grupo. Porém há controvérsias sobre relações poliamorosas entre homens hétero-cis com mais de uma mulher.



Aguardem para mais questões como essas!



10 de dez. de 2017

Minhas primeiras vezes

O título é muito sugestivo, né? Primeiras vezes? Quais primeiras vezes? (tem mais de uma primeira vez?)

Sim, hoje vou falar de primeiras vezes. Das minhas primeiras vezes. Esse é o trecentésimo artigo e acho justo dedicá-lo apenas a essa maravilhosa pessoa que sou eu.

Sim, o artigo será mais descontraído. Militantes precisam de descanso também, viu?

Posso falar de tantas primeiras vezes. A primeira vez que fui na praia, a primeira vez que fui no cinema, a primeira vez que joguei um videogame, a primeira vez que andei de bicicleta, a primeira vez que madruguei fora de casa, a primeira vez que fui numa balada, enfim, são tantas!

Tem aquelas primeiras vezes que são bastante peculiares. Como a primeira vez que dormi pelado (foi esquisito, mas depois me acostumei), a primeira vez que cozinhei minha própria comida (e estava deliciosa!), a primeira vez em que acordei cedo para ir à escola (ai que horror), a primeira vez que fumei maconha (engasguei com a fumaça), a primeira vez que comprei algo inútil com meu dinheiro (aquela sensação de gastar por gastar), ou a primeira vez que comi uma coxinha de jaca (para minha surpresa é saborosa).

Mas chega disso tudo porque sei que muitxs de vocês devem estar querendo ler sobre coisas mais íntimas. Ok, vou agora para as primeiras vezes mais... pessoais. u.u

A primeira vez que vi um pornô foi ótima pela novidade, mas tensa pelo medo de ser flagrado. A primeira vez que me masturbei foi maravilhosa, melhor ainda sem o sentimento de culpa. A primeira vez que mandei nudes foi muito espontânea, taquei o foda-se para a insegurança. A primeira vez que beijei foi boa, porém expectativas romantizadas foram quebradas. A primeira vez que fiquei pelado na frente de outra pessoa foi gostosamente impulsiva. A primeira vez que fiz sexo virtual foi cheia de tesão, libertei minha safadeza interna. A primeira vez que fiz sexo físico foi estranha e engraçada, nem boa ou ruim.

Se espero mais primeiras vezes? Clarooo! Tem tanta coisa que quero fazer, tantas comidas e bebidas a serem experimentadas, lugares para ir e explorar, livros para ler, enfim. E ainda aguardo meu primeiro sexo a três (p-o-l-ê-m-i-k-a).

É isso? Sim, é isso. Os maiores detalhes guardo para minha alma. =^.^=

Um brinde a todas as minhas primeiras vezes. Pois se não fossem por elas eu não teria histórias para contar. Pois sem elas eu não teria vivido. Pois caso não tivessem ocorrido, então não seriam primeiras (óbvio).



7 de dez. de 2017

Bandeiras

Vocês sabem quantas bandeiras de orgulho existem? Quantas vocês conhecem? Postarei aqui as mais conhecidas e algumas desconhecidas, só para apresentar a imensa diversidade existente.

(LGBT+/gay)

(Lésbica)

(Bi)

(Trans)

(Não-binária)

(Intersexo)

(Assexual)

(Poli)

(Pan)

(Queer)

(Demissexual)

(Arromântica)

(Transfeminina)

(Transmasculina)

(Agênero)

(Genderqueer)

(Gênero-fluído)

(Gênero neutro)

(Ipsogênero)

  (Mulher ipsogênero)                        (Homem ipsogênero)

(Multissexual)

   (LGBT+ negritude)                   ("pessoas de cor" LGBT+)

(Poliamorista)

Para mais bandeiras acessem o site Pride Flags, o maior portal de bandeiras de orgulho que existe atualmente.



3 de dez. de 2017

Centros de Cidadania LGBT

O artigo de hoje tem um caráter mais de divulgação, no caso falarei sobre os Centros de Cidadania LGBT do país. Eles são núcleos feitos para atender à população LGBT+, oferecendo serviços sociais, jurídicos, psicológicos, pedagógicos, entre outros. Listarei os centros por cidades.



