11 de jul. de 2015

Historinha: Cristofobia

Era uma vez um homem cristão. Ele amava Deus e Jesus acima de tudo.
Suas redes sociais eram sempre enfeitadas de trechos bíblicos.
Seus pais, também cristãos, o guiaram dentro dos caminhos de Cristo desde bebê. Ele até interpretou a crucificação de Jesus numa peça. Que bonitinho.
Na escola, em Biologia, ele aprendeu sobre a teoria da evolução e achou um absurdo, pois nada daquilo estava na Bíblia. Dinossauros? Tudo bobagem!
Quando adolescente, uma vez, ele e outros amigos cristãos invadiram um terreiro de umbanda e quebraram pratos de oferenda para as entidades daquela crença. Afinal, era profana.
Também quando adolescente, uma vez, ele e os amigos picharam as paredes de um centro espírita. Afinal, também era uma crença profana.
Na fase adulta, ele conheceu uma linda moça, a mais inteligente, simpática e caridosa que havia conhecido. Mas ao descobrir que era ateia, não quis mais namorá-la. Imagina ele, um homem do Senhor, se casando com uma incrédula!
Ele votava sempre em políticos cristãos para garantir que o Brasil continuasse a ter pessoas de bem na liderança do país. Pois uma nação sem Cristo é uma nação sem nada.
Casou-se afinal com uma mulher cristã e tiveram filhinhos cristãezinhos.
Numa tarde morna de verão, sem ter nada para fazer, ele defendeu suas ideias racionais e cristãs numa página falando sobre a legalização do terrível casamento igualitário. 
Foi atacado com vários comentários sobre Estado Laico, intolerância religiosa, entre outros absurdos. E desde esse dia ele percebeu o quanto sofria apenas pelo fato de ser cristão.

Fim