23 de mar. de 2017

Disney e a visibilidade LGBT

Recentemente houve repercussão sobre a Disney ter colocado um personagem gay no novo filme de A Bela e a Fera. No entanto, personagens LGBTs ou personagens que se desviam dos padrões sociais (originalmente, "queers") nas produções Disney não são novidade.

A empresa nos apresentou um número considerável desses personagens, seja de maneira muito implícita ou mesmo explícita. Comentarei sobre eles, fazendo meus adendos.



Alguns vilões da Disney têm sua orientação sexual-afetiva questionada devido a seus maneirismos ou atitudes em situações específicas. Scar de O Rei Leão deve ser o exemplo mais famoso de vilões questionados: ele é afeminado e nunca mostra interesse pelas leoas. Na mesma franquia temos Timão e Pumba que, embora não sejam um casal, podem representar simbolicamente uma família homoafetiva por terem cuidado de Simba.



Ratcliffe, antagonista de Pocahontas, tem gestos e expressões característicos do estereótipo do homem gay extravagante e que se veste de maneira chamativa. Sem contar aquele cabelo...


Outro vilão muito citado em discussões sobre "personagens gays" da Disney é Hades, antagonista de Hércules. Não entendo exatamente o motivo. Deve ser pelo modo que ele fala com a personagem Maggie numa cena, pois ele tem o mesmo maneirismo de um gay moderno falando com uma amiga.


E para fechar a vilania, a vilã Ursula de A Pequena Sereia foi inspirada numa drag queen chamada Divine.


O comandante Li Shang de Mulan abriu uma série de discussões. A animação mostra bem sutilmente ele desenvolver aos poucos uma afetividade por Mulan enquanto ela fingia ser homem. No final ambos ficam juntos. A maioria considera Shang o primeiro bissexual da Disney. Mas afinal, Shang se interessava pelo gênero ou pela personalidade de Mulan? Por que não defini-lo como pansexual?


Pleakley, coadjuvante de Lilo & Stitch, se veste frequentemente com roupas femininas. Como seu gênero é masculino, ele é um exemplo de personagem que quebra imposições de gênero, no caso referente a roupas.


A gorila Terkina em Tarzan é outra figura muito comentada devido a seu jeito de "menina moleque", seu desgosto por roupas femininas e por nunca mostrar interesse nos gorilas machos. Isso não necessariamente indica que ela é lésbica (ou assexual), mas ela tem sua dose de visibilidade para quem se identifica com ela.


Muita gente fala sobre a Elsa de Frozen. Ela nunca mostra interesse por nenhum homem e termina sem um par. Isso prova que ela é lésbica? Eu diria: "talvez, não necessariamente". Elsa pode ter qualquer orientação alossexual e não estar no momento de querer alguém, não? Ela pode ser assexual também! A música "Let It Go" também é uma ótima analogia a todxs que vivem no armário e saem dele.


No mesmo filme o personagem Oaken, que aparece brevemente numa loja e oferece sua sauna para Anne e Kristoff, apresenta sua família: um rapaz e quatro crianças. A cena deixa muito implícito que o rapaz é seu cônjuge.



Merida de Valente é o mesmo caso de Elsa. Ela recusa seus pretendentes arranjados e quebra papéis de gênero. Mantenho as mesmas palavras sobre ela.


O único exemplo de um casal homoafetivo mostrado beeeeem explicitamente é Hugo e Djali em O Corcunda de Notre Dame. A gárgula Hugo não esconde seu interesse amoroso pelo bode Djali. Na sequência, o bode está mais recíproco com seus sentimentos.


Nossa diversidade começou sendo retratada em personalidades antagonistas, o que pode refletir a ideia da época de que o que era queer era "mau". Com o tempo surgiram retratações mais positivas junto com maior visibilidade para etnias negras e mulheres.

O LeFou de A Bela e a Fera foi um ótimo começo em um longa-metragem da Disney, que está acompanhando a modernidade e suas ideias. A empresa está preparando seu público, em especial o infanto-juvenil, para mais personagens LGBTs. E por isso meus mais sinceros parabéns a Disney!


Quem sabe dentro de alguns anos não teremos protagonistas assumidamente LGBTs?