8 de abr. de 2017

Confissões

Sou um pecador, assim como todo mundo. Tenho muitos pecados. Alguns que cometi, outros que ainda cometo.

O amor é lindo de se ver. Fico feliz por quem consegue encontrá-lo. E um lado meu adora observar casais, sejam conhecidos ou desconhecidos.

Mas quando os vejo, uma sombra me preenche. Ela é um pecado bem famoso. Eis meu maior pecado: inveja.

Eu invejo os sorrisos deles, invejo suas declarações de amor, invejo suas fotos juntos, invejo o afeto e a união dos dois, invejo só a ideia de imaginá-los se beijando ou transando enquanto fico mofando neste quarto solitário, sonhando com amores que nunca acontecerão, rejeitado por quase todos.

Não que eu fique desejando a separação do casal ou conflitos entre ambas as partes. Não sou esse monstro também. Mas invejo eles. E a inveja... bom, a inveja é uma merda.

"Por que eles conseguem e eu não?", "Como conseguiram isso?", "O que preciso fazer para ter o mesmo", perguntas que martelam minha mente enquanto a inveja perfura minha alma.

Claro, já apareceu gente interessada em mim. Só que um interesse superficial - sexual. E mais nada. Nada de amor, paixão, afeto e carinho para mim. Só sexo. Só. Amor, não. "Eu não mereço?!"

Tem dias que a amargura é tanta que não posso imaginar um casalzinho e só consigo formular um futuro sem ninguém, sem nunca ser tocado com amor, sem nunca ter um homem para chamar de namorado. Um futuro de solidão e... inveja.

"Que inveja desse amor", penso nos bons dias e nos maus dias. "Mas talvez não seja pra mim."

Gostaria de ter esperança em encontrar um amor, de vivenciar o mesmo que esses casais tão fofos, de pensar que quando menos esperar alguém vai aparecer. Porém, a vida não sorri para mim. E só me sobra uma coisa: inveja.

O que farei quando, por milagre, aparecer alguém e eu só tiver apenas inveja para dar?