27 de out. de 2016

Confissões

Eles são lindos, não são? Lindos juntos e lindos separados. Formam um casal tão fofo e doce. Conquistam a audiência, são comentados nas redes sociais, viram modelos para as pessoas reais.

Eles se conhecem ao acaso. Ou já se conhecem. Podem ser amigos ou apenas colegas da mesma escola. Trocam olhares e se apaixonam, um romance típico. Tão... lindos.

Mas eu não sou igual a eles. Eu não consigo ser como eles.

Não sou o garoto de corpo forte e malhado. Nem sou aquele de corpo magro, de barriga retinha. Quem dera ter aquele rostinho bonito e aquele charme natural. É do ator ou do personagem?

São lindos, ao contrário de mim... 

A paixão é bem mais intensa quando há beleza. E, claro, ficamos animados quando chega aquela cena mais... picante. Pode ser só um toque ou uma transa. Que sortudos! Sorte daqueles que são lindos, que são ícones da mídia, que aparecem nas revistas.

Eu não sou o garoto da obra. Eu sou aquele que consome a obra e fica desejando aquele romance. Almejo ser como os protagonistas.

A obra conta sua história. Praticamente todas seguem o mesmo estilo, como se todo romance gay fosse exatamente aquilo.

Cadê meu romance?

A obra condiz com a realidade? Condiz com a realidade de todos? É fácil assim ser flertado, desejado e viver uma aventura afetiva? É fácil para eles!

Eu queria ser lindo que nem eles. Olha, são tão felizes! Eu queria ter alguém lindo como eles! Veja, são inseparáveis!

A culpa é minha por não ser lindo como eles.

O problema sou eu? Ou é mídia?