5 de mar. de 2016

As formas do ativismo LGBT

Recentemente uma pessoa questionou sobre minha forma de ativismo. Alegou que "não basta colocar bandeirinha colorida e ficar discutindo em um grupo de Facebook" (como se eu fizesse apenas isso). E falou também que ativista deve ser estudadx no assunto e sair na militância (acredito que ele estava falando de protestos na rua).

Afinal, existe uma fórmula universal de como ser ativista?
Existe somente uma forma de ser ativista?

Primeiramente vamos perguntar: o que é ativismo?
Ativismo é questionar o sistema, enfrentar e desconstruir o preconceito, posicionar-se contra a opressão e quem a pratica, ajudar quem precisa se aceitar, defender uma causa e tentar mudar o mundo ao nosso redor através de vários métodos - manifestações, diálogos, textos didáticos, enfim.

E para fazer tudo isso precisamos apenas participar de protestos nas ruas? Não! O ativismo não é uma estrada única; são várias estradas, que podem se cruzar dependendo de quem as percorre. E todas conduzem para a mesma direção.

Sair na rua em protestos, levantar a bandeira, é ativismo!
Apoiar ou ajudar uma pessoa a aceitar sua sexualidade e/ou identidade de gênero é ativismo!
Desconstruir coleguinhas ou parentes que têm preconceito é ativismo!
Escrever textão pró-LGBT nas redes sociais é ativismo!
Beijar na rua e andar de mãos dadas é ativismo!

E pasmem: esse blog também é ativismo!

Até mesmo as personagens LGBTs mostradas em filmes e séries ou o beijo gay/lésbico na novela estão incluídos. Isso é representatividade, o que também é ativismo!

Claro que cada forma de ativismo tem sua força e alcance. Os protestos sociais são um ícone na militância, sem dúvida. E acredito que a maioria dxs ativistas terá essa experiência, algum dia. Agora, será que todxs podem sair nas ruas? E quem não pode sair por algum motivo (doença, acidente, depressão, família etc)? Como fica?

Discussões em grupos virtuais costumam ser subestimadas por alguns ativistas. E por que deveriam? Apenas por serem nas redes sociais? São as próprias redes sociais que ajudam muita gente por aí, especialmente jovens que ainda estão se descobrindo. E essas mesmas discussões são excelentes para problematizações e desconstruções.

Às vezes a Internet é o único meio de informação de algumas pessoas. O noticiário na TV pode até mostrar os protestos pró-LGBT, mas ele explica detalhadamente as pautas? Não. E nem é feito para isso.

Colocar foto colorida no Facebook pode não ser um ativismo forte, mas já é alguma coisa. Pense numa pessoa ainda no armário, de família muito religiosa, em alguma cidade mais conservadora. Botar foto colorida é um passo tremendo para essa pessoa! Respeitem o tempo de cada um!

Não adianta apenas sair na rua balançando a bandeirinha e gritar aos quatro ventos. Tem que saber o que gritar e saber sobre o que é sua luta e quais são as pautas do movimento. E também tem que se desconstruir! O que mais há atualmente são gays que levantam a bandeira, mas praticam lesbo/bi/transfobia. Incoerente, não?

Outro ponto que já ouvi em conversas é sobre ativistas individuais. Enquanto a maioria se reúne em grupos (coletivos), essas pessoas preferem militar sozinhas a favor da causa (geralmente são ativistas virtuais). Não há nada de errado nisso. Se estiver contribuindo com a causa, ótimo!

Antes de ser ativista, é ideal conhecer a história do movimento LGBT, se informar muito bem e praticar a desconstrução interna. Assim que você inicia a luta por seus direitos e contra o preconceito, você está sendo ativista. Todas as pessoas têm sua forma de ser ativista, dentro de seu tempo e condições. E todas as formas devem ser respeitadas!

Se você não respeita o ativismo de alguém, achando que só o seu é o correto, então não aprendeu nada. Todas as formas de ativismo são válidas!