Nós, seres humanos, e nossa doce ilusão da imortalidade.
Queremos viver como se não houvesse amanhã. Quando fazemos aniversário falamos "mais um ano de vida". Gostamos de pensar num futuro e não no fim. Planejamos coisas para daqui a anos.
Adoramos falar sobre juventude. Que a velhice está no espírito, que podemos permanecer jovens. Que não podemos deixar a idade nos envelhecer, que é apenas um número.
Vemos pessoas falecendo. Animais de estimação falecendo. Plantas falecendo. E não queremos pensar que um dia teremos o mesmo destino.
Essa é uma das maiores sabedorias antigas que as gerações passadas passam (ou tentam passar) para as gerações atuais: a única certeza dessa vida é que vamos morrer.
Realmente, o que podemos saber além da morte inevitável?
O que sabemos sobre a vida? Ou o que achamos que sabemos? Não falo da vida biológica (que também é um mistério), falo da vida existencial - nossa mera existência nesse mundo caótico e de infinitas possibilidades.
Não digo também para pensarmos na morte o tempo todo. Para que pensar em algo que sabemos que algum dia chegará? Apenas digo: esquecer da morte não traz imortalidade.
O que acontece depois da morte ninguém sabe responder. As inúmeras religiões e crenças nos fornecem explicações que não podem ser comprovadas. O ceticismo ainda diz que nada acontece. Mas talvez o real significado da vida esteja na própria morte.
A morte é o oposto da vida? Faz parte dela? Ou é apenas um lado da mesma moeda?
Às vezes penso que talvez a morte nem exista. O que chamamos de morte é uma visão limitada para uma parte da vida que não podemos tocar.