São Paulo

Centro de Cidadania LGBT Luiz Carlos Ruas (antigo centro Arouche)

End: Rua Visconde de Ouro Preto, 118 – Consolação
Tel: (11) 3115-2616
Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, das 9h às 19h


Centro de Cidadania LGBT Luana Barbosa dos Reis (Zona Norte)

End: Rua Plínio Pasqui, 186 – Parada Inglesa
Tel: (11) 2924-5225
Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, das 9h às 19h


Centro de Cidadania LGBT Laura Vermont (Zona Leste)

End: Avenida Nordestina, 496 – São Miguel Paulista
Tel: (11) 2032-3737
Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, das 9h às 19h


Centro de Cidadania LGBT Edson Néris (Zona Sul)

End: Rua São Benedito, 408 – Santo Amaro
Tel: (11) 5523-0413 / 5523-2772
Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, das 9h às 19h


Campinas

Centro de Referência LGBT

End: Rua Talvino Egídio de Souza Aranha, 47 – Botafogo
Tel: (19) 3242-7744
Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, das 8h às 17h


Rio de Janeiro

Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT

End: Rua Tenente Possolo, 43 – Centro
Tel: (21) 2215-0844 / 2222-7286
Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, das 14h às 20h
E-mail: arco-iris@arco-iris.org.br


Niterói

Centro de Cidadania LGBT Leste

End: Rua Visconde de Morais, 119 – Ingá
Tel: 0800 023 4567 (Disque Cidadania LGBT RJ)
Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, das 9h às 18h


Nova Friburgo

Centro de Cidadania LGBT Hanna Suzart (Serrana I)

End: Avenida Alberto Braune, 223 – Centro
Tel: (22) 2523-7907
Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, das 9h às 18h


Duque de Caxias

Centro de Referência da Cidadania LGBT - Baixada I

End: Rua Frei Fidélis – Centro / na parte superior do Restaurante Cidadão
Tel: 0800 023 4567 (Disque Cidadania LGBT RJ)
Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, das 9h às 18h


São Gonçalo

Centro de Referência de Cidadania LGBTI

End: Travessa Maria Cândida, Mutondo
Tel: (22) 3708-7954


Belo Horizonte

Centro de Referência pelos Direitos Humanos e Cidadania LGBT (CRLGBT)

End: Rua dos Tupis, 149, 10º andar – Centro
Tel: (31) 3277-4128
Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, das 9h às 17h


Recife

Centro Municipal de Referência em Cidadania LGBT

End: Rua dos Médicis, 86 – Boa Vista
Tel: (81) 3355-3456
Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, das 8h às 18h


João Pessoa

Centro de Cidadania LGBT

End: Parque da Lagoa, 196 – Centro
Tel: (83) 3218-9248
Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, das 8h às 14h


Campo Grande

Centro de Referência em Direitos Humanos de Prevenção e Combate à Homofobia (CENTRHO)

End: Rua Marechal Cândido Mariano Rondon, 713 – Amambai
Tel: (67) 3321-7343
Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, das 7h30 às 13h30


Teresina

Centro de Referência para Promoção da Cidadania LGBT Raimundo Pereira (CRLGBT)

End: Rua Barroso, 732 – Centro-Norte
Tel: (86) 3213-7086
Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, das 7h30 às 13h30


Brasília

Creas Diversidade

End: 614/615 Sul, Lote 104, Bloco G, L2 Sul – CEP 70.770-501
Tel: (61) 3224-4898 / 3322-4980
Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, 8h às 12h e 14h às 18h
Obs: esse centro atende também vítimas de discriminação racial e religiosa.



Próximos Centros de Cidadania LGBT:

Volta Redonda: recentemente o MPF (Ministério Público Federal) cobrou do programa Rio Sem Homofobia a instalação do novo CCLGBT na cidade. Não achei mais informações sobre o projeto.
Salvador: o Governo da Bahia estima que até o fim de 2019 haverá um CCLGBT construído e em atividade, no endereço Rua do Bispo, 10.
Maceió: a Coordenação da Diversidade Sexual da Semas (Secretaria Municipal de Assistência Social) está planejando a construção de um CCLGBT.

Devo lembrar também sobre o Disque 100, o número dos Direitos Humanos. Lá podem oferecer informações e alguns serviços.