14 de jan. de 2015

Minha opinião sobre o caso Charlie Hebdo

Sei que fará uma semana após o ocorrido, mas não posso deixar de comentar sobre isso.

No dia 7 desse mês, terroristas muçulmanos atacaram o jornal Charlie Hebdo e mataram doze pessoas. O motivo disso foram as sátiras do jornal referentes ao islamismo e o Profeta Maomé.

Pois bem. Quando lemos assim, imaginamos naturalmente um ato desumano. E vindo de terroristas muçulmanos, a coisa piora, sendo eles vistos como radicais, extremistas.

Antes de tudo, vou frisar que isso FOI UM ATO DESUMANO. Agora vamos analisar a situação.

Na França, pelo menos 10% é composta de muçulmanos. E não se pode dizer que são bem tratados... O jornal Charlie Hebdo há anos faz sátiras contra religiões, especialmente o islamismo.

Eu sou da opinião que devemos criticar religiões quando interferem nos direitos do ser humano (inclusive, isso está no layout da página).

Mas, por favor, vamos analisar com calma e senso crítico as sátiras do jornal.
Me recuso a colocar imagens aqui. Porém, se procurarem, verão imagens onde o profeta islâmico é colocado em cenas sexuais. Mostrar entidades religiosas em cenas assim é uma crítica?

Criticar a Igreja Católica nos trouxe um Papa mais "moderno". Demorou muitos anos, mas criticar fez com que a religião abrisse mais sua mente. Precisa melhorar, mas já andou uns passos. Sobre o Islamismo, não concordo com muita coisa. Especialmente como mulheres são tratadas.

Conversei com uma pessoa sobre isso, e citei um vídeo do Porta dos Fundos, que satirizou a burca das muçulmanas. E fez isso sem baixaria, conotação sexual, cenas explícitas, palavrões, etc. Fez isso de uma forma inteligente, sem ofensas. Basta procurarem no Youtube.

Depois de anos e anos que muçulmanos, além de serem discriminados pelos franceses, presenciaram sua crença sendo caçoada de maneira tão perversa, a 3ª Lei de Newton aconteceu: para toda ação existe uma reação. A Islamofobia praticada pelos franceses no decorrer dos anos gerou uma reação dos muçulmanos.

Repito: NÃO SOU A FAVOR DO TERRORISMO. Contudo, devo dizer que a tragédia do jornal foi uma consequência, consequência de anos de intolerância religiosa e preconceito.

A pior reação de uma classe oprimida deve ser essa, a violência. Responder violência com violência.

Minha conclusão: os dois lados estão errados, os dois erraram. O jornal persistiu com a intolerância contra 10% da população, e os muçulmanos não souberam conversar. Não concordo com eles, mas me recuso a tratar o jornal como um "mártir da liberdade de expressão". Por mais que eu concorde em criticar religiões, satirizar do jeito que o jornal fazia não é o caminho mais adequado. 

Caímos novamente na discussão da liberdade de expressão X liberdade de opressão.

Também achei de péssimo gosto as sátiras. Entretanto, ouvi pela Internet que péssimo gosto é subjetivo... Então façamos assim: cada um faz a sátira que quiser. Mas aguente as consequências.

Acho que o humor atualmente ainda precisa andar muito, e ser revisto e devidamente avaliado. Humor é para rir e refletir, não para gerar conflitos e morte.