23 de fev. de 2019

Uma crítica e minha resposta

Ontem decidi pesquisar a palavra exorsexismo na busca do Facebook pra ver o que eu encontrava. Como esperado, achei quase só postagens minhas. Até que achei uma postagem peculiar citando essa e outras palavras usadas aqui.

A postagem era uma crítica a "um fulano" que usa esses termos (heterossexismo, cissexismo, monossexismo, exorsexismo, amatonormatividade, exclusionistas, falses aliades), que se diz militante com orgulho e que chama todo mundo que não entende esses contextos de burro.

Eu não tive dúvida alguma que essa pessoa estava falando de mim. Apesar da chacota e da distorção, sou a única pessoa que bate com essa descrição.

Minha reação? A princípio, achei uma postagem cômica por ser uma indireta que eu não esperava e que talvez jamais chegasse a mim. Depois eu reli, pois ainda considerei que no meio daquilo tudo houvesse um pingo de razão. Continuei achando uma postagem tosca e desnecessária. E vou explicar.

Primeiro de tudo, gostaria muito que esse indivíduo apontasse onde chamo as pessoas de burras só por "não entenderem os contextos" dos quais falo aqui. Um dos meus objetivos aqui é justamente trazer informação. Com certeza sou ignorante pra muita coisa. Isso não é defeito. Isso não é uma sina.

Segundo, o problema são as palavras e a neolinguagem? A pessoa chamou tudo isso de "necessidade de se destacar e modificar um nicho próprio". Quando você usa terminologias diferentes e vai além do básico ou comum, algum destaque você terá. Nicho próprio? Qual, exatamente? Falo de vários segmentos da comunidade e de vários assuntos pertinentes a muita gente, não apenas meus próprios grupos. E mesmo que fosse isso, se fosse essa proposta daqui, estaria tudo certo.

Só pra constar, heterossexismo e cissexismo não são palavras desconhecidas. O resto, bom, eu até entendo. Só que se incomodar com termos que falam de opressões ainda muito pouco discutidas é bem tosco e mostra descaso. E que conveniente vindo de alguém que nem sofre essas opressões, né?

Esse blogue é meu espaço. Tenho direito de escrever e me comunicar como quero. Uso palavras acadêmicas? Uso. Agora fico jogando elas aos quatro ventos em toda discussão com qualquer pessoa? Hm, não. Aliás, minha conduta no blogue não reflete minha conduta em outros espaços virtuais e nem pessoalmente.

Não acho viável eu ficar falando o significado desses termos sempre que eu for usar. Quem vem aqui do nada pode até se perder com essas palavras. Só que à direita existem links com glossários onde a pessoa pode encontrar essas palavras. No final dos artigos tem tags que podem levar a pessoa a outras páginas com explicações. Aqui não tem palavra nova e jogada sem contexto. Quem tem interesse pode pesquisar por aqui ou mesmo jogar no Google.

E mesmo que a pessoa nem pesquise, meus textos ainda podem ser compreendidos sem as pessoas precisarem aprender certinho todos os termos. Até porque aqui desenvolvo os assuntos que quero falar. Não preciso falar exorsexismo o tempo inteiro; basta eu relatar ações que envolvem essa opressão. E se a pessoa entender isso, é o que mais importa.

Não vou deixar de usar esses termos, os quais já estão explicados e que são importantes de serem falados, só porque uma galerinha incomodada com termos novos não quer. Assim como homofobia, transfobia etc já foram palavras desconhecidas, essas ainda são. E como elas serão conhecidas se eu não falar?

Por fim... revolucionar com panelinhas? Que panelinha é essa que eu tenho? Só se for a panelinha das pessoas que vão além de LGBT e estão preocupadas com inclusão, recorte, interseccionalidade e temas que o "Movimento LGBT" ignora. Se isso te incomoda, na boa, você é o real problema aqui.

Não é possível criar um espaço pra literalmente todo mundo. Se meu conteúdo não te contempla e nem te acrescenta, tudo bem. Muita coisa também não me contempla e não acrescenta. Agora críticas toscas como essas não serão consideradas.

Ainda me pergunto se a pessoa é crítica assim com outros espaços ou outras pessoas desse ativismo perfeito o qual ela deve fazer parte.