17 de jun. de 2015

Pensamento do dia

O armário é um lugar escuro e empoeirado. 
Quando guardamos coisas, estamos apenas guardando. 
Quando nos guardamos, estamos nos escondendo.

Por que pessoas se escondem? Principalmente por medo.

Medo do que?

Rejeição, reprovação, escândalo, raiva, fofoca, todo tipo de violência verbal. Há quem diga que tudo que é apenas verbal não é preconceito. (ex: tem gente que pensa que homofobia é só quando um gay é fisicamente agredido)

Ah sim, medo também de ser agredido, de apanhar, de sofrer humilhação, bullying.

Talvez o maior medo de todos seja o medo da morte. Diariamente pessoas diferentes da maioria da população são mortas apenas por serem o que são.

Com quem as pessoas diferentes podem contar? Família; talvez a primeira que pensem. Amigxs, colegas, gente de confiança.

Uma das piores decepções da vida é uma pessoa que te inspira confiança simplesmente quebrá-la com um gesto ou uma frase infeliz. Sabe aquele parente que você sempre admirou, mas na mesa do almoço de domingo fez uma piada ou um comentário muito preconceituoso?

E o bullying que rola na escola? Ensino fundamental e ensino médio podem ser um inferno também... Os meninos zoam, as meninas fofocam, todo mundo querendo saber se aquele garoto mais recluso e calado gosta de homem, ou se aquela menina mais rebelde que usa boné gosta de mulher. Besteira, tudo besteira! Contudo, quem está na escola reflete apenas o preconceito de casa.

Para quem é imune ao preconceito diário, piadas são inofensivas, comentários recheados de intolerância são apenas opinião, e as zoeiras e fofocas da escola são culpa da pessoa. Sempre assim.

E tudo isso colabora para a permanência da pessoa no armário.

Um lugar escuro e sufocante, onde ela tem medo de falar, de se expressar, onde ela permanece até empoeirar. É uma morte lenta, uma morte emocional.

A pessoa do armário pode ainda tomar rumos na vida, como viver uma mentira. Ou, um belo dia, ela pode sair de uma vez do armário.

A saída é libertadora. Mas é triste quando feita sem companhia, sem apoio.

Ainda recentemente uma pessoa da minha casa perguntou se eu era gay. Eu não quis responder, afinal minha vida pessoal não é da conta dela. E ela me vem com a seguinte pérola: eu pergunto se você é gay da mesma forma que eu perguntaria se você é ladrão, puta. A pessoa linda e maravilhosa colocou homossexuais no mesmo nível que ladrão e puta...

Cuidado com o que diz para as pessoas que conhece. Você nunca sabe quando uma frase ou uma atitude pode ofender.

E você? Já refletiu sobre o que você faz e fala?

Você está ajudando alguém a sair do armário? Ou continuar nele?