4 de jan. de 2017

Recontando minha experiência com aplicativos

Retorno com esse assunto porque senti necessidade disso.

Vai fazer dois anos que parei de usar os aplicativos, dois anos após toda minha experiência inusitada com esse recurso para "conseguir alguém".

Já lancei aqui um artigo contando o que passei. Agora desejo contar de novo, mas de outra forma. Uma forma mais madura. E dessa vez vou apresentar melhor minhas falhas e meus aprendizados ao invés de fazer só papel de vítima desiludida.

Meu primeiro erro foi querer arrumar namorado. Simples assim. Se vocês ainda acreditam no merchan que fazem dizendo que encontrará "sua outra metade", recomendo que parem. Não romantizem o aplicativo, vai ser uma queda feia.

Não vou ficar me culpando por ter sido ingênuo. Quem nunca foi, né? Mas sim, a ingenuidade foi uma das causas do meu fracasso. Assim como de outras pessoas. A Disney, as telenovelas, os romances da ficção estragaram muita gente com uma visão irreal do que é amar alguém. Amor é construído com o tempo, com a convivência, e não é a mesma coisa que paixão.

Continuo tendo meus princípios de sempre, os quais expressei aqui no blog várias vezes. Não consigo ser muito liberal; sair por aí beijando vários e fazendo sexo com desconhecidos. E no momento em que percebi que apps eram um ambiente hostil para alguém como eu, o correto teria sido parar. Eu insisti...

As pessoas dos apps não sabem conversar. Isso é fato. Não sabem puxar e manter um assunto, o que colabora com o desinteresse rápido. Mas eu também pertencia a esse grupo.

Uma explicação para o desinteresse rápido é justamente devido à informação que vem rápido. Sabemos muito da pessoa em pouquíssimo tempo. Não desenvolvemos um diálogo. Sem contar que dialogar virtualmente não é o mesmo que pessoalmente. A tecnologia nos fez perder esse contato.

Embora eu reclamasse tanto dos homens que vinham falar comigo abordando só sexo e putaria, cometi esse mesmo erro com outras pessoas, durante e após essa experiência. Irônico, né? O problema não está em abordar o assunto, e sim focar nele. E abordá-lo muito rápido, gostem ou não, causa a impressão de que você só quer sexo, nada mais.

Não vou mentir: ainda sinto um pouco de ódio de todos que conheci. Por terem me ignorado e por terem se desinteressado rápido. Por me enganarem. Por não serem verdadeiros comigo. Mas agora vejo que eu deveria sentir pena dessas pessoas.

E não apenas delas. Há outras pessoas que encontram nos apps uma forma de mendigar um mínimo de atenção, por mais breve que seja. Sim, isso deve ser tratado, é um problema interno. Carência é uma questão atual bem frequente na juventude, a carentes tratam apps como uma saída ou remédio. A juventude atual prega ódio e descaso contra carentes, embora, no fundo, todo mundo tenha sua carência.

Mesmo hoje ainda me aparecem pessoas que trazem o mesmo comportamento para as redes sociais. Não sabem conversar, se interessam e desinteressam rápido, querem pra agora e sem esforço, cometem os erros habituais citados. É triste ver que apps não são o bastante. Facebook, Twitter, Instagram etc acabam sendo extensões dos apps.

Vamos agora largar de hipocrisia e admitir que apps são essencialmente superficiais. Por quê? Porque neles escolhemos mais pela aparência do que pela descrição de perfil. Não vem com essa de que você escolhe só pela personalidade, não minta para si.

Dificilmente você encontrará uma pessoa real lá. O que você mais encontrará em apps é: gente carente, gente querendo sexo, ou gente usando sem propósito. E boa sorte em combinar com a pessoa ou ela milagrosamente te chamar e vocês não estragarem tudo na conversa.

No fim das contas, os apps são um reflexo do que somos fora do mundo virtual. As consequências da era moderna pesam em todxs nós. Assim como as influências sociais (a cultura do desinteresse, por exemplo).

Houve gente que me sugeriu usar e usar até encontrar alguém. Sinceramente, não tinha e continuo sem ter condição psicológica para isso. O que passei foi suficiente. Pra quem fez isso e conseguiu o que queria, meus parabéns. Prefiro seguir sem apps.

Se recomendo apps? Bem, use por sua conta e risco. Se for para conseguir encontros casuais, se joga. Se for para arrumar alguém, talvez consiga, mas após muito sofrimento e decepção. Claro que isso não vale se você estiver dentro dos padrões de beleza, afinal nos apps você será julgadx por seu rosto/corpo e não sua descrição de perfil.

E assim começamos o ano de 2017. Beijos de luz!