6 de mai. de 2015

O gênero

O gênero representa apenas nosso papel social. Um gênero é definido por um conjunto de características, comportamentos, vestimentas etc, de acordo com padrões pré-estabelecidos socialmente. A maioria das pessoas no mundo pertence a dois gêneros: masculino e feminino.

O que torna alguém do gênero masculino ou feminino?

A sociedade impõe o gênero masculino àqueles que nascem do sexo masculino, e o feminino ao sexo feminino. Essa é a norma social. A maioria das pessoas aceita a norma.

E quem não aceita essa norma?

E então surge o grupo dos transgêneros, no qual estão incluídas pessoas transexuais, travestis e gêneros não binários.

Essa exceção à regra provou o quão errado era definirmos gênero e sexo biológico como sinônimos.

Muitos se perguntam: por que existe gente que não aceita a norma? 
E eu recentemente me perguntei: por que a grande maioria aceita a norma?

Não é de se surpreender que vivemos num mundo cheio de preconceitos contra aqueles que não seguem os padrões de sexualidade (hétero), sexo e gênero (masculino ou feminino). Afinal a base da Humanidade foram sempre pessoas héteros que determinaram como normal somente dois tipos de genitálias (diadismo) e determinaram que elas ditassem o gênero da pessoa (cissexualidade).

Nos dias atuais estamos tendo discussões político-sociais sobre o que é o gênero do ser humano. Natural? Imposto? Ou talvez um pouco dos dois?

Talvez seja realmente uma parte natural e outra construída pelo nosso meio. Ainda é um assunto controverso, até mesmo para a ciência.

A identidade de gênero tem sim um lado cerebral, vindo do berço. E essa identidade nos leva a buscar a melhor forma de criar nosso próprio 'eu', nossa individualidade. Mas o ser humano é também um animal conhecido por sua capacidade de adaptar-se ao meio. Então podemos eventualmente acrescentar ou retirar detalhes e elementos nossos, dependendo da nossa convivência e experiência em geral com uma sociedade.

Considerando que tenho pós-doutorados em antropologia e sociologia, posso garantir que meus estudos chegarem a conclusão definitiva de que gênero é parcialmente instintivo e parcialmente construído ao longo do desenvolvimento da pessoa. 

Agora voltando a dura realidade, minha conclusão é a mesma, sem base científica. Pesquisadores e meros civis podem pensar o mesmo ou chegar a outras conclusões.

Falando um pouco de mim mesmo, meu gênero é masculino. Todos os dias eu acordo me sentindo um homem e durmo assim. Sempre me senti à vontade com roupas masculinas. Não creio que eu seja um exemplo de macho viril que a maioria da sociedade aceita e respeita, visto que eu sempre quis brincar mais com coisas de meninas e sempre tive uns gestos mais femininos. Contudo, atualmente sou mais eu mesmo. Não chego a ser um homem afeminado, mas atualmente me aceito mais, com meus jeitinhos e meus momentos 'super gays' hahaha.

Faz algum tempo em que eu estava conversando com duas colegas de classe e falei sobre gêneros não binários. Eu disse que eu, por um binário masculino, tive dificuldade de entender no começo. De repente uma delas cismou que eu era masculino e feminino. A outra começou a apoiar essa ideia. O argumento delas era que gostar de homem era uma característica "feminina". Lógico que achei um absurdo aquilo, e a insistência delas começou a me irritar. A outra colega chegou até a usar a brincadeira do 'queria estar morta' como argumento. E depois acham que exagero quando digo que estou cercado de gente idiota.

Isso não apenas prova que sexualidade, sexo e gênero são ainda muito confundidos, como também mostra o quão forte e enraizado é a ideia do gênero construída desde sempre por pessoas cisgêneras, diádicas e heterossexuais.

Fomos ensinados na escolinha desde sempre que existiam homens e mulheres, pênis e vagina, músculos e peitos. Não existem exceções, misturas, intermediários, nulos, nada disso.

Felizmente uma das leis naturais da vida é que o mundo gira e os tempos mudam. Assim como fenômenos naturais (chuva, terremotos etc) já foram tidos como sobrenaturais e mulheres já foram proibidas de usar calças, o conhecimento mundial é atualizado e padrões arcaicos são quebrados. 

Acredito que podemos vencer também essa transição, para que algum dia questões de diversidade sexual e de gênero não sejam mais polêmicas ou vistas como loucura, e sejam tratadas com naturalidade.