29 de ago. de 2015

Minha primeira experiência noturna

Eu nunca tinha saído para curtir a noite até a segunda semana de julho. Mesmo assim eu já tinha uma ideia de como era a vida mundana em São Paulo depois das 23h até o término da madrugada.

Por essa razão não me surpreendi com nada do que presenciei. Tudo era o que eu esperava: gente bêbada, estranha e desinteressada, maconha e narguilé, vendedores de LSD (que passavam rápido e me enganaram dizendo que era docinho #xatiado), mendigos (bêbados ou sóbrios), pessoas procurando relações casuais (desde beijos e pegação a sexo)... enfim, o básico.

Eu sentia a necessidade de ir à uma balada. Tanto por curiosidade como também para dizer que fui pelo menos uma vez.

Planejei me encontrar com uma colega e não deu certo. Um amigo foi ao metrô me resgatar e me levou ao grupo dele de quatro meninos. Um eu já conhecia, pois faz o mesmo curso que eu.

Descemos a Rua Augusta, pegamos o carro de um dos meninos, e fomos à Praça Roosevelt. Incrível a quantidade de mendigos, maconheiros e drogados lá! Fomos a um bar de ambiente exótico. Lá conheci mais algumas pessoas, aguentei o olhar de um homem de uns 50 anos ou mais, fiquei muito na minha. Acabamos ficando lá por menos de uma hora. Voltamos para a Augusta e discutimos sobre ir ou não numa balada, e enfim optamos por ficar na frente de uma.

Meu amigo estava muito bêbado e queria a todo custo pegar um cara. Devo dizer que ele fica insuportável nesse estado. Ele chamava os caras com o dedo (parecia um doido), beijou alguns meninos sem prévio aviso (e estes aceitaram de boa...), e me incomodou com comentários desnecessários (ressaltando que eu não fazia o tipo dele - como se eu tivesse perguntado). Ele foi deplorável, daquela hora até o final.

Um casal de amigos do meu amigo me fez boa companhia e aparentemente gostaram de mim. Tivemos uma conversa bacana, e me pareceram pessoas legais. Só não gostei quando tentaram me empurrar um menino (aparentemente "compatível" comigo"). O mesmo nem queria nada comigo...

Uma situação medonha foi quando um cara passou pela gente, parou e ficou me encarando. Ignorei, claro, afinal não sou obrigado, e pessoas assim me assustam. Ele me fez lembrar do quanto odeio gente me encarando. Aliás, que forma bizarra de "atrair" alguém.

As horas passaram lentas até. Andamos um pouco além do nosso "ponto fixo", vimos meu amigo ser ridículo de vários jeitos, e conhecemos algumas pessoas. Lá eu via todo tipo de pessoa, incluindo algumas travestis.

Teve um momento, eu quieto na minha, a amiga do menino que tentaram me empurrar chegou em mim e disse que eu estava diante de um cardápio; as pessoa eram os pratos, e era só eu escolher. Fiquei quieto, pois achei aquele pensamento idiota. Além disso, não havia boas opções XD.

Confesso que fiquei muito a fim de dois caras, ambos com jeito de moleque, joviais, lindos. Um deles eu já tinha visto rondando aquela área. Ele estava irritado porque alguém havia quebrado o vidro da janela de seu carro. Não consegui me aproximar, nem descobri o nome. O segundo veio junto com um amigo. Não tirei os olhos dele. Pena que percebi logo que ele era "da vida". Mesmo assim pedi pra um dos meninos que gostou de mim perguntar se aquele cara pegaria meu número. Ele disse que sim, mas em nenhum momento pediu... Bem que dizem que palavras são como vento.

Depois daquilo tudo ainda tivemos tempo e paciência de irmos a uma lanchonete de alguma marca que esqueci agora (Ragazzo, talvez). Fiquei meio deprimido... entrei num conflito interno. Um lado meu queria ter aproveitado aquela madrugada, queria ter agarrado e beijado alguém. Outro lado meu ficou desmotivado pela juventude atual, afinal a maioria, especialmente os gays, não querem mais namoro, compromisso. Aquela vivência fez eu me sentir num app ao vivo, e essa é nossa realidade atual; somos um cardápio para as outras pessoas.

Concluindo, o que posso dizer de tudo isso? Bem, essa vida realmente não é para mim. E tenho um pouco de pena de quem vive em função disso. Essa pequena experiência serviu apenas para confirmar o quanto será difícil meu caminho enquanto eu buscar um príncipe encantado. Talvez eu experimente a vida noturna mais algumas pouquíssimas vezes. E farei isso mantendo minha dignidade. Pode não ser meu estilo de vida, mas achei interessante observar de perto as pessoas que vivem assim. Não deixa de ser uma forma de aprendizado.