11 de ago. de 2016

Após os aplicativos

Já contei aqui minha experiência com os aplicativos. E, como alguns filmes, tem um "pós-créditos", um extra mesmo após o suposto final da trama.

Hoje, dois anos após ter começado a usá-los, faço uma retrospectiva sobre tudo que me aconteceu: minhas expectativas, meu aprendizado, as pessoas que conheci, o que me ocorreu internamente até o parar de usá-los, e as lições que guardei.

Dois anos é muito tempo. E eu mudei. Muito.

Eu mudei após essa experiência. Não logo após. Mudei após um longo período de conflitos internos, reflexões e pesquisas de relatos sobre as experiências de outras pessoas. Há quem tenha uma historinha de amor para contar ou muitas aventuras sexuais. E há quem não tem nada de bom para contar (meu caso).

Em muitos momentos de baixa-estima e carência a ideia de reinstalar os aplicativos flutuava na minha cabeça. Em duas ocasiões cheguei a pegar o celular e procurá-los, mas sem instalar.

Por que voltar com algo que sei que me fará apenas mal?

Porque ainda lembro do êxtase que era alguém me chamar para conversar. Mesmo que fossem poucos homens que me chamassem, e nenhum deles rendeu um diálogo ou um vínculo, eu amava saber que alguém se interessou por mim, mesmo que por apenas um minuto. Mesmo quando a conversa era superficial. Mesmo que a conversa não passasse do "oi, tudo bem?".

Utilizei os aplicativos na esperança de encontrar nesse imenso mar virtual alguém que enxergasse minhas qualidades e me desse a oportunidade de conhecê-lo para uma relação duradoura. No começo, em minha ingenuidade, pensei que poderia sair casado hahaha. Depois só queria conhecer alguém interessante, diferente.

Como achar isso num lugar onde a grande maioria só procura sexo e nada mais?

E mesmo após tudo que passei, me vinha na cabeça: 
"E se agora melhorou? E se agora há esse alguém por lá? E se agora tudo será diferente? E se agora terei a sorte que uma minoria teve em achar alguém?"
Sinceramente, não estou muito disposto a arriscar...

Também lembro do quanto era horrível ser ignorado. As conversas focadas apenas no aspecto sexual eram cansativas. Ainda sinto aquela amargura de ter achado alguém aparentemente diferente e ele perdia o interesse um dia depois (e eu até hoje fico sem saber o motivo!).

Falo para mim mesmo que aplicativos são para gente safada ou desesperada. Continuo achando que há uma verdade nisso. Digo isso para me sentir melhor comigo mesmo. "Não sou safado e nem desesperado". A autoestima retorna e a carência vai se afastando. 

"Não preciso de aplicativos", falo com toda integridade. Só espero manter esse pensamento mesmo após uma nova crise emocional.