3 de set. de 2016

Jogo da indiferença

Esse é um joguinho muito comum nas conversas atuais.

Estamos numa época em que pregam o seguinte: "mostrar interesse é carência e não mostrar, frieza". Estamos desaprendendo a como nos relacionar, como conversar, como conhecer as pessoas. E estamos a cada dia nos isolando em nossas bolhas, vivendo em nosso mundinho.

Como se iniciou esse mal? Não sei responder.

Como já falei aqui no blog, relacionamento está cada vez mais difícil. As pessoas chamam a atenção, dialogam, tentando formar um vínculo, e esse vínculo acaba muito rápido. A juventude pós-moderna quer viver apenas momentos e da maneira que bem quer, e não viver de fato com as pessoas.

Duas pessoas se conhecem. Elas têm afinidades. Começam o diálogo. Quem mostrar muito ou pouco interesse recebe uma punição: a indiferença. O jogo começa.

Se a pessoa demorou meia hora para responder, você demora uma hora na próxima. E vai seguindo com isso até terem um número inútil no WhatsApp (geralmente o jogo acaba logo).

Ás vezes parece que a juventude pós-moderna procura gente perfeita. Perfeita seria alguém exatamente como querem. Nunca encontraremos alguém que é 100% como queremos. Conviver com as pessoas é aceitar e respeitar suas qualidades e defeitos. O que tiver para melhorar deve ser melhorado. Mas temos que dar uma chance!

Vejo por aí essa horrível indiferença, que mostrar total falta de empatia pela outra pessoa. Dispensamos a outra pessoa por qualquer divergência (um “não”, uma diferença de opiniões, um conflito de interesses, etc). Tem gente que parou de falar comigo apenas porque não mandei nude ou porque falei que desejo um namoro. Tem gente que para de falar sem qualquer motivo aparente!

Já não te aconteceu de você e a pessoa terem um diálogo empolgante que fluiu lindamente, e no dia seguinte começa a indiferença, o total desinteresse?

Muita gente repete as frases “Não se apegue” e “Não crie expectativas”. É fácil dizer isso depois que você se tornou uma pessoa apática e desiludida. Mais do que isso, acredito que estamos nos tornando carentes que fingem frieza como defesa, pois mesmo querendo alguém, temos medo de arriscar.  

No momento em que falamos com alguém que nos interesse, queremos que dê tudo certo; isso já não é criar uma expectativa? E afinal, qual é o problema de se apegar alguém? Apego não é necessariamente carência, e sim uma demonstração de afeto e carinho.

Sinceramente, todxs poderiam viver em paz e harmonia se soubessem exatamente o que querem e soubessem dialogar, deixando claros seus interesses e objetivos, sem pisar na outra pessoa por ter sentimentos ou rejeitá-la por qualquer coisa que você não se identifica. Talvez estejamos perdendo a oportunidade de conhecermos ótimas pessoas porque estamos seguindo cegamente uma lógica doida onde ninguém pode ter sentimentos e deve ser sempre o mais indiferente possível.

Seja carente ou frio, apenas sei que estamos mais infelizes e sozinhxs, repetindo esse jogo desprezível e nos tornando pessoas insensíveis.

Que tal encerrarmos o jogo?