9 de set. de 2015

Minha primeira balada

Apesar de saber o que havia e acontecia numa balada, não vou mentir dizendo que não fiquei muito animado por estar indo à uma. Desde minha saída de casa até a entrada, fiquei num estado de êxtase que tentei esconder (ou minimizar) ao máximo.

Encontrei um amigo antes de me encontrar com o pessoal (um amigo aniversariante e a turma dele - seis meninos e duas meninas). Achei hilário o quanto esse mundo noturno é pequeno. Até lembro de algumas pessoas da balada na volta para casa!

Pegamos o metrô, caminhamos, e chegamos ao local. Peguei a fila e entrei. Era aniversário de um amigo, e a última coisa que quis era incomodar. Prometi a mim mesmo que tentaria ficar grudado nele o menor tempo possível. Meu medo dessa novidade era enorme. Não consegui ficar sozinho nem por um segundo.

O interior era basicamente calor, música altíssima que te faz vibrar internamente, luzes coloridas piscantes, raios de luz em movimentos aleatórios (alguns às vezes me cegavam), e... pessoas. Inicialmente a pista não estava tão lotada, mas a aglomeração se fazia presente.

Havia muita gente bonita. E também gente esquisita. A festa estava dividida em dois locais. Aquele em que me encontrava tinha no total quatro andares (três e um subsolo). Em pouco tempo o lugar ficou mais cheio. Meu amigo deu-me dicas pertinentes sobre como paquerar. Ah, e descobri que aquele lugar tinha pessoas "seletivas"; elas não ficam com quem dá em cima de muita gente. Não vi sentido naquilo, mas desde quando o ser humano faz sentido? Subi para o último andar.

Nesse andar de cima, onde havia uma tenda de temaki e uma mocinha cantando, um cara me olhou. Fiquei muito tímido, admito. Ele desceu minutos depois, mas segundo minha amiga ele continuou me olhando. Achei ele bonito, e parecia simpático. Ele retornou um tempo depois e sentou-se ao meu lado no sofá preto em que me encontrava. Óbvio que ele tentaria alguma investida, mas então outro cara surgiu do nada e pulou no colo dele. As meninas que estavam comigo chamaram aquilo de "furar olho". Não conhecia essa expressão.

Essa situação me deixou um pouco mal, admito. Um dos amigos do meu amigo me apresentou para esse cara. Infelizmente, ele estava acompanhado do cara que pulou nele, e eu nem quis insistir. Para que insistir? Embora eu não tivesse a intenção de pegar alguém (se bem que uma parte minha queria permitir isso), aquilo me deixou triste. E minha tristeza permaneceu pelo resto da madrugada.

Talvez tenha sido melhor assim... não tenho esperança de encontrar um grande amor num lugar como uma balada. Se eu tivesse ficado com o cara, do jeito que sou, era bem capaz de eu me apaixonar. A tristeza que viria depois da decepção seria pior do que essa.

Tive conversas legais com minha turma, e gostei da companhia. Tentei tirar algum proveito daquele ambiente tão incompatível comigo. Fiquei a fim de alguns caras, mas não tive coragem de me aproximar deles. Eu queria, mas faltou ousadia, faltou eu me permitir.

As meninas ficaram entediadas, e convencemos o resto da turma a irmos para o outro local da festa. Pegamos um ônibus que eu apelidei na minha cabeça de "ônibus-balada". O interior era uma réplica da pista, só que menor. Banquei o velho chato e fiquei sentado o percurso todo.

No outro local, na fila do banheiro, fui assediado por um idiota que me perguntou três vezes se aquela era a fila do banheiro. Ainda bem que dois amigos do meu amigo aniversariante me salvaram.

Um amigo do meu amigo chegou em mim num momento e disse "não acredito que você vai passar a noite sem beijar alguém". Pois é, eu acredito. E era exatamente o que eu esperava, mesmo com um lado meu explodindo de vontade de me libertar de minhas restrições autoimpostas. Minha tristeza piorou, e tive crise depressiva. Não consegui melhorar meu humor depois disso. Claro que não destratei ninguém, mas fiquei mais isolado e calado.

Voltamos para o primeiro local. Pegamos nossas coisas e fomos embora. Tirei foto com o pessoal no vagão do metrô em pleno movimento. Foi engraçado. Tive que me despedir rápido, pois fui o primeiro a descer. Fiquei tão aliviado de estar indo para casa. Já fazia duas horas em que eu contava o tempo que faltava para aquilo tudo acabar.

O que vi e ouvi na balada, como já dito anteriormente, era tudo que eu aguardava. Nada além ou aquém de minhas expectativas. Eu gostaria muito de entender essas pessoas que vão em baladas frequentemente. Esse mundo não é mesmo para mim...

Sinceramente não me surpreenderia que mais ninguém me convidasse para esses passeios. Ninguém gosta de gente parada e mal-humorada, sei disso. E ficou claro para mim  que sou incompatível com as pessoas atuais, essas que amam e sabem aproveitar esse mundo noturno. Talvez seja meu momento. Ou talvez simplesmente não nasci para coexistir nesse tipo de mundo.