15 de ago. de 2015

Meu primeiro beijo

Eu sempre tive um sonho. Um sonho fantasioso e colorido. Eu sempre quis que meu primeiro beijo fosse um momento romântico e épico, como naqueles filmes de amor. Desejo o mesmo para minha primeira vez, e por isso até hoje estou me guardando; eu quero o homem certo.

Mas... como toda pessoa jovem, eu tenho meus impulsos. E esses mesmos impulsos são aqueles que nos fazem agir contra nossos próprios objetivos e nossa moral.

Em janeiro desse ano, perto do dia do meu aniversário, reinstalei o Tinder. Eu estava sedento de ódio pela minha frustração com os aplicativos, como já narrei em outro artigo. Eu queria me vingar dos homens que usam aquela porcaria. 

Comecei a dar like em todos os caras. Tive muitos matches no total, mais de 300, acreditem ou não. Porém, teve um match em particular que me chamou a atenção. Era uma pessoa muito peculiar. Eu já tinha conhecido outros peculiares, mas não que nem aquele. Iniciei a conversa com uma pergunta absurda: você gosta de batata?

Pasmem: fui respondido! A conversa rolou. Esqueci meu ódio pelo Tinder por algumas horas da noite de uma segunda-feira à madrugada de terça-feira. Não vou expor muitos detalhes dessa pessoa. Por quê? Porque eu não quero ^^.

Foi então que aconteceu aquela loucura dos aplicativos: marcamos de nos encontrarmos. E nos encontramos no metrô perto da minha casa, naquela mesma terça-feira.

Eu estava tão desesperado para ter meu primeiro beijo e perder a virgindade que tentei passar por cima de meus princípios e sonhos e considerar a ideia de me abrir para algo sem compromisso (ficar, sexo casual). Sempre fui contra isso. Sempre. Até aquela terça-feira.

A pessoa me deixou claro que só teríamos algo sem compromisso. Aceitei isso. Avaliei (mais ou menos) os riscos e o impacto que aquilo poderia me causar, e aceitei.

Fazia tempos em que eu não conhecia alguém tão interessante e compatível comigo em vários aspectos. Foi uma conversa longa e agradável. Ele não fazia tanto meu tipo, e na aparência ele é na média, a meu ver. Mas naquela semana ele foi o amor da minha vida.

Caminhamos até um parque. Falamos mais um pouco. Fomos numa árvore e... tive meu primeiro beijo.

As portas se abriram, o sol raiou, os pássaros cantaram, os golfinhos pularam, e um enorme arco-íris se formou no céu!

Brincadeira, não foi nada de impressionante. Foi algo marcante sim, como toda nova experiência amorosa, mas nada de tão excepcional. Aliás, sinto dizer, eu esperava um beijo melhor. Em compensação, meu ficante disse que eu beijava bem :D.

E então cometi minha segunda loucura: mais tarde, naquele dia, o convidei pra jantar na minha casa. Ele foi, jantou, o levei para meu quarto, e o beijei dezenas de vezes. E fiz umas coisinhas a mais. Por um momento, quis fazer sexo oral nele. Peguei no pênis dele. No entanto, subitamente, eu perdi todo o tesão.

Daquele momento, seguido por algumas palavras dele enquanto estávamos deitados na minha cama, até o fim daquele dia, entrei num grande conflito interno. Eu, infelizmente, me apaixonei. Eu queria ele só para mim, eu queria ele sempre, eu queria ele todos os dias. Porém, ele nunca seria meu. Eu sabia disso. Eu estava perfeitamente ciente disso em todos os minutos, em cada beijo, em cada toque...

Nos encontramos mais três vezes depois disso. A última foi muito desagradável. Não quero dizer e nem pretendo narrar esse evento. Apenas descobri o que ele tem de pior, pelo menos no aspecto "amoroso" e moral.

Estou profundamente arrependido de ter beijado alguém como ele, de verdade. Eu, que sempre sonhei com um beijo romântico, gastei essa oportunidade com uma pessoa libertina que duvido que realmente se importe comigo e com meus sentimentos.

Alguns poderiam dizer que eu poderia ter aproveitado o sexo. Óbvio que eu estaria pior. Se um beijo me deixou ruim e com raiva de mim mesmo pela minha impulsividade, imagine um momento tão precioso quanto esse? Ainda bem que não prossegui, e ainda bem que aquilo tudo não passou daquela terça-feira.

Seguirei em frente. Não preciso sentir pena de mim mesmo e nem ficar me autoflagelando por ter sido um adolescente tipicamente impulsivo por apenas um dia. Superei isso. Eu minto às vezes dizendo que sou bv. Minto até para mim mesmo. Olho-me no espelho e me pergunto: quando encontrarei meu príncipe e terei minha primeira vez e meu primeiro beijo? 

Já me perguntei se existe alguma regra do Universo que me permita voltar a ser bv... Será que não gostar do beijo e fingir que não aconteceu é suficiente? XD

Com o resto de dignidade que me sobra, eu digo a todxs: se vocês querem reservar um momento especial com alguém especial, aguentem, resistam, persistam, e façam isso. Se entregou aos impulsos da vida? Não tem problema! Supere e continue buscando a pessoa especial.