1 de mar. de 2017

O que penso sobre a Parada LGBT

Fui em duas Paradas até agora, em 2015 e 2016. Falei sobre elas, o tema e minha experiência. Porém, senti necessidade de falar mais criticamente sobre a Parada em si.

Até entre LGBTs há opiniões divergentes sobre a Parada. Não vou discutir se ela deve ou não existir. Farei apenas uma análise particular enquanto militante LGBT+.

Sempre tive uma ideia errada da Parada LGBT. Formei minha opinião com base no que falavam dela (quase todas essas pessoas sequer foram em uma) e no que eu via na TV (isso quando eu me preocupava em ver). Resumindo: para mim a Parada era um tipo de carnaval.

Felizmente, em 2015 confirmei com meus próprios olhos que não é toda essa baderna e "falta de respeito" que as pessoas tanto falam. A mídia também presta um desserviço quando foca mais em brigas e atos de irresponsabilidade e desrespeito do que no evento completo.

Tirando os temas abordados em cada ano, comecei a observar e levei em conta os relatos de quem já participou de pelo menos uma Parada. Sinto dizer, mas ela deixou de ser um protesto político-social e se tornou mais uma enorme balada ao ar livre.

Não é pelos corpos expostos, não é pelos beijos, não pela suposta "putaria" que acontece por lá; tudo isso são formas de protesto também! É justamente pela intenção e visão das pessoas que vão lá. Elas vão pela festa, não pelo protesto.

Na minha primeira Parada fui abordado por uma menina enviada por um rapaz que ficou interessado em mim. Ele tentou me beijar, mas eu não estava lá para aquilo. Quando falei isso, ele disse: "Então por que você veio aqui?" Fiquei sem resposta... Ele estava lá apenas para beijar! Só! A Parada perdeu o sentido político-social para aquele indivíduo.

Se perdeu o sentido para ele, para quem mais pode ter perdido? Eu diria que para centenas de outras pessoas. Nem consigo culpar as pessoas hétero-cis de também verem a Parada como um "carnaval LGBT".

Será que se pegarmos aleatoriamente dez pessoas na Parada e perguntarmos o motivo desse evento, elas saberão responder? E se, por milagre, falarem do sentido político-social, elas estão lá com essa consciência?

Não quero ser interpretado como moralista e nem estou dizendo que a Parada deveria acabar ou que nem deveria existir. Longe de mim falar um absurdo desses. A Parada é uma conquista da luta do movimento LGBT e deve ser mantida; se possível, deveria existir em todas as cidades de todos os países.

Apenas acredito que deveria ser mais política e que as pessoas, LGBTs ou não, fossem com esse pensamento. Enquanto o pessoal está beijando e dançando ao ar livre, há incontáveis LGBTs no Brasil e pelo mundo sendo vítimas de toda forma de LGBTfobia. A Parada é, em sua origem, uma resposta contra isso!

Para todxs que forem numa Parada LGBT, por favor, lembrem-se disso